domingo, 29 de dezembro de 2013

55% dos professores dão aula sem ter formação na disciplina


Pouco mais da metade (55%) dos professores do ensino médio da rede pública do país não tem formação específica na área em que atua. Em números absolutos, o percentual equivale a quase 280 mil docentes do país.

Em física, a proporção de especialistas na matéria cai a 17,7%; em química, a 33,3%.

Na rede particular, a situação é só um pouco melhor: do total de professores, 47% não possuem a formação ideal.

O levantamento, inédito, foi tabulado pelo Inep (instituto de pesquisas do Ministério da Educação), a pedido da Folha. A base é o Censo Escolar de 2012 (o mais recente).

Os últimos dados oficiais divulgados sobre deficit de professores no país referiam-se a uma estimativa da Capes (outro órgão da pasta), com informações de 2005, que englobavam também os anos finais do fundamental.

Considerando as redes públicas e privadas juntas, hoje 53,5% dos docentes do ensino médio não têm a formação ideal. Naquele ano, eram 51% (fundamental e médio).

A Bahia é o Estado que possui menor proporção de professores com a formação ideal (8,5%) no sistema público.

FORA DA LEI

Na outra ponta da lista está o Distrito Federal (71%). São Paulo possui 57% -o Estado afirma que, se o professor não tem a formação específica na matéria, ao menos tem diploma em área correlata (por exemplo, docente de matemática para física).

“Não existe uma oferta de profissional no ritmo que [a rede] precisa”, reconhece o secretário de educação básica do Ministério da Educação, Romeu Caputo. Ele ressalta, porém, que parte do deficit é proveniente de matérias recentemente incorporadas ao currículo, como sociologia e filosofia.

Para Ana Lúcia Marques, diretora da escola Setor Leste, de Brasília, licenciatura faz diferença no ensino.

A escola, referência de ensino público na capital, diz ter todo corpo docente com formação específica. “Uma pessoa que faz engenharia [e dá aula de física] pode ter o domínio do conteúdo, mas não aprendeu o manejo da classe, que também é extremamente necessário”, disse a diretora.

Para o professor de física no Distrito Federal Paulo Sérgio Alves, 54, a especialização não é um fator determinante, mas é importante.

“Na área de física, a maioria dos professores é de matemática porque sabe resolver, mas falta definição do conceito, falta habilidade para passar de onde vem aquilo.”

Na tentativa de reverter o quadro, o Ministério da Educação lançou o pacto nacional para o fortalecimento do ensino médio. A medida prevê a realização, a partir do próximo ano, do curso de formação continuada para docentes da rede pública. Serão 90 horas de capacitação, com bolsa mensal de R$ 200.

O curso do ministério terá o objetivo não apenas de atualizar o conhecimento dos professores na área de atuação como desenvolver atividades para aproximá-lo dos alunos em sala de aula, afirma o secretário da área.

Folha de São Paulo


Entidades reclamam pressa na aprovação do PNE e criticam texto aprovado no Senado


O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo Senado Federal, foi criticado por entidades da área de educação, que tentarão retomar na Câmara dos Deputados o texto aprovado anteriormente pela Casa. Entre as críticas estão a redução do orçamento da educação pública, a imposição de metas de alfabetização, que pode prejudicar a aprendizagem, e a falta de exigência de clareza na colaboração da União, estados e municípios no financiamento para a educação. Eles reclamam ainda agilidade na tramitação.

“Esse PNE, do jeito que está, vai ter mais chance de ser cumprido porque é ruim. Não adianta fazer um PNE café com leite. Só vai expandir matrícula e não dar padrão de qualidade”, alertou o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direitos à Educação, Daniel Cara. A Campanha é uma rede composta por mais de 200 organizações em todo o Brasil.

O PNE estabelece metas para serem cumpridas em dez anos, entre elas a erradicação do analfabetismo, o oferecimento de educação em tempo integral e o aumento das vagas no ensino técnico e na educação superior. O PNE também estabele que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) seja investido no setor.

O projeto tramita há três anos no Congresso Nacional. Já foi aprovado pela Câmara e, em dezembro, pelo Senado. Como teve modificações, terá que voltar à Câmara dos Deputados. No Senado venceu a versão governista, que, pela análise da Campanha, reduz as responsabilidades da União pela expansão de matrículas e qualidade da educação.

Daniel Cara, que tratou do assunto com alguns líderes partidários na Câmara dos Deputados, disse que a tendência é que seja retomado o texto aprovado pela Casa. Mesmo assim, como a maioria dos deputados é governista, ele não está otimista. (2) “Acho que temos 15% de chance de ter um PNE pra valer”.

No texto atual, o investimento público deve ir para a educação e não para a educação pública, como estava no texto aprovado na Câmara. O argumento do governo é que o dinheiro possa beneficiar programas como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), voltado para matrículas em instituições particulares. Com isso, no entanto, reduz-se o investimento em educação pública, argumentam as entidades contrárias ao texto aprovado no Senado.

Também foram excluídos do texto, as duas novas fontes de financiamento aprovadas pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado: 50% do bônus de assinatura dos contratos de partilha de produção de petróleo e gás e pelo menos 25% dos recursos das compensações financeiras da União, estados, Distrito Federal e municípios, para exploração mineral e de recursos hídricos usados para geração de energia elétrica.

O texto que foi aprovado no Senado também abandonou as metas, aprovadas na Comissão de Educação, de que 40% das vagas nas instituições públicas de ensino superior e 50% das vagas no ensino profissionalizante fossem para alunos de escolas públicas. Estabelece ainda que a partir do sexto ano da entrada em vigor do PNE a alfabetização comece aos 7 anos, reduzindo-se essa idade para os 6 anos a partir do décimo ano de vigência do plano.

“Há o risco de reduzir o parâmetro de qualidade, considerar qualquer tipo de leitura como plenamente alfabetizado”, disse a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz. Ela ressalta que uma má alfabetização em português e matemática tem impacto futuro. “[O PNE] tem várias questões de retrocesso. Todo ano temos resultado ruim em matemática, nas avaliações nacionais e internacionais. O ensino médio está estagnado há dez anos”, disse.

Priscila acrescenta que “o ano termina muito ruim. O Senado deu uma demonstração de fraqueza, mostrando que a educação não é prioridade para o país”.

A presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, ressaltou a demora na tramitação e a urgência na aprovação. “O PNE tem que ser votado assim que o Congresso voltar à atividade”. Ela lembrou que de 17 a 21 de fevereiro será realizada a Conferência Nacional de Educação (Conae), que reunirá, em Brasília, o poder público e a sociedade civil, para discutir a implementação do PNE. “Sem o PNE, vamos ter uma conferência sem sentido, vamos apenas protestar contra três anos de não aprovação do plano”.

As metas do PNE*:

1. Educação infantil (expansão da creche e universalização da pré-escola)
2. Ensino fundamental (universalização do acesso e conclusão na idade certa)
3. Ensino médio (universalização do acesso e matrícula na idade certa)
4. Educação especial (universalização do acesso e atendimento educacional especializado para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação)
5. Alfabetização na idade certa (8 anos, 7 anos e, ao final do plano, 6 anos)
6. Educação em tempo integral (50% das escolas e 25% dos alunos da educação básica)
7. Qualidade da educação básica (melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB)
8. Elevação da escolaridade de jovens de 18 a 29 anos e diminuição da desigualdade educacional (rural, Norte/Nordeste, 25% mais pobres)
9. Erradicação do analfabetismo e redução do analfabetismo funcional (50%)
10. Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional (25% das matrículas do ensino fundamental e médio)
11. Educação profissional de nível médio (triplicar matrículas e assegurar 50% de vagas gratuitas)
12. Educação superior (expansão do acesso, especialmente população 18-24 anos)
13. Qualidade da educação superior e titulação do corpo docente (75% mestres e doutores, sendo 35% doutores)
14. Expansão da pós-graduação (60 mil mestres e 25 mil doutores por ano)
15. Formação de profissionais da educação (inicial e continuada)
16. Formação de professores da educação básica (formação continuada e pós graduação)
17. Valorização dos profissionais do magistério público (remuneração equiparada a demais profissionais)
18. Carreira dos profissionais da educação básica e superior (planos e piso salarial)
19. Gestão democrática do ensino público (básico e superior)
20. Investimento público em educação (10% do PIB)
21. Estimular Produção Científica (4 doutores por cada mil habitantes)

*Fonte: Agência Senado

sábado, 28 de dezembro de 2013

Uso de telhado verde pode reduzir impactos de ilhas de calor


O uso do telhado verde pode ser um instrumento importante para reduzir os impactos de ilhas das calor formadas  especialmente em grandes centros urbanos, indica estudo da Universidade de São Paulo (USP). Ao comparar dois prédios da capital paulista, um com área verde e outro com laje de concreto, o geógrafo Humberto Catuzzo verificou que a temperatura no topo do edifício com jardim ficou até 5,3 graus Celsius (°C) mais baixa. Também houve ganho de 15,7% em relação à umidade relativa do ar.

“Se imaginarmos que está fazendo 25°C no prédio com telhado verde e, no de concreto, 30°C, isso faz uma grande diferença dentro daquele microclima”, disse o pesquisador e autor da tese de doutorado com esse tema. Catuzzo destacou que não é possível definir  exatamente o impacto que a iniciativa teria, se fosse expandida, mas observou que as diferenças de temperatura e umidade constatadas na experiência foram muito significativas. “Poderia melhorar a questão climática ou ambiental daquela região central”, ressaltou.

Os edifícios analisados foram o Conde Matarazzo, sede da prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, e o Mercantil/Finasa, na Rua Líbero Badaró, cuja laje é de concreto. Os dois prédios, localizados na margem direita do Vale do Anhangabaú, foram escolhidos por estarem sujeitos a condições atmosféricas e de insolação semelhantes. No topo dos edifícios foram instalados sensores a 1,5 metro do chão (padrão internacional), que, durante um ano e 11 dias, mediram a temperatura e a umidade relativa do ar na área dos dois telhados.

De acordo com Catuzzo, a ilha de calor existente no centro de São Paulo eleva em até 10°C a temperatura na região durante o verão. “O concreto, o pavimento, a grande circulação de veículos fazem com que essa área tenha um aquecimento maior em relação a outras”, disse. O uso de telhados ecológicos solucionaria também o problema da falta de espaços no centro que pudessem abrigar áreas verdes.

No estudo, Catuzzo comparou os dados do prédio da prefeitura com as informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Nesse caso, o telhado verde, mesmo estando em área central, apresentou menor aquecimento e maior umidade relativa do ar. A variação mais significativa foi 3,2°C mais frio e 21,7% mais úmido.

Segundo o pesquisador, essas áreas absorvem cerca de 30% da luz irradiada pelo sol. “Parte [da energia] é retida pelas plantas, até pela questão da fotossíntese, e uma menor quantidade de calor é emitida de novo para a atmosfera”, disse Catuzzo à Agência Brasil. Sem a vegetação, o concreto recebe a energia solar, fica aquecido e emite novamente calor, ou seja, está aquecendo ainda mais.

Além do ganho em termos climáticos, o telhado verde pode contribuir para a redução do uso de energia. “Aumenta-se o conforto térmico no interior dos edifícios e, consequentemente, reduz-se o uso do ar-condicionado”, exemplificou Catuzzo. Também melhora o escoamento pluvial, que é fundamental especialmente para uma cidade que sofre com enchentes. “A água da chuva escoa mais lentamente para as galerias.”

Para o geógrafo, a expansão do uso desse tipo de telhado pode ajudar na formação de corredores ecológicos nas grandes cidades, interligando várias coberturas às áreas preservadas, como praças e parques. “No 14° andar de um prédio, existe vida. São pássaros, como sabiás e bem-te-vis. Há todo um ecossistema, mesmo que reduzido, funcionando perfeitamente. Ver a cidade mais verde significaria ganho de qualidade ambiental para a comunidade como um todo.”

A instalação de um telhado verde, no entanto, não pode ser feita sem cálculos para verificação de qual o modelo mais adequado de acordo com as condições estruturais do prédio. “O da prefeitura, por exemplo, é um telhado verde intensivo, que tem um peso maior, com árvores de porte médio a alto”, explicou Catuzzo. Existem outros tipos de cobertura vegetal, como a extensiva, com o uso de grama; e a semi-intensiva, com plantas de porte arbustivo, além da grama.

Agência Brasil

Especialistas estudam como tratar água contaminada em Fukushima


Um grupo de especialistas convocado pelo Ministério da Indústria do Japão começou a analisar como tratar adequadamente a água radioativa que se acumula na usina nuclear de Fukushima, informou nesta quinta-feira o canal 'NHK'.

O painel se centrará principalmente em analisar os desafios que implica administrar milhares de toneladas de líquido contaminado com trítio, o único isótopo radioativo que até agora não está sendo eliminado durante o tratamento da água.

Para limpar a água que se usa como refrigerador dos reatores, que se contamina ao entrar em contato com os núcleos parcialmente fundidos, a operadora da central emprega um mecanismo chamado Sistema Avançado de Processamento de Líquidos (ALPS), desenvolvido pela Toshiba.

O ALPS pode retirar 62 tipos de materiais radioativos, com exceção do trítio.

O grupo analisará o risco que representa armazenar água contaminada com este material e também o que implicaria despejá-la de maneira controlada ao mar, uma opção contemplada pela autoridade reguladora japonesa e pela própria Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Também estudará as dificuldades técnicas do desenvolvimento de tecnologias que permitam desprezar o trítio.

O painel, composto por nove especialistas em materiais radioativos, espera determinar quais são as opções mais viáveis em um relatório que espera ter compilado para o final de março.

Nas instalações na cidade de Fukushima existem mil tanques que armazenam água, alguns dos quais sofreram vazamentos graves, como o que aconteceu no ano passado, quando vazaram 300 toneladas de líquido muito radioativo, parte do qual foi parar no mar.

O governo estima que o volume de água contaminada armazenada em depósitos alcançará no futuro as 800 mil toneladas.

Controlar os vazamentos nessas cisternas e também do líquido contaminado que se acumula nos porões dos reatores representa o principal desafio para os 3.500 técnicos que trabalham na usina.

As emissões poluentes da central, afetada pelo terremoto e tsunami que devastou o nordeste do Japão em 11 de março de 2011, mantêm evacuadas mais de 52 mil pessoas que viviam perto da usina e afetaram gravemente a agricultura, a pecuária e a pesca local.

Agência EFE

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Grande reservatório de água é descoberto sob o gelo da Groenlândia


Um grande reservatório de água, equivalente em área ao território da Irlanda, foi descoberto debaixo da cobertura de gelo da Groenlândia e pode fornecer respostas para um dos grandes enigmas das mudanças climáticas.

Em 2011, cientistas americanos cruzaram a cobertura de gelo do sul da Groenlândia em uma expedição para coletar testemunhos de gelo, uma referência da queda anual de neve.

Eles ficaram assombrados ao perfurar uma camada de neve comprimida denominada "firn" e, ao invés de uma esponja congelada a 10 metros de profundidade, como era esperado, eles encontraram água líquida e grânulos de gelo.

Os cientistas, então, fizeram outra perfuração a alguns quilômetros dali e obtiveram o mesmo resultado ao atingir a camada de neve "firn" a 25 metros.

Em busca de uma resposta para esta água misteriosa, um avião da Nasa equipado com um radar de mapeamento de terreno foi levado para sobrevoar a região, assim como um radar de penetração no solo, puxado por um snowmobile (trenó motorizado).

O radar retornou reflexos brilhantes, indicando a presença de um grande reservatório de água sob o gelo.
Estendendo-se para o flanco sul da Groenlândia, a água escondida cobre uma área de 70 mil quilômetros quadrados. É encontrada em profundidades sob o gelo que variam de 5 a 50 metros.

A maior raspadinha do mundo?

Segundo artigo publicado no domingo na revista "Nature Geoscience", acredita-se que o reservatório contenha neve derretida no verão anterior.

Ele funciona de forma similar a um aquífero subterrâneo, que é uma rocha esponjosa que armazena água em seus espaços.

Neste caso, os espaços de ar na neve "firn" são ocupados por água, resultando em algo similar ao gelo batido de uma sobremesa popular conhecida como raspadinha.

"O fato surpreendente é que o suco nesta neve nunca se congela, mesmo no escuro inverno da Groenlândia", afirmou Rick Forster, professor de geografia da Universidade de Utah, que chefiou a missão.

"Grandes quantidades de neve caem na superfície posterior no verão e rapidamente isolam a água das temperaturas do ar abaixo do congelamento da parte superior, permitindo à água perdurar por todo o ano", continuou.

Mudanças climáticas

O reservatório secreto parece existir por algum tempo e não foi provocado pelo aquecimento global, acreditam os cientistas.

Mas eles acrescentaram que poderia ajudar a compreender o destino da cobertura de gelo, uma questão chave da ciência climática.

Uma poderosa placa de gelo com espessura de cerca de 1.500 metros, a Groenlândia sofre um degelo sem precedentes, à medida que o aquecimento global se acelera.

Em 2012, a cobertura de gelo perdeu um recorde de 150 quilômetros cúbicos em volume, transformando esta no maior contribuinte único para a elevação do nível do mar no mundo, afirmou Forster.

Se a cobertura de gelo derreter totalmente, poderia fazer o nível do mar subir cerca de 7 metros. Este é um cenário catastrófico que a maioria dos cientistas descarta, mas, mesmo a perda de uma grande parte, ainda inundaria cidades costeiras vulneráveis.

A descoberta do reservatório subglacial que dura todo o ano põe por terra todas as simulações de computador que tentaram estimar este movimento hídrico.

As simulações costumam ter água chegando aos rios, lagos e corpos hídricos subglaciais que eventualmente chegam para o mar ou correm para a cobertura de gelo através de fendas e acabam congelando.

O próximo passo é determinar se o reservatório ajuda ou retarda a sobrevida da cobertura de gelo da Groenlândia.

"Ele pode conservar o fluxo de água de degelo e, assim, ajudaria a reduzir os efeitos das mudanças climáticas", disse Forster.

"Mas também pode ter o efeito contrário, fornecendo lubrificação para as geleiras em movimento e exacerbando a velocidade do gelo e a quebra (do iceberg), aumentando a massa de degelo para o oceano em todo o mundo", concluiu.

G1 Natureza

Lei proíbe uso de aparelhos sonoros em ônibus sem fones de ouvido


O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), sancionou uma lei que proíbe o uso de aparelhos sonoros em veículos de transporte coletivo, como ônibus e micro-ônibus, sem fones de ouvido.  O objetivo da lei, publicada nesta terça-feira (24) no Diário Oficial da cidade, é “preservação do conforto acústico dos usuários e combate à poluição sonora”.

Em caso do uso irregular dos aparelhos, inclusive do telefone celular se utilizado para ouvir música, serão adotadas as seguintes medidas: o passageiro será convidado a desligar o aparelho; em caso de recusa, ele será convidado a se retirar do veículo; se houver nova desobediência, será solicitada a intervenção policial.

Os veículos terão placas afixadas com o conteúdo da lei, que deve ser regulamentada em até 90 dias. O projeto de lei é da vereadora Sandra Tadeu (Democratas) e foi aprovado na Câmara.

Globo

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Após trégua, volta a chover no Espírito Santo; afetados chegam a 46 mil


Depois de uma trégua, voltou a chover durante a tarde desta segunda-feira (23) no Espírito Santo, tanto na região metropolitana de Vitória como no nordeste e sul do Estado, o que pode dificultar os trabalhos de resgate e auxílio às pessoas afetadas. Até o momento, foram registradas seis mortes. 

Segundo a Defesa Civil, já supera 46 mil o número de pessoas que tiveram de deixar suas casas. Destas, 4.669 estão desabrigadas e foram para abrigos municipais –as demais procuraram abrigo em casas de parentes ou amigos. 

Devido às fortes chuvas que atingem o Estado nos últimos dias, o governador Renato Casagrande (PSB) decretou situação de emergência no último sábado. 

A presidente Dilma Rousseff deverá ir ao Espírito Santo nesta terça-feira (24) para um sobrevoo por áreas mais atingidas pelas enchentes. A visita foi confirmada pela Presidência da República. Dilma também deve participar de uma reunião com o governador. 



Neste domingo, o Espírito Santo recebeu homens da Força Nacional de Segurança para ajudar no resgate das vítimas. Uma cidade, Santa Maria de Jetibá, chegou a ficar isolada, com estradas bloqueadas. Também há bairros rurais sem acesso em alguns municípios. 

Ao menos 47 dos 78 municípíos capixabas contabilizam prejuízos com os temporais. 

Além de apoio da Força Nacional, o Espírito Santo também deve receber cerca de duas toneladas de medicamentos e outros materiais enviados pelo Ministério da Saúde. Cada kit é composto por 48 itens, entre remédios e insumos, e é capaz de uma demanda de atendimento de 1.500 pessoas por mês cada. 

Folha de São Paulo

Uso das reservas extrativistas divide opiniões de acrianos


Vinte e cinco anos depois do assassinato de Chico Mendes, as reservas extrativistas idealizadas por ele são um diferencial de áreas preservadas em meio a desmatamentos e longos pastos para a criação de gado. O modo de vida nesses locais não mudou muito: a simplicidade é a característica mais marcante.

Inspiradas no modelo das terras indígenas, que pertencem a União, as reservas extrativistas têm o objetivo de manter a floresta em pé extraindo dela produtos que possam ser comercializados, como o látex da seringueira, a castanha, o óleo de copaíba, o coco do babaçu e o açaí.

Chico Mendes não chegou a ver o sonho realizado, pois a primeira reserva só foi criada oficialmente em 1990. Com quase 1 milhão de hectares, a Reserva Chico Mendes, em Xapuri, foi a primeira das 12 existentes no Acre.

Nela, todos os dias, no início da manhã, Raimundo Mendes Barros, conhecido como Raimundão e primo de Chico Mendes, percorre as três estradas que possui no Seringal Floresta. Ele risca as 150 seringueiras e deixa os potes colher o leite. No fim da tarde, depois de cuidar da roça e dos animais, volta para recolher o látex.

Raimundão chega a tirar 10 quilos do produto por dia, que vende a quase R$ 8 para uma cooperativa. O destino do látex é a fábrica de preservativos Natex, instalada em Xapuri, que absorve praticamente toda a produção dos seringueiros. Além do látex, tem a castanha. “A castanha começa um preço e aí, na medida em que vão aparecendo outros mercados, vão colocando mais R$ 0,50, R$ 1 e ela vai subindo. Temos a expectativa que ela vá chegar a R$ 25, R$ 30 [a lata com 10 quilos]."

Em palestra no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), em maio de 1988, Chico Mendes explicou como seria o funcionamento das reservas. “Não queremos transformar a Amazônia em um santuário. O que não queremos é a Amazônia devastada”, defendeu na época. Chico Mendes tinha a convicção de que as reservas extrativistas tornariam a região economicamente viável.

“Temos certeza de que, com as reservas extrativistas, a Amazônia, no prazo de dez anos, se transformará em uma das regiões economicamente viáveis tanto para o Brasil como para o mundo porque nós temos muitas riquezas ali escondidas que até hoje não foram comercializadas”, disse aos estudantes da USP. 

Mais de duas décadas após sua morte, as certezas de Chico Mendes dividem opiniões no Acre. A prática do manejo florestal, com a retirada seletiva de árvores adultas, e o modelo adotado pelos sucessivos governos acrianos para explorar a produção extrativista são criticados pelo historiador e professor da Universidade Federal do Acre Gerson Albuquerque. Filho de seringueiros, ele acredita que o legado de Chico Mendes está sendo distorcido.

“A questão não é econômica. A viabilidade é cultural. Eles [os extrativistas] provaram várias vezes que dentro da floresta produzem viabilidade cultural, quer o mercado aceite ou recuse. Agora, a reserva extrativista provou, mais de uma vez, que é viável, desde que o estado não interfira, desde que o estado vá lá dizer o que pode ou não fazer”, ressaltou Gerson Albuquerque.

Ele acrescentou que o governo tente impor aos extrativistas o que deve e o que não deve ser cultivado. “Que o estado não vá lá dizer que se não produzirem a pimenta longa não terá recurso no banco. Se não produzirem pupunha não terão recursos. Se não retirarem a madeira não terão recursos. Quando o estado faz isso, os obriga a fazer concessões e aí buscar viabilidade econômica”, disse.

Já o secretário de Meio Ambiente do Acre, Edgar de Deus, defende o modelo e lembra que o mercado impõe regras e organização na oferta dos produtos, inclusive os retirados da floresta. Segundo ele, apesar do crescimento do rebanho bovino e do manejo florestal, o estado tem reduzido os índices de desmatamento.

“Lógico que quando a gente vai pensar em um processo de desenvolvimento lá para um reserva extrativista [é necessário considerar] que estamos em um mundo capitalista e não socialista, temos regras de mercado e temos que trabalhar nessa perspectiva. Tirar esse povo da miséria secular que ele vem vivendo”, frisou o secretário.

Edgar de Deus ponderou que o modo de vida dos extrativistas é respeitado quando o governo do Acre abre possibilidades de uso de recursos para a produção. “Mas temos que ter uma perspectiva de mercado. Quando se extrai a castanha, se extrai a borracha, produz uma camisinha, você está visualizando uma perspectiva de mercado sem, no entanto, perder o elo principal que é o [o aspecto] cultural dessas populações”, argumentou.

Agência Brasil


Dívida Pública Federal bate recorde e chega a R$ 2,069 trilhões em novembro


Influenciada pelo elevado volume de emissão de títulos públicos prefixados e pelo baixo vencimento de papéis, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu em novembro e continuou acima da barreira de R$ 2 trilhões. De acordo com dados divulgados há pouco pela Secretaria do Tesouro Nacional, a DPF fechou o mês passado em R$ 2,069 trilhões, com alta de R$ 46,9 bilhões (2,32%) em relação ao estoque registrado em outubro e no maior nível da história.

A dívida pública mobiliária – em títulos públicos – interna subiu 1,99%, passando de R$ 1,933 trilhão em outubro para R$ 1,972 trilhão em novembro. Isso ocorreu porque, no mês passado, o Tesouro emitiu R$ 22,7 bilhões em títulos a mais do que resgatou. Além disso, reconheceu R$ 17,9 bilhões em juros. O reconhecimento ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores é incorporada gradualmente ao valor devido.

Outro fator que reforçou a alta da Dívida Pública Federal foi a dívida pública externa, que subiu 9,41%, de R$ 88,85 bilhões em outubro para R$ 97,22 bilhões em novembro. O principal fator para essa variação foi a alta de 5,55% do dólar no mês passado.

Esse foi o segundo mês consecutivo em que a DPF ultrapassou o nível de R$ 2 trilhões. Em dezembro do ano passado, o estoque havia ficado acima desse valor, mas caiu nos meses seguintes e oscilou em torno de R$ 1,9 trilhão durante boa parte do ano. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), divulgado em março, a tendência é que o estoque da Dívida Pública Federal encerre o ano entre R$ 2,1 trilhões e R$ 2,24 trilhões.



As emissões de títulos públicos para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e para a Caixa Econômica Federal foram o principal fator para a alta da DPF no acumulado do ano, representando impacto de R$ 31,4 bilhões no endividamento do governo. Os papéis reforçam o capital das instituições financeiras e permitem que os bancos emprestem mais.

Desde julho, o Tesouro também passou a emitir títulos públicos para financiar o desconto médio de 20% nas tarifas de energia, em emissões que somaram R$ 2,35 bilhões até agora. O dinheiro vai para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que compensa as concessionárias do setor elétrico. No mês passado, no entanto, não ocorreram emissões diretas para bancos oficiais nem para a CDE.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Agência Brasil

Gestantes devem ficar atentas ao consumo excessivo de iodo


Um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o consumo excessivo de iodo durante a gravidez e lactação pode tornar os filhos mais propensos a sofrer de hipotireoidismo quando adultos. O estudo foi feito com ratas e faz parte do projeto de pós-doutorado de Caroline Serrano do Nascimento. O iodo é um nutriente essencial para o ser humano, usado na síntese dos hormônios da tireoide T3 e T4, necessários para regular o metabolismo e auxiliar no funcionamento correto de todos os órgãos.

De acordo com Caroline, a deficiência de iodo pode causar um aumento da glândula tireoide e durante a gestação danos cerebrais em crianças, porque os hormônios dessa glândula também são alguns dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema nervoso central. “Mas ao mesmo tempo, o consumo maior do que a dose diária recomendada (150 microgramas) pode prejudicar o ser humano, por isso a dose de iodo no sal passou para 20 a 60 miligramas por quilo no Brasil. Esse é o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para populações que consomem até dez gramas de sal por dia”.

Caroline explicou que a pesquisa avalia os ratos filhos de mães que passaram pela superdosagem de iodo, na vida adulta para ver se houve algum tipo de alteração. “Uma série de genes tiroidianos relacionados com a síntese de hormônios da tireoide estão diminuídos nesses animais. Isso quer dizer que a prole pode estar mais exposta a desenvolver o hipotireoidismo quando a mãe ingere excesso de iodo [durante a gestação]”.

Ela disse também que no primeiro trimestre da gestação, o feto é totalmente dependente dos hormônios tireoidianos produzidos pela mãe e qualquer alteração na síntese hormonal nessa fase pode causar consequências graves para o desenvolvimento fetal. Após o segundo trimestre, o bebê já tem sua própria tireoide desenvolvida, mas ainda depende do aporte de iodo da mãe, que é feito pela placenta.


Para fazer o estudo a pesquisadora ofereceu água com uma dose de iodo cinco vezes maior que a recomendada para as ratas desde o início da gestação até o fim da lactação, o que seria o equivalente a ingerir o iodo contido em 12 gramas de sal. Outro grupo ingeriu a quantidade considerada ideal. “Após o desmame, aos 21 dias de idade, as proles dos dois grupos passaram a receber ração e água com quantidades ideais de iodo. Aos 90 dias de idade, constatamos que os filhotes das ratas submetidas à sobrecarga do mineral haviam desenvolvido hipotireoidismo, enquanto os do grupo controle estavam com a tireoide saudável”.

O próximo passo, segundo a pesquisadora, é descobrir em que momento da gestação ou da lactação esse excesso de iodo é mais prejudicial. Caroline ressaltou que mesmo conhecendo os efeitos nocivos do excesso de iodo não é possível eliminá-lo do sal e sim investir em políticas públicas para reduzir o consumo do sal pela população, evitando não só os riscos de doenças na tireoide como de doenças cardiovasculares.

Agência Brasil

domingo, 22 de dezembro de 2013

Perfuração indiscriminada ameaça aquíferos do Recife de salinização e contaminação


Os aquíferos do Recife (PE) correm risco de salinização e contaminação em razão da perfuração indiscriminada de poços tubulares privados na capital pernambucana nos últimos anos.

O alerta foi feito pelo professor Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (Cepas), durante a 1ª Reunião de Avaliação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), realizada nos dias 28 e 29 de novembro em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.

“Houve um aumento impressionante de poços tubulares no Recife para uso privado, com 100 a 200 metros de profundidade, que passaram a ser utilizados como fonte suplementar de abastecimento de água na cidade, principalmente pelas classes mais abastadas”, disse Hirata à Agência FAPESP.

“Devido a uma série de fatores, as águas desses poços e do aquífero têm ficado salinizadas”, afirmou o pesquisador, que coordena um Projeto Temático, financiado pela FAPESP, com o objetivo de avaliar a degradação das águas subterrâneas em Recife no contexto das mudanças climáticas globais.

O estudo é realizado no âmbito de um acordo mantido pela FAPESP com a Fundação de Amparo à Pesquisa de Pernambuco (Facepe) e a Agence Nationale de la Recherche (ANR), da França, e reúne, do lado de São Paulo, pesquisadores do IGc, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com Hirata, uma das constatações feitas durante a realização do projeto, iniciado no fim de 2011, é que tem ocorrido mudanças no padrão de consumo e de interação dos moradores do Recife com a água nas últimas décadas.

A exemplo de outras capitais nordestinas, a cidade registra, desde o início da década de 1970, crescimento populacional e, consequentemente, aumento da demanda por água potável.

Segundo Hirata, o abastecimento público dos 3,7 milhões de habitantes da cidade é realizado pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e baseado em fontes superficiais de água – como a de reservatórios –, que abrange a região metropolitana de Recife.

Uma pequena região na área norte da cidade e próxima a Olinda é abastecida por meio de águas subterrâneas, provenientes do aquífero Beberibe.

Em razão de secas severas, como a ocorrida entre 1998 e 1999, e de frequentes racionamentos de água, Recife aumentou o uso do já bastante explorado aquífero por meio da perfuração de poços privados, localizados, principalmente, na região central da cidade e em Boa Viagem, contou o pesquisador.

“Existem, aproximadamente, 13 mil poços privados em Recife; é a cidade brasileira com o maior número de captações de águas subterrâneas”, destacou Hirata. “A maior parte deles é ilegal, com existência desconhecida pelos órgãos administradores. Isso dificulta o planejamento, pelo Estado, de um programa de gestão dos recursos hídricos. Ao mesmo tempo, essa estrutura desconhecida garante a segurança hídrica da cidade, porque esse abastecimento complementar de água é fundamental em períodos de estiagem.”

Salinização dos aquíferos

Um dos principais problemas dos poços privados é que muitos se tornam salinizados e são perdidos e abandonados. Uma das prováveis causas da salinização é a intrusão de águas salinas do mar induzida pelo bombeamento desordenado.

O bombeamento dos poços faz com que as águas salgadas de canais e estuários, além de paleomangues (sedimentos que tiveram contato com águas salgadas, quando o nível do mar era mais alto), penetrem no aquífero, provocando sua salinização, explicou Hirata.

“Parte do aquífero de Boa Viagem, que é mais raso e de menor espessura, tem vários poços salinizados e abandonados”, disse.

“Uma vez salinizados os poços e o aquífero há pouco o que fazer. As tecnologias de dessalinização são limitadas e os sistemas de tratamento individual de água salgada de poços são muito caros”, ressaltou o professor do IGc-USP.

A pesquisa verificou que os proprietários abandonam os poços ou os aprofundam, até atingir os aquíferos Cabo e Beberibe – mais profundos que o de Boa Viagem –, quando constatam que suas águas ficaram salinizadas.

Além do aumento dos custos na extração de águas, os poços abandonados também têm sido responsáveis por conectar as porções mais rasas e salinizadas dos aquíferos com aquelas mais profundas e ainda preservadas, ressaltou o pesquisador.

Uma descoberta que surpreendeu os pesquisadores foi o resultado das medições da temperatura de recarga (temperatura inicial) desses aquíferos profundos – o Cabo e o Beberibe –, feitas por meio de medições de concentrações de gases nobres nas águas subterrâneas. Os resultados indicaram que essas águas são muito velhas.

A temperatura das águas de recarga dos aquíferos do Cabo e de Beberibe, por exemplo, era de 15 ºC, que coincide com o último período glacial da Terra e leva a crer que os aquíferos foram recarregados há 10 mil anos, estimou Hirata.

“Ninguém imaginava que essas águas, localizadas a menos de cem metros da superfície, fossem paleoáguas, ou seja, águas muito antigas”, disse.

Dependência comum

De acordo com o professor do IGc-USP, o problema da dependência de águas subterrâneas para garantir a segurança hídrica da população de Recife também é comum a outras capitais nordestinas, como Natal (RN) e Fortaleza (CE), e às metrópoles brasileiras, como Brasília (DF) e São Paulo, entre muitas outras cidades do país.

O caso mais crítico, segundo Hirata, é o de Natal, cujo sistema de abastecimento público é baseado em águas subterrâneas, mas com poços distribuídos na malha urbana da cidade.

Como a maior parte da malha urbana da capital do Rio Grande do Norte não conta com rede de esgoto, as águas dos aquíferos e dos poços de abastecimento público encontram-se contaminados por nitrato e, por isso, são impróprias para uso.

Segundo Hirata, na tentativa de solucionar esse problema, tem-se misturado água superficial – sem nitrato – à água dos poços para atender às necessidades da população. Em razão da falta de água superficial na capital potiguar, a quantidade de mistura é insuficiente para baixar os níveis de nitrato da água dos poços.

“A cidade de Natal está recebendo água contaminada hoje porque não consegue dispor de água limpa. Ela representa o extremo do problema da falta de água que aflige o Nordeste”, avaliou.

Já cidades do Sudeste como São Paulo dependem menos das águas subterrâneas, uma vez que a região metropolitana da cidade é abastecida por grandes sistemas de águas superficiais, como os de Cantareira, Cotia, Alto Tietê e Guarapiranga.

Estima-se, no entanto, que existam 12 mil poços privados em São Paulo, dos quais, a exemplo dos do Recife, metade é ilegal e que, juntos, retiram 10 metros cúbicos de água subterrânea por segundo, representando a quarta fonte mais importante de abastecimento da cidade, entre os oito sistemas hoje em operação.

Se por um problema de contaminação ou aumento do custo de extração essa fonte de abastecimento de água fosse perdida, a população ligada a essa rede fecharia seus poços e, imediatamente, migraria para a água da rede pública.

Essa migração de fonte de água poderia fazer com que o sistema de abastecimento da cidade, que atende hoje a população com 65 metros cúbicos de água superficial por segundo, entrasse em colapso, estimou Hirata.

“A segurança hídrica da cidade de São Paulo é frágil. É claro que a possibilidade de perder todos esses poços em um período curto de tempo, como o de um ano, é quase impossível. Mas existe uma fragilidade no sistema, porque não há políticas eficientes para águas subterrâneas na cidade, uma vez que elas não são vistas como uma fonte de abastecimento importante”, ressaltou Hirata.

Nesse sentido, a segurança hídrica da capital paulista e de outras cidades brasileiras, como Recife, está nas mãos de diversos usuários privados – os proprietários dos poços –, que, mesmo sendo ilegais, têm uma função importante porque diminuem a pressão por água do sistema de abastecimento principal, avaliou o pesquisador.

O papel desses atores no sistema de abastecimento de água das cidades brasileiras, no entanto, não está sendo avaliado corretamente, apontou. “A solução para o abastecimento de cidades como Recife e São Paulo não é esquecer a água subterrânea, mas somá-la às águas superficiais, porque são recursos muito complementares”, afirmou.

“Esse sistema integrado é uma das melhores estratégias que a própria natureza está dando para superarmos os problemas advindos das mudanças climáticas globais”, avaliou.

De acordo com o pesquisador, as águas subterrâneas representam o grande reservatório de água da Terra, sendo responsáveis por 95% da água doce e líquida do planeta, e são usadas por 2 a 3 bilhões de pessoas no mundo.

No Brasil, segundo ele, entre 35% e 45% da população utiliza água subterrânea e 75% dos municípios do Estado de São Paulo são abastecidos total ou parcialmente por essa fonte de água. “Apesar da importância desse recurso, ele não costuma frequentar, infelizmente, a agenda política dos órgãos decisores de gestão de recursos hídricos”, disse Hirata.

 Agência FAPESP

Catástrofes naturais e humanas custarão US$ 130 bilhões em 2013


O custo econômico das catástrofes naturais e de origem humana em 2013 alcançará US$ 130 bilhões de dólares, segundo uma estimativa da resseguradora Swiss Re.

O valor é inferior ao de 2012, que foi de US$ 196 bilhões, em especial pela passagem do furacão Sandy e a seca nos Estados Unidos.

No total, 25 mil pessoas morreram no mundo em 2013 em consequência das catástrofes, incluindo o devastador tufão Haiyan nas Filipinas, que matou pelo menos 7 mil pessoas e foi o acontecimento mais grave do ano.

O ano de 2013 também foi marcado por inundações na Europa central e do leste em junho, assim como na província canadense de Alberta, no mesmo mês.

As seguradoras cobrirão danos de US$ 44 bilhões, em sua maior parte relacionados com as inundações, um valor bastante inferior ao de 2012, quando pagaram US$ 81 bilhões.

A Swiss Re publica tradicionalmente em dezembro uma estimativa do custo econômico das catástrofes do ano. A estimativa é seguida em março pela divulgação dos números definitivos.

G1 Natureza

Cerca de 70% de novas doenças que infectam seres humanos têm origem animal


Cerca de 70% das novas doenças que infectaram os seres humanos nas últimas décadas têm origem animal,afirmou na segunda-feira (16) a agência alimentar das Nações Unidas, alertando que está se tornando mais comum que doenças mudem de espécies e se espalhem na população, em meio ao crescimento das cadeias de agricultura e de abastecimento alimentar.

A expansão contínua das terras agrícolas em áreas selvagens, juntamente com um ‘boom’ mundial da produção animal, significa que “o gado e os animais selvagens estão mais em contato uns com os outros, e nós mesmos estamos mais em contato com os animais do que nunca”, disse Ren Wang, diretor-geral assistente da área de agricultura e defesa do consumidor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

“Não podemos lidar com a saúde humana, a saúde animal e a saúde do ecossistema de forma isolada, temos de olhar para eles juntos, e abordar os condutores de surgimento de doenças, persistência e propagação, ao invés de simplesmente correr atrás das doenças depois que elas emergem”, acrescentou.
De acordo com o relatório ‘Pecuária Global 2013: Mudando as Paisagens das Doenças’, é necessária uma nova abordagem – mais holística – para a gestão de ameaças de doenças.

O relatório busca entender como as mudanças na forma como os humanos criam e comercializam animais têm afetado o modo como as doenças surgem e se espalham.

A globalização e as mudanças climáticas estão redistribuindo patógenos, vetores e hospedeiros, e os riscos de pandemia para os seres humanos causada por patógenos de origem animal são uma grande preocupação. Ao mesmo tempo, os riscos de segurança alimentar e resistência aos antibióticos estão aumentando em todo o mundo, diz a agência da ONU.

FAO

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Morte de Chico Mendes abre caminho para a questão ambiental no país


A luta pela preservação da Amazônia, em especial pela manutenção das atividades extrativistas, sofria um duro golpe há 25 anos. Em 22 de dezembro de 1988 foi assassinado, no interior do Acre, Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes. A morte do líder sindicalista repercutiu mundialmente e provocou mudanças na forma como o Brasil passou a lidar com as questões relacionadas ao meio ambiente.

De vida simples, Chico Mendes era enfático na defesa dos seus princípios. Ele conquistou o apoio dos companheiros seringueiros, de políticos, de artistas e de ativistas das causas ambientais em todo o mundo. “O Chico era uma pessoa que sabia respeitar todo mundo, sabia se relacionar com todo mundo e sabia construir a amizade e a confiança das pessoas”, descreveu à Agência Brasil Raimundo Mendes Barros, primo de Chico.

“Ele era uma pessoa simples, sem ambição, e que tinha como único objetivo defender os interesses daqueles menos favorecidos tanto em termos de informação como em termos econômicos”, acrescentou a vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Dercy Teles. Primeira mulher a presidir uma entidade sindical trabalhista no Brasil, Dercy esteve ao lado de Chico Mendes na criação da entidade em Xapuri.

Atraídos pelo ouro branco, milhares de nordestinos começaram a migrar para a Floresta Amazônica no final do século 19. Em meio a mais de 5 milhões de metros quadrados de floresta, começava uma história de disputas econômicas, conflitos por terra e luta pela preservação da selva. Foi nesse cenário que Chico Mendes se tornou símbolo da luta pela manutenção da floresta e da cultura do seu povo.

Com o fim do apogeu da borracha, depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945, de explorados pelos donos das terras, os seringueiros passaram a ter que lutar pela permanência na floresta. Com o início da queda no preço da borracha, os fazendeiros passaram a vender as propriedades.

Na década de 1970, os governos militares iniciam a política de ocupação da Amazônia. Com isso, passam a estimular produtores rurais do Sul do país a ocupar  os estados do Norte, inclusive o Acre. O resultado foi um novo ciclo de derrubada das matas para a exploração de madeira, plantio de soja e criação extensiva de gado, com estímulos financeiros do governo brasileiro e de bancos internacionais de fomento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Eles [os proprietários de terra] venderam os seringais [depois da queda do preço da borracha] mas não disseram para os fazendeiros do Sul que tinha gente no seringal. Venderam como se não morasse ninguém, mas em cada seringal daqueles tinha 100 pessoas, 50 famílias. Esse pessoal ia para onde? Eram casados, tinham filhos. Os fazendeiros quando compraram não queriam ninguém, eles queriam despejar todo mundo e daí que foi criado o sindicato e o movimento para empatar  e eles não tirarem o pessoal”, lembrou o ex-seringueiro Luiz Targino, companheiro de Chico Mendes na exploração do látex.

Os empates, idealizados pelo seringueiro Wilson Pinheiro, que presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia, consistiam em os trabalhadores rurais bloquearem a derrubada da mata se colocando a frente dos peões contratados pelos fazendeiros. Algumas vezes, para sensibilizar os peões com suas motosserras, mulheres e crianças eram colocadas na linha de frente. Com o assassinato de Wilson Pinheiro, em julho de 1980, a estratégia ganha ainda mais força com Chico Mendes. “Os empates foram fruto da sabedoria do Chico e desse espírito de não querer o confronto, de não querer o derramamento de sangue”.

Antropóloga e amiga do líder extrativista, Marly Alegretti recorda os conflitos da época. “Fiquei muito impressionada com a movimentação que estava acontecendo naquela ocasião. Havia muitos desmatamentos e os seringueiros estavam se organizando. Ninguém sabia, naquele momento, que lá no Acre, em Xapuri, que os seringueiros, que eram pessoas muito pobres e muito isoladas, praticamente sem poder nenhum, sem visibilidade, estavam fazendo uma defesa da floresta. E aquilo me impressionou bastante”, disse.

A postura dos seringueiros, no entanto, contrariava os interesses de grandes fazendeiros e as ameaças e os assassinatos de líderes sindicalistas começam a se tornar frequentes. Depois da morte de Wilson Pinheiro, outras lideranças também foram assassinadas, como Ivair Higino, dirigente sindical em Xapuri, morto em 1988.


Em 1975, Chico Mendes assume a secretaria-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia. No ano seguinte, intensifica os empates. De volta a Xapuri, ajuda a fundar, em 1977, o sindicato dos trabalhadores rurais da cidade onde foi eleito vereador. Na época, começa a receber ameaça de morte, assim como outros sindicalistas.

As lutas do seringueiro ultrapassam as fronteiras do Brasil. Ele é reconhecido como uma liderança mundial da luta pelas causas ambientalistas e recebe vários prêmios internacionais. Com a cabeça a prêmio, em 1988, Chico Mendes pede proteção policial e passa a ser escoltado por soldados da Polícia Militar. Contudo, sete dias após completar 44 anos, é assassinado na própria casa, com o tiro de espingarda no peito, em casa. Os policiais que faziam a segurança dele fugiram.

Chico, que casou duas vezes, deixou três filhos: Ângela (do primeiro casamento), Sandino e Elenira. Dois anos depois do crime, os fazendeiros Darly e Darci Alves foram condenados a 19 anos de prisão como mandante e executor do assassinato.

Principal testemunha do caso, o menino Genésio Ferreira da Silva, então com 13 anos, disse que ouviu pai e filho planejando o crime. Para tentar inocentar o pai, Darci confessou o crime. Os dois, que chegaram a fugir da cadeia e depois foram recapturados, cumpriram pena e estão em liberdade. Darly continua morando em Xapuri.

Agência Brasil




quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Agência europeia considera dois inseticidas neurotóxicos a humanos


A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) considerou nesta terça-feira (17) que dois inseticidas neonicotinoides - a acetamiprida e a imidacloprida - podem ser neurotóxicos para os humanos e pediu uma redução do limite atual de exposição recomendado.

De acordo com a agência de notícias France Presse, é a primeira vez que a EFSA estabelece uma relação entre a família dos neonicotinoides - dos quais três foram proibidos na UE devido aos riscos para as abelhas - e um risco ao "desenvolvimento do sistema nervoso humano", disse o departamento de imprensa da EFSA.

Estes inseticidas "podem afetar desfavoravelmente o desenvolvimento dos neurônios e das estruturas cerebrais associadas a funções como aprendizagem e memória", explicou a autoridade em um comunicado. A EFSA propôs que "alguns níveis recomendados de exposição aceitável sejam rebaixados" à espera de estudos complementares.

Investigações científicas publicados em periódicos como a “Nature” sugerem que os defensivos neonicotinoides provocam uma intoxicação nas abelhas, um fenômeno chamado de “distúrbio do colapso das colônias”, quando os insetos não retornam às colmeias e morrem fora dela, após o corpo sofrer um "curto-circuito" devido à excessiva exposição aos componentes químicos.

No fim de abril, a UE votou por implantar uma moratória de dois anos, valendo a partir de julho, para este grupo químico de inseticidas. A decisão foi tomada mesmo com manifestações contrárias do setor agrícola, que alega não haver dados suficientes sobre o impacto destes produtos nas populações de abelhas.

Já os Estados Unidos, que também analisam o emprego desses compostos, divulgaram no começo de maio que quase um terço das abelhas de colônias morreu no último inverno (2012-2013) e, nos últimos seis anos, as taxas de mortalidade atingiram 30,5%. A exposição a inseticidas é uma das hipóteses avaliadas pelo Departamento de Agricultura do país.

Situação no Brasil

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), apesar de preocupante, a situação do Brasil não é alarmante. Segundo o órgão federal, a possível relação do uso dos neonicotinoides (que tem origem na molécula de nicotina) com as mortes de abelhas começou ser discutida internacionalmente partir de 2008.

Há três anos o instituto investiga o impacto de inseticidas na apicultura nacional. Entre 2010 e 2012, identificou mais de cem casos de mortes em massa de abelhas pelo país e todas elas estariam relacionadas à pulverização de agrotóxicos.

Ainda de acordo com o Ibama, apesar de o Brasil utilizar os mesmos tipos de agrotóxicos empregados na Europa e nos EUA, a decisão de seguir o caminho da União Europeia, vetando de vez os produtos, causaria um impacto muito maior na agricultura brasileira.

Ao G1, Marcio Freitas, coordenador geral de avaliação de substâncias químicas do Ibama, disse que a Europa tem uma quantidade muito menor de insetos e, por isso, a percepção da redução ficou amplificada.

G1 Saúde

Catástrofes naturais e humanas custarão US$ 130 bilhões em 2013


O custo econômico das catástrofes naturais e de origem humana em 2013 alcançará US$ 130 bilhões de dólares, segundo uma estimativa da resseguradora Swiss Re.

O valor é inferior ao de 2012, que foi de US$ 196 bilhões, em especial pela passagem do furacão Sandy e a seca nos Estados Unidos.

No total, 25 mil pessoas morreram no mundo em 2013 em consequência das catástrofes, incluindo o devastador tufão Haiyan nas Filipinas, que matou pelo menos 7 mil pessoas e foi o acontecimento mais grave do ano.

O ano de 2013 também foi marcado por inundações na Europa central e do leste em junho, assim como na província canadense de Alberta, no mesmo mês.

As seguradoras cobrirão danos de US$ 44 bilhões, em sua maior parte relacionados com as inundações, um valor bastante inferior ao de 2012, quando pagaram US$ 81 bilhões.

A Swiss Re publica tradicionalmente em dezembro uma estimativa do custo econômico das catástrofes do ano. A estimativa é seguida em março pela divulgação dos números definitivos.

G1

2013 teve o mês de novembro mais quente desde 1880, diz agência


O mês de novembro foi o mais quente desde que os registros começaram a ser feitos em 1880, informou nesta terça-feira (17) a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

A descoberta se baseou em temperaturas terrestres e superficiais calculadas proporcionalmente em todo o mundo no mês passado, anunciou a NOAA em um comunicado.

"A temperatura média combinada nas superfícies da terra e do mar para novembro de 2013 foi a mais alta já registrada em um período de 134 anos", destacou a NOAA.

A temperatura média foi 0,78º C acima da média de 12,9º C do século 20, acrescentou a organização. O mês passado também foi o 37º mês de novembro seguido com temperaturas médias acima da média do século XX.

De fato, os últimos 28 anos foram mais quentes do que o normal, continuou a NOAA. "O último mês de novembro com temperatura global abaixo da média foi o de 1976 e a última temperatura global abaixo da média para qualquer mês ocorreu em fevereiro de 1985", informou a agência.

Muitas partes do mundo tiveram temperaturas mais quentes do que a média no mês passado, enquanto um recorde de calor foi detectado em regiões de Rússia, Índia e Oceano Pacífico.

Não houve partes do mundo com recordes de temperaturas baixas no mês passado, mas temperaturas mais frias do que a média foram registradas em regiões da Austrália e da América do Norte.
  
G1 Natureza

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Chuva deixou cerca de 3 mil desalojados e 200 desabrigados na Baixada Fluminense


A forte chuva que atingiu a região metropolitana do Rio deixou cerca de 3 mil desalojados e 200 desabrigados na Baixada Fluminense. O número foi divulgado pelo secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, que participou de reunião com o governador Sérgio Cabral e dez prefeitos da região, no quartel do Corpo de Bombeiros de Nova Iguaçu.

“Os municípios mais atingidos foram Nova Iguaçu e Queimados, mas Japeri, São João [de Meriti], Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita e Nilópolis também foram afetados”, disse Simões.

O governador ouviu o relato dos prefeitos e disse que os trabalhos serão intensificados com a dragagem e a retirada de moradores de margens de rios. Segundo ele, 15 mil famílias já foram retiradas de áreas de risco e recebem aluguel social, em todo o estado, em decorrência de várias enchentes ocorridas no passado.

“Com as famílias que estão em área de risco, vamos avançar para o [programa] Minha Casa, Minha Vida ou para a compra assistida, que é um método que já usamos na serra e na Baixada [Fluminense], em que se faz a compra de imóveis para essas famílias onde não há condições de se construir [por meio do] Minha Casa, Minha Vida”, explicou Cabral.

Enquanto conversava com os jornalistas, o governador recebeu uma ligação da presidenta Dilma Rousseff, anunciando que o ministro da Integração Nacional, Francisco José Teixeira, estará no estado amanhã (13), para uma reunião no Centro Integrado de Comando e Controle, na região central da capital.

“A conversa com a presidenta foi muito produtiva, confirmando a presença amanhã do ministro da Integração. A presidenta está querendo saber detalhes e vamos apresentar nossas demandas. Do ponto de vista das obras estruturantes, que já fizemos com o governo federal, a ministra [da Casa Civil] Gleisi [Hoffmann] vai ligar para o vice-governador [Luiz Fernando] Pezão, a fim de que ele apresente as necessidades das obras”, disse Cabral.

O governador anunciou também a criação de um gabinete de crise, envolvendo todos os prefeitos da Baixada Fluminense, com objetivo de enfrentar as enchentes e as fortes chuvas que normalmente atingem o estado no verão. Ele comentou ainda a situação na Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio a São Paulo e ontem ficou interrompida pela água por várias horas, deixando os motoristas ilhados e a mercê de assaltantes. Cabral disse que vai levar a situação da rodovia à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), com objetivo de se encontrar uma solução.

O vice-governador detalhou os trabalhos que vêm sendo feitos nos municípios da região serrana, atingidos pela pior tragédia natural do país, em 2011, quando quase mil pessoas morreram. “Nós estamos hoje com mais de 4,5 mil aluguéis sociais na serra, estamos com 1.250 pessoas indenizadas e pagas", disse Luiz Fernando Pezão. "Vamos entregar até o final deste ano um total de mil moradias”, acrescentou.

Agência Brasil

Estudo sugere que oceanos da Terra vão evaporar por fluxo solar maior


Um fenômeno muito lento, o aumento da luminosidade do Sol, provocará a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da água na Terra em um bilhão de anos, aproximadamente, prevê um estudo publicado nesta quarta-feira (11) na revista científica "Nature".

Este modelo, concebido por uma equipe francesa do Laboratório de Meteorologia Dinâmica, reavalia estimativas anteriores que situavam essa transformação na escala "de centenas de milhões de anos", destacou o Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

A evolução prevista do clima terrestre na escala de tempo geológica (da ordem de uma centena de milhões de anos) não tem vínculos com o aquecimento global provocado pelo homem.

Neste caso, o responsável é o aumento da radiação solar. As temperaturas terrestres também deverão aumentar nas próximas centenas de milhões de anos, provocando uma intensificação do aquecimento global. Os oceanos começariam a ferver e o efeito estufa seria agravado.

Segundo estimativas dos cientistas, a oscilação deve ocorrer logo que o fluxo solar médio alcançar, em média, 375W/m² contra os 341 W/m² atuais, dentro de um bilhão de anos, aproximadamente. Alguns modelos anteriores tinham previsto que a Terra se tornaria um novo Vênus daqui a apenas 150 milhões de anos.

Estes novos resultados permitem, além disso, indicar o valor da zona 'habitável' em torno do Sol, segundo o CNRS. Eles indicam que um planeta pode se aproximar a menos de 0,95 unidade astronômica de uma estrela equivalente ao Sol atualmente antes de perder toda a sua água, sendo uma unidade astronômica a distância média entre a Terra e o Sol.

Nature - G1

Câncer matou 8,2 milhões de pessoas em 2012, diz OMS


O número global de mortes por câncer subiu para 8,2 milhões em 2012, refletindo principalmente a expansão da doença nos países em desenvolvimento. Os casos de câncer de mama foram os que mais cresceram. Os dados são da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A mortalidade por câncer subiu 8% em relação aos 7,6 milhões da pesquisa anterior, realizada em 2008. O câncer de mama matou 522 mil mulheres no ano passado, alta de 14% no mesmo período.

"O câncer de mama também é uma importante causa de morte nos países menos desenvolvidos do mundo", disse David Forman, diretor do Departamento de Informação sobre o Câncer da Iarc.

Segundo ele, tal expansão "se deve em parte a uma mudança no estilo de vida e em parte porque os avanços clínicos para o combate à doença não estão chegando às mulheres que vivem nessas regiões".

Estima-se que 14,1 milhões de pessoas tenham desenvolvido câncer em 2012, o que é cerca de 1,4 milhão a mais do que em 2008.

Houve 1,7 milhão de diagnósticos de câncer de mama no ano passado, ou 20% a mais do que em 2008.

O relatório da Iarc, chamado Globocan 2012, oferece a mais atualizada estimativa a respeito de 28 tipos de câncer em 184 países. No conjunto da população, os cânceres mais comuns são os de pulmão, mama e colorretal. Os mais letais são os de pulmão, fígado e estômago.

Avanço da doença

A Iarc ainda prevê um "aumento substancial" nos casos mundiais de câncer, podem chegar a 19,3 milhões em 2025, acompanhando a expansão e envelhecimento da população.

Outro fator importante para o avanço da doença é a difusão de estilos de vida antes restritos a países industrializados, o que provoca um aumento nos casos de câncer relacionados à reprodução, dieta e hormônios.

O relatório diz que a incidência do câncer aumenta na maioria das regiões do mundo, mas que há "enormes desigualdades" entre nações ricas e pobres.

Embora o câncer ainda seja mais prevalente nas regiões mais desenvolvidas, a mortalidade é relativamente muito maior nos países menos desenvolvidos, por causa da dificuldade de diagnóstico precoce.

"Uma necessidade urgente para o controle do câncer hoje é desenvolver abordagens eficazes e acessíveis para a detecção precoce, diagnóstico e tratamento do câncer de mama entre mulheres que vivem em países menos desenvolvidos", disse Christopher Wild, diretor do Iarc.

G1 Saúde

Supervulcão de Yellowstone é 2,5 vezes maior que se pensava, diz estudo


Um "supervulcão" que está abaixo do solo no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, é muito maior do que se pensava inicialmente, segundo um estudo.

A pesquisa mostra que a câmera de magma é 2,5 vezes maior do que o apontado por um levantamento anterior. A caverna teria 90 quilômetros de largura e algo entre 2 e 15 quilômetros de altura, com 200 a 600 quilômetros cúbicos de rocha fundida.

Os dados foram apresentados durante um encontro da Sociedade Americana de Geofísica, de São Francisco.

"Nós estamos trabalhando lá há muito tempo, e sempre pensamos que ele poderia ser maior. Mas esta descoberta é estarrecedora", diz Bob Smith, pesquisador da Universidade de Utah.

Caso o supervulcão de Yellowstone entrasse em erupção, as consequências poderiam ser catastróficas. Na última vez que isso aconteceu - há 640 mil anos -, ele espalhou cinzas por todo o continente da América do Norte, afetando o clima do planeta.

Próxima erupção

Os cientistas acreditam que, com o novo estudo, passam a ter informações mais precisas sobre o supervulcão.

Eles usaram uma rede de sismógrafos espalhados pelo Parque Nacional para tentar mapear o conteúdo da câmera de magma.

"Nós registramos terremotos no Yellowstone e arredores e medimos as ondas sísmicas na medida em que passam pelo solo. As ondas viajam mais lentamente por material quente e fundido. Assim conseguimos medir o que está abaixo do solo", diz o pesquisador Jamie Farrell, também da Universidade de Utah.

Smith explica que apesar de o tamanho ser muito maior do que o medido em outros estudos, isso não aumenta os riscos para a fauna no Parque Nacional.

Ele disse também que não há forma de prever quando o supervulcão voltará a entrar em erupção.

Alguns acreditam que o vulcão deveria entrar em erupção a cada 700 mil anos, mas Smith acredita que é preciso coletar mais dados para sustentar essa teoria. Até agora, os cientistas só têm informações sobre três erupções passadas do supervulcão, ocorridas há 2,1 milhões, 1,3 milhão e 640 mil anos.

É apenas com base nestes registros que eles estimam esse intervalo de cerca de 700 mil anos entre erupções.

Globo