A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou nesta
quinta-feira (31) que o governo federal não determinará a prorrogação do
prazo para o início da aplicação da lei que proíbe o uso de lixões no
país. Mais de metade dos municípios do país não tomaram as medidas
necessárias para cumprir a determinação, que é conhecida como Política
Nacional de Resíduos Sólidos. O prazo de adequação é até este sábado
(2).
A lei foi sancionada em 2010 e determina que as prefeituras deveriam
ter concluído, até 2 agosto deste ano, a destinação adequada para o lixo
que não possui qualquer possibilidade de reaproveitamento. Entre as
medidas possíveis estão a construção de aterro sanitário ou a
incineração com baixo impacto ambiental. Sem o cumprimento da lei, os
municípios ficam sujeitos a multas e ações na Justiça por crime
ambiental.
“O governo entende que o assunto é tão importante que não se trata de
prorrogar prazo. A decisão é manter prazo e nos colocarmos à disposição
do Congresso para manter o diálogo”, disse Izabella Teixeira. De acordo
com a ministra, o governo federal irá se reunir, no próximo dia 22, com
autoridades do Ministério Público Federal nos estados para decidir
soluções para o caso de municípios que estão descumprindo a nova norma.
De acordo com Ministério do Meio Ambiente (MMA), somente 2.202
municípios, de um total de 5.570, estabeleceram medidas para garantir a
destinação adequada do lixo que não pode ser reciclado ou usado em
compostagem. Em alguns estados, como Roraima, o Ministério Público tem
questionado as ações que estão sendo pelo governo local para o
cumprimento da lei.
A ministra evitou falar que os municípios que não cumprem a lei estão
em situação irregular. Eles correspondem a cerca de 60% do total do
municípios do país, mas produzem o equivalente a aproximadamente 40% do
volume de lixo, segundo o MMA. “Esses [mais de] 3.000 municípios
estariam, não sei se irregulares. [Estariam] em situação de
questionamento”, disse a ministra.
Recursos disponíveis
O MMA informou que nos últimos quatro anos foram disponibilizados R$ 1,2 bilhão para que estados e municípios realizassem o planejamento das ações e iniciassem medidas para se adequarem à nova legislação de resíduos sólidos. No entanto, segundo Izabella Teixeira, cerca de 50% foi efetivamente aplicado, devido ao que ela chamou de “dificuldades operacionais”.
A ministra explicou que, em alguns casos, municípios deixaram de
acessar os recursos de investimento na aplicação da lei por terem não
terem apresentado um projeto executivo. Em outras ocasiões, a liberação
foi suspensa devido à má aplicação.
“São situações de incapacidade técnica de municípios, incapacidade de
acessar recursos. Há situações, inclusive, que podem ser resolvidas
entendendo melhor a integração dos planos municipais”, declarou
Izabella. “O que temos visto é intenção de construir soluções. Há uma
grande preocupação de prefeitos em resolver isso, porque ninguém quer
ter problema ambiental”, completou.
Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, as autoridades que
desobedecem as determinações previstas na norma ficam submetidas a
punições previstas na lei de crimes ambientais, que inclui multas que
variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões. Atualmente, somente três estados
possuem plano de resíduos sólidos: Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro. O
ministério não divulgou o total de municípios que já têm o plano
definido.
G1 Natureza
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