O Ministério da Agricultura divulgou, na quarta-feira (30), números
sobre o mercado de orgânicos no País. Em 2014, a agricultura orgânica
movimentou cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é que, em 2016, esse
número alcance R$ 2,5 bilhões, segundo o setor.
Os produtos de orgânicos agregam, em média, 30% a mais no preço
quando comparado aos produtos convencionais, de acordo com analistas do
setor. Segundo Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves, da Coordenação de
Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), a formação de preços depende especialmente do gerenciamento da
unidade de produção, do canal de comercialização e da oferta e demanda
dos produtos.
“Normalmente, os valores dos orgânicos são mais elevados que os dos
produtos convencionais por terem uma menor escala de produção, custos de
conversão para adequação aos regulamentos e processos de reconhecimento
de sua qualidade orgânica”, assinala Jorge Ricardo.
Na sua avaliação, o produtor de orgânicos ainda carece de crédito
diferenciado e de tecnologias e assistência técnica, além de
infraestrutura e logística adequadas às características da produção e do
mercado de orgânicos.
Atualmente, há 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos, gerenciado pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos
estados do Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e
Santa Catarina (999). Veja tabela abaixo.
A área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Nela,
são produzidas hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do
brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios.
O Brasil exporta para mais de 76 países. Os principais produtos exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas.
Normatização
A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a
qualidade dos alimentos: a certificação por auditoria, os sistemas
participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem
certificação.
Os agricultores que buscarem a certificação por auditoria ou
participativa poderão utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é
fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo
Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento
e fiscalização dos produtos.
Os grupos de agricultores familiares que quiserem atuar na venda direta recebem uma declaração de cadastro emitida pelo Mapa.
O governo federal tem estimulado, em parceria com entidades públicas e
privadas, a difusão da agricultura orgânica com cursos de capacitação,
promoção de feiras orgânicas para o escoamento dos produtos e
certificação da produção. A certificação garante a origem e a forma
produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção
está em harmonia com o meio ambiente.
Sistemas
Os produtores de orgânico destacam que a atividade tem impacto
ambiental positivo, como a ampliação dos ecossistemas locais e a redução
do aquecimento global.
A prioridade desse sistema é empregar matéria orgânica e adotar boas
práticas que harmonizem os processos biológicos. Os produtos orgânicos
são provenientes de sistemas baseados em processos naturais.
As técnicas para obter o produto orgânico incluem manejo da matéria
orgânica, uso de adubação verde e biofertilizantes, consórcio e a
rotação de culturas, emprego de sementes crioulas ou de variedades mais
resistentes e adaptadas e utilização de controle fitossanitário
biológico, mecânico ou cultural. Estes fatores garantem a qualidade dos
alimentos orgânicos.
Fonte: Portal Brasil