Os investimentos feitos pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) têm dois fortes aliados da agricultura familiar na Paraíba:
a tecnologia social e as pesquisas para evitar pragas. De barragens
subterrâneas até as formas de plantio, elas têm contribuído
positivamente para quem opta pelos produtos com selo verde, livre de
agrotóxicos, na região do Semiárido paraibano.
Entre as pesquisas mais recentes geradas a partir de convênios com o
banco, algumas resultaram na palma mais resistente à cochonilha do
carmim, uma espécie de inseto comum em plantações. Outro ganho para os
agricultores foi o resultado da pesquisa da banana resistente à sigatoka
negra, que é uma doença causada por um fungo e que atinge as
plantações. O abacaxi resistente ao fungo fusariose foi outro resultado
conquistado por essas pesquisas.
Paralelo a esses resultados, balizados por pesquisas científicas, os
agricultores se valem de conhecimentos adquiridos também na prática
sobre a produção agrícola. Edinaldo José do Nascimento, agricultor
familiar de Sousa, no sertão da Paraíba, reforça que o resultado da
produção está relacionado com a forma e condições do plantio. “Ter uma
boa colheita depende de manter o solo vivo. A plantação é bem
equilibrada com a planta saudável se o agricultor cuida do solo e das
condições dele”, contou.
A rotação da plantação é uma das apostas de Edinaldo José do
Nascimento. A experiência, segundo ele, o fez perceber que manter em um
determinado trecho a mesma cultura danifica o solo. “Planto em
determinado local e daqui a um tempo inverto. Isso evita a incidência de
doenças e também de pragas, além de não enfraquecer o solo”, disse.
Para manter o solo vivo, o agricultor utiliza recursos naturais da
propriedade para fortalecer as áreas de plantação. “Uso muito a
compostagem à base de esterco, restos de plantas que recolho após o fim
de cada ciclo da rotatividade das culturas contribui muito para um solo
vivo. Irrigar é barato. O caro mesmo é plantar”, frisou.
Produção abastece supermercados
Atualmente, oito grandes supermercados de Sousa, além das cidades de João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba, e Recife, em Pernambuco, são abastecidas pela produção agrícola da equipe de Edinaldo, que integra o Perímetro Irrigado Várzeas de Sousa.
Em pouco mais de uma década, ele conseguiu alavancar a produção que era
de 200kg de produtos em 2001 para cinco toneladas no a no passado.
“Hoje, eu tenho tudo planejado. Sei o que está sendo vendido e a
quantidade de podemos produzir e vender”, afirmou o agricultor familiar
vencedor do prêmio 'Agricultura Familiar' do Banco do Nordeste do Brasil
2012.
Embora produzisse sem agrotóxicos desde 2000, Edinaldo José do
Nascimento ressaltou que só em 2010 conseguiu o reconhecimento do IBD
Certificações – Inspeções e Certificações Agropecuárias, o que torna os
produtos que ele destinada ao mercado diferenciados. “ A certificação é
importante porque quem adquire meus produtos sabe que não tem
agrotóxicos. Não uso de jeito nenhum”, afirmou.
Edinaldo José do Nascimento conseguiu em pouco mais de uma década
consolidar a concepção de agricultura familiar em casa e fora dela. Os
três filhos que o ajudavam no plantio e todo processo, hoje auxiliam
tecnicamente. Um deles se formou como técnico agrícola, o segundo segue a
mesma formação do irmão e o terceiro trabalha no acompanhamento das
finanças da família.
A atividade que era executada em 2001 por ele, a esposa e os três
filhos, hoje é desenvolvida pelo casal com a ajuda de até dez
funcionários quando há a maior produção e saída dos alimentos, que é de
junho a janeiro.
O resultado desse trabalho familiar aparece em números também fora de
casa. No ano passado foram vendidos 104 mil bandejas com os produtos.
Para dar suporte a esse trabalho, Edinaldo criou um espaço chamado de
'casa da embalagem', onde os alimentos são limpos, separados e embalados
para comercialização. Para o futuro, o sonho do agricultor que semeia a
defesa ao meio ambiente com produtos agroecológicos é ter condições de
ampliar a área de produção de cinco hectares para 20 hectares.
G1 PB
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