Estudos divulgados recentemente pela Nasa e pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês)
apontam que o planeta Terra está em perigo e os motivos não são
novidade: mal uso dos recursos naturais, aumento populacional extremo e
até mesmo a desigualdade social é apontada como fator que está
contribuindo para um colapso do planeta azul.
O estudo da Nasa foi baseado em um modelo desenvolvido por Safa
Motesharrei, um matemático da Universidade de Maryland (Estados Unidos),
que ao estudar ciências ambientais e sociais conclui que a modernidade
não vai livrar o homem do caos, mas o contrário. Motesharrei alerta que o
fim pode acontecer pela “falta de controle de aspectos básicos que
regem uma civilização, como a população, o clima, o estado das culturas
agrícolas e a disponibilidade de água e energia”.
Dentro da questão econômica, a problemática da desigualdade social
tem lugar de destaque. Isso porque quanto maior a desigualdade, maiores
as chances de acontecer um desastre. “A diferença entre as classes
sociais pauta o fim dos impérios há mais de cinco mil anos”, revela a
pesquisa.
Ainda no campo da economia, com o desenvolvimento tecnológico,
agricultura e indústria registraram aumento nos últimos 200 anos e as
demandas também cresceram. Hoje, se todos adotassem o estilo de vida dos
estadunidenses seriam necessários cinco planetas para suprir as
necessidades da população. Por estes fatores Motesharrei acha difícil
evitar o colapso.
As mudanças climáticas também estão no centro deste debate. O ‘Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas do IPCC’, apresentado no dia 31 de março no Rio de Janeiro (Sudeste do Brasil)
mostra que as mudanças já observadas em locais como a América do Sul e a
América Central colocam as regiões em risco de desabastecimento, que
poderá afetar residências, indústrias, agricultura e até mesmo a geração
de energia elétrica.
Na América do Sul e Central a energia hidrelétrica é a principal
fonte de energia renovável, correspondendo a 60% de suas matrizes
energéticas, enquanto em outras regiões essa contribuição é, em média,
de 20%.
As Américas em questão contam com boa disponibilidade de
água, mas este recurso é mal distribuído. Com a redução das chuvas um
setor fortemente afetado será o da produção
de alimentos. No Nordeste do Brasil deverá cair o rendimento de
culturas de subsistência como feijão, milho e mandioca. Também serão
prejudicados os cultivos de trigo e arroz, que são a base da alimentação
das populações de países em desenvolvimento.
Segundo projeções do relatório, até o ano de 2040 será necessários
elevar em, no mínimo, 70% a produção mundial de alimentos para atender à
demanda, e a América do Sul e a África são as únicas regiões que
dispõem de terras agriculturáveis disponíveis para atender parte dessa
demanda.
Mas nem tudo está perdido. A pesquisa da Nasa aponta que o
fim da civilização ainda pode ser evitado, desde que sejam promovidas importantes
mudanças, como o controle da taxa de crescimento populacional, a
diminuição da dependência dos recursos naturais e uma distribuição mais
igualitária destes bens.
Adital
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