O Ministério do Meio Ambiente afirmou nesta segunda-feira (23) que o
novo planejamento de recursos hídricos do país, até 2020, levará em
conta os efeitos da mudança climática. Junto com a secretaria que trata
especificamente do assunto, serão definidas diretrizes para a abordagem
do tema das mudanças climáticas nos planos de recursos hídricos. A
resolução, publicada no Diário Oficial, faz parte da segunda revisão do
Plano Nacional de Recursos Hídricos, que foi realizada levando em
consideração uma consulta pública realizada em 2016.
O PNRH foi estabelecido em 1997, com o objetivo de orientar a
implementação da política nacional e do gerenciamento dos recursos
hídricos, em esferas federal e estaduais, e teve seu texto final
aprovado em 2006. A primeira revisão do documento foi realizada em 2011 e
estabeleceu as metas até o meio de 2016, que foram revistas na última
consulta pública.
“Passa a ser uma obrigação que o ministério e governo se organizem
para atuar e tentar cumprir o planejamento de recursos considerando
mudanças climáticas”, explicou o diretor do Departamento de Recursos
Hídricos do Ministério, Sergio Gonçalves.
“Muitas ações cabem aos Estados, nisso temos o papel de orientar e
fomentar o cumprimento das políticas, mas faremos o que couber à União
para avançar nas prioridades destacadas pela sociedade”. O diretor
afirmou que o planejamento hídrico deve ser alinhado a objetivos do país
em acordos internacionais, como o Acordo de Paris.
A revisão do plano vem à tona num momento de crise hídrica no Brasil,
acentuada por mudanças climáticas e problemas de gestão do recurso. O
Nordeste enfrenta sua pior seca em 70 anos, uma estiagem que já dura
seis. O Distrito Federal está racionando água pela primeira vez em seus
56 anos. O desmatamento também contribui com a crise ao afetar áreas de
nascentes em todo o país.
Estudos feitos sob encomenda do próprio governo
indicam que os recursos hídricos serão fortemente impactados no Brasil
já no meio do século devido à mudança do clima. Segundo o projeto Brasil
2040, realizado pela extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, bacias hidrográficas no Norte, Nordeste,
Sudeste e Centro-Oeste terão reduções de vazão (o Sul deve ter mais
chuvas). Isso deve afetar a geração de energia em hidrelétricas nessas
quatro regiões. Belo Monte, por exemplo, teria uma redução de até na
vazão 55%, o que reduziria ainda mais sua energia “firme”, hoje
equivalente a menos da metade da potência instalada.
Envolverde
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