O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, defende a
punição de candidatos que apresentarem alguma forma de deboche nas
redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na última edição do
Enem, segundo o presidente, foram contabilizadas cerca de 300 redações
que continham algum tipo de inserção indevida. Para o próximo edital do
exame será discutida a possibilidade de zerar essas redações.
"Vou defender junto à comissão técnica [formada por especialistas e
técnicos do Inep] que, em caso de inserções indevidas seja dada a nota
zero", disse o presidente. O próximo edital deve ser lançado em maio
deste ano, até lá a questão será discutida em reuniões semanais. O
presidente diz que mesmo que as redações com inserções indevidas
representem um universo pequeno próximo ao total de 4,1 milhões de
redações corrigidas na última edição do exame, merecem medidas
específicas por representarem um "desrespeito ao candidato sério".
No mês passado, o estudante de Fernando Maioto publicou em sua
página pessoal da rede social Facebook a versão digital da redação que
escreveu no Enem. Ele incluiu, em meio aos argumentos sobre migração, o hino do Palmeiras. Ele recebeu a nota 500, metade da nota máxima. Acima da publicação, debochou: "O melhor do Enem é fazer uma redação com o hino do Palmeiras,
e ainda tirar nota... UFA que eu já passei por essa fase. E desejo toda
a sorte para quem está passando por ela. O Enem só me faz rir..."
O presidente do Inep diz que a comissão técnica discutirá critérios
para discernir inserções inadequadas de divagações devido ao nervosismo
do candidato "sério". Nesses casos, a redação não seria zerada.
Além da punição, as discussões para a elaboração do próximo edital
devem levar em consideração os erros de português. Atualmente, uma
redação nota 1.000, a nota máxima, deve conter "um excelente texto,
mesmo que apresente alguns desvios em cada competência avaliada",
informa em nota o Ministério da Educação (MEC). A tolerância, segundo a
pasta, deve-se a consideração de que o participante é um egresso do
Ensino Médio, "ainda em processo de letramento na transição para o nível
superior".
Luiz Cláudio Costa comenta que, nesta edição "não foram redações
ruins que tiraram uma nota boa, são redações em que o estudante mostra o
domínio da norma culta, faz construções extremamente complexas e comete
um ou dois desvios". Ele diz no entanto, que haverá um debate técnico
se deve ou não haver essa tolerância. "O MEC e o Inep defendem que a
norma culta é a primeira competência exigida do estudante. Mas quando o
estudante mostrou o domínio e teve um erro ele deve receber a nota
máxima ou não? Vamos debater isso também".
Na última edição do Enem, de acordo com o Inep, foram 2.080 redações com a nota máxima.
Agência Brasil
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