sexta-feira, 4 de julho de 2025

O perigo silencioso das telas: Como o uso excessivo afeta crianças e adolescentes

 


Em um mundo cada vez mais digital, é comum vermos crianças e adolescentes imersos em telas seja no celular, no tablet, no computador ou na TV. Embora a tecnologia traga inúmeros benefícios, o uso excessivo e desregulado desses dispositivos pode representar sérios riscos para o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo dos jovens.

O que dizem os especialistas?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o tempo de tela deve ser rigorosamente controlado: crianças menores de 2 anos não devem ter nenhum contato com telas, enquanto aquelas entre 2 e 5 anos devem ter, no máximo, uma hora por dia  sempre com supervisão e conteúdo educativo. Para crianças entre 6 e 10 anos, o limite sugerido é de até duas horas por dia, com pausas regulares e supervisão.

O problema é que, na prática, os limites muitas vezes são ignorados. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que, durante a pandemia, adolescentes passaram mais de 6 horas por dia em frente a telas fora do horário escolar. Isso se agravou com o ensino remoto, mas continua sendo uma realidade preocupante.

Quais são os riscos do uso excessivo?



1. Problemas no sono: A luz azul emitida por telas interfere na produção de melatonina, o hormônio responsável pelo sono. Isso pode levar à insônia, cansaço diurno e alterações no humor. Um estudo publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine (2020) demonstrou que adolescentes que usam telas antes de dormir têm maior dificuldade para adormecer e menos qualidade de sono.

2. Atrasos no desenvolvimento: Para crianças pequenas, o tempo em frente às telas pode atrasar o desenvolvimento da linguagem, da coordenação motora e da interação social. Segundo a American Academy of Pediatrics (AAP), o uso excessivo de telas pode prejudicar as conexões neuronais fundamentais que ocorrem nos primeiros anos de vida.

3. Impactos na saúde mental: O uso exagerado de redes sociais e jogos eletrônicos está associado ao aumento de casos de ansiedade, depressão e baixa autoestima. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece a dependência de jogos digitais como um transtorno psicológico.

4. Sedentarismo e obesidade: Mais tempo diante das telas significa menos tempo para atividades físicas. Crianças sedentárias têm maior risco de desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

5. Redução do rendimento escolar: O uso não supervisionado de dispositivos pode prejudicar a concentração e a aprendizagem, especialmente quando os jovens trocam momentos de estudo por conteúdos irrelevantes ou dispersivos.

Como equilibrar o uso de telas?

A chave está no uso consciente e equilibrado. Aqui vão algumas dicas práticas para pais e responsáveis:

  • Estabeleça limites de tempo diário para uso de dispositivos.
  • Dê o exemplo: pais que usam menos o celular tendem a ter filhos que também se regulam melhor.
  • Priorize conteúdos educativos e apropriados à idade.
  • Crie momentos de "desconexão", como durante as refeições e antes de dormir.
  • Incentive atividades offline, como leitura, esportes, jogos de tabuleiro e brincadeiras ao ar livre.

Considerações finais

O uso das telas não precisa ser demonizado afinal, a tecnologia é parte do nosso cotidiano e também oferece oportunidades de aprendizado e lazer. No entanto, é fundamental que o tempo e o conteúdo consumido sejam regulados com responsabilidade, principalmente na infância e adolescência, fases cruciais para o desenvolvimento.

O papel da família e da escola é fundamental para orientar e proteger as novas gerações de um uso digital que, quando descontrolado, pode ser mais prejudicial do que imaginamos.


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