Usados
na agricultura, agrotóxicos neonicotinoides podem ser responsáveis pelo
declínio da população de abelhas na natureza. Sugestão vem de
abrangente pesquisa de campo realizada em três países e publicada na
"Science". À base de nicotina, os pesticidas neonicotinoides são
prejudiciais à reprodução e à vida das abelhas, afirmou um abrangente
estudo publicado nesta quinta-feira (29/06) na revista científica
Science. A população desses insetos polinizadores vem diminuindo de
forma preocupante nos últimos anos.
A pesquisa de campo, anunciada como a mais extensiva sobre o tema, foi
realizada em uma área total de 2 mil hectares, englobando três países
europeus: Reino Unido, Hungria e Alemanha. A intenção era estabelecer os
impactos dos pesticidas no "mundo real", e não em simulações em
laboratório.
Os cientistas expuseram um grupo de abelhas a campos tratados com os
neonicotinoides e um outro grupo a campos livres de pesticidas, e então
seguiram esses insetos ao longo de um ano – da primavera de 2015 ao
mesmo período do ano seguinte.
Na Hungria e no Reino Unido, a taxa de sobrevivência dos animais
expostos ao agrotóxico foi alarmante, afirmou o estudo. Em território
húngaro, por exemplo, o número de colônias sobreviventes foi 24% menor
nos campos tratados com pesticidas do que nos não tratados.
Na Alemanha, curiosamente, os neonicotinoides não apresentaram efeitos
tão nocivos. Segundo os pesquisadores, isso pode ter acontecido porque
as abelhas no país são mais saudáveis, há menos doenças que afetam suas
colônias, além de sua nutrição ser mais abrangente.
O cientista Richard Pywell, um dos autores do estudo, afirmou que
apenas 10% da dieta das abelhas alemãs corresponde às plantas tratadas
com os pesticidas, enquanto na Hungria e no Reino Unido essa taxa
ultrapassa 50%, o que explica por que elas acabam sendo mais afetadas.
"Após esse novo estudo, continuar afirmando que o uso de
neonicotinoides na agricultura não prejudica as abelhas já não é mais
uma posição sustentável", opinou, à agência de notícias Reuters, o
biólogo David Goulson, da Universidade de Sussex, no Reino Unido. Ele
não participou do estudo.
A pesquisa foi financiada pela empresas Bayer, da Alemanha, e Syngenta,
da Suíça, ambas fabricantes do pesticida à base de nicotina. Segundo os
cientistas, as companhias não tiveram qualquer influência nos
resultados publicados na Science nesta quinta-feira.
Há mais de uma década, as populações de abelhas têm apresentado um
alarmante declínio, levando a ciência a incansáveis estudos para
descobrir os motivos. A queda dessas espécies é preocupante devido à
função de polinização que elas exercem, muito necessária para o cultivo
de alimentos, por exemplo.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário