Pesquisa inédita realizada pela Fiocruz detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus
(a popular muriçoca ou pernilongo doméstico) coletados na cidade do
Recife. Esse achado confirma a espécie como potencial vetor do vírus
causador da zika, hipótese que, de acordo com a literatura científica,
não havia sido comprovada até o momento.
O Culex quinquefasciatus
é a espécie de mosquito mais abundante no ambiente urbano das áreas
tropicais e subtropicais, onde costuma estar presente numa densidade 20
vezes maior que o Aedes aegypti.
A pesquisa foi
conduzida pela Fiocruz Pernambuco na Região Metropolitana do Recife,
onde a população do Culex é cerca de 20 vezes maior do que a população
de Aedes aegypti. Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus
infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 grupos de
mosquitos analisados até o momento. Em duas dessas amostras, os
mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava
disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num
hospedeiro infectado.
A coleta dos mosquitos foi feita com base
nos endereços dos casos relatados de zika nas cidades do Recife e
Arcoverde, obtidos com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco
(SES-PE). O número total de mosquitos examinados na pesquisa foi de
aproximadamente 500. O objetivo do projeto é comparar o papel de algumas
espécies de mosquitos do Brasil na transmissão de arboviroses. Foi dada
prioridade ao vírus zika devido a epidemia da doença no Brasil e sua
ligação com a microcefalia.
A partir dos dados obtidos, os
pesquisadores afirmam que serão necessários estudos adicionais para
avaliar o potencial da participação do Culex na disseminação do vírus
zika e seu real papel na epidemia. De acordo com a Fiocruz, o estudo
atual tem grande relevância, uma vez que as medidas de controle de
vetores são diferentes.
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