Apesar de pouco povoada, a região do Ártico enfrenta uma
onda de infortúnios induzidos pelos humanos ultimamente. Além de estar
sendo remodelado devido ao aquecimento do planeta, ele agora também está
cheio de lixo plástico.
O lixo plástico é uma ameaça crescente para os oceanos ao
redor do planeta. De acordo com um novo estudo, o Ártico não só
compartilha esse problema global, mas também funciona como um “beco sem
saída” para detritos flutuantes marinhos à deriva pelo Atlântico Norte.
Segundo os autores de um novo estudo publicado pela revista Science Advances,
cerca de 300 bilhões de pedaços de detritos plásticos estão girando em
torno dos oceanos do Oceano Ártico e dos mares da Groenlândia
atualmente. A maioria destes são microplásticos, do tamanho de grãos de
arroz, que podem ser especialmente ruins para a vida selvagem.
O estudo revelou que a maior parte do plástico no ártico
chega através da corrente do golfo. Segundo os pesquisadores, existem
“concentrações bastante altas” nos mares de Barents e Groenlândia. “Há
um transporte contínuo de lixo flutuante do Atlântico Norte e os mares
da Groenlândia e Barents agem como um beco sem saída para este fluxo
contínuo de plástico”, explica o autor principal Andrés Cózar, biólogo
da Universidade de Cádiz, na Espanha.
Para esclarecer isso, Cózar e seus colegas fizeram uma
viagem de cinco meses ao redor do Oceano Ártico, criando um mapa de
detritos plásticos flutuantes. Eles também usaram dados de mais de
17.000 boias com rastreamento por satélite, que flutuaram na superfície
do oceano para ajudá-los a traçar o fluxo de plástico do Ártico
encalhados pelas correntes oceânicas.
“O Ártico é um dos ecossistemas mais primitivos que ainda
temos, e ao mesmo tempo, é provavelmente o ecossistema mais ameaçado
pela mudança climática e pelo derretimento do gelo do mar. Qualquer
pressão extra sobre os animais no Ártico, gerada a partir de lixo
plástico ou por outra poluição, pode ser desastrosa”, diz o coautor do
estudo, Erik van Sebille, oceanógrafo e cientista climático do Imperial
College de Londres.
De acordo com um estudo de 2015, aproximadamente 9 milhões
de toneladas por ano de plástico entram nos oceanos da Terra, matando e
fazendo adoecer a vida selvagem de diversas maneiras. Redes de pesca
descartadas sufocam golfinhos e baleias, por exemplo, enquanto sacolas
plásticas entopem os sistemas digestivos de tartarugas marinhas com fome
de água-viva. Além disso, ao contrário de outros detritos
biodegradáveis, o plástico não se desintegra facilmente na água do mar,
principalmente quando transformado em microplásticos menores e menores.
Estes representam uma ameaça ecológica ainda mais perigosa, formando
manchas tóxicas que parecem alimentos para aves marinhas, peixes entre
outros animais marinhos.
Para os pesquisadores, o próximo passo é traduzir isso em
como melhorar a reciclagem de plástico em terra. “Uma vez que o plástico
está no oceano, fica muito difuso, muito pequeno e muito misturado com
algas para filtra-lo facilmente para fora. A prevenção é a melhor cura”,
conclui Sebille.
Notícia oferecida pela ONE2030.