A Justiça Federal em Altamira (PA) decidiu acatar denúncia do
Ministério Público Federal (MPF) contra seis pessoas acusadas de
envolvimento com suposto esquema de exploração sexual de mulheres e
adolescentes na região das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Rio Xingu, estado do Pará.
O procedimento para apurar as denúncias decorrentes de duas operações policiais contra a exploração sexual,
deflagradas no dia 13 de fevereiro, foi instaurada na última
sexta-feira (22), a pedido do MPF. A denúncia foi recebida pelo juiz
federal Marcelo Honorato.
Segundo a denúncia do MPF, Claci de Fátima Morais da Silva, Adão
Rodrigues, Solide Fátima Triques, Moacir Chaves, Carlos Fabrício
Pinheiro e Adriano Cansan tinham ligações com a Boate Xingu, que
funcionava próxima a um dos três canteiros de obras da usina. Ainda de
acordo com o MPF, Claci era a dona de uma boate em Santa Catarina onde,
com o apoio de Moacir Chaves, aliciava mulheres com a promessa de que
elas ganhariam até R$ 1 mil por dia trabalhando na barragem.
As vítimas do esquema eram então levadas de van para Altamira, uma
viagem de cerca de 4 mil quilômetros. Ao chegarem na Boate Xingu, eram
recebidas pelo acusado Adão Rodrigues, que é apontado na denúncia como
proprietário do estabelecimento e mentor do grupo criminoso, e pela
mulher dele, Solide Fátima Triques. As jovens eram então acomodadas em
quartos precários, alguns com trancas do lado de fora. Pinheiro, gerente
da boate, e Cansan, que atuava como garçom e segurança, eram os
responsáveis por vigiá-las e impedir que deixassem o local.
Durante as duas operações policiais, 15 mulheres e uma travesti
provenientes de outros estados foram encontradas em condições que
indicavam serem vítimas de exploração sexual. A ação policial teve
início depois que uma menor de idade conseguiu fugir de uma boate da
região e denunciou que vinha sendo mantida em cárcere privado e obrigada
a se prostituir. A garota foi incluída no Programa de Proteção a
Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
“Ela [a menor] relatou que era mantida presa e que veio do Rio Grande
do Sul com a promessa de trabalho bem remunerado. Após chegar à cidade,
foi ameaçada, agredida e obrigada a se prostituir”, informou, na
ocasião, o coordenador da operação, delegado Cristiano Nascimento,
revelando a Agência Brasil que as 12 mulheres libertadas durante a
segunda operação confirmaram ser obrigadas a se prostituir por pessoas
armadas que as vigiavam.
O caso chegou a ser conduzido pela Justiça paraense, mas o juiz
estadual responsável declinou da competência, ou seja, abriu mão de
julgar o assunto já que as acusações envolvem indícios de trabalho
escravo, crime que compete à Justiça federal julgar. O MPF instaurou uma
investigação separada para apurar a denúncia de que a exploração sexual
ocorria dentro da área declarada de utilidade pública pelo governo
federal para a construção da usina hidrelétrica.
Agência Brasil
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