Se o metrô da capital paulista deixasse de funcionar por um ano, a
concentração de poluentes no ar aumentaria 75%, aponta pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para fazer o cálculo, os
pesquisadores compararam o nível de poluição atmosférica em dias normais
com dias de greve dos metroviários.
O estudo mostra, ainda, que
as mortes em decorrência de problemas cardiorrespiratórios aumentariam
entre 9% e 14%, o que representaria um custo de US$ 18 bilhões à saúde
pública do município. “A hipótese que a gente tinha é que, com o metrô
parado, [haveria] mais carros nas ruas, mais ônibus, mas a gente não
tinha realmente dimensão dessa magnitude”, disse à Agência Brasil Simone Miraglia, coordenadora do estudo e membro do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental (Inaira).
Segundo dados do instituto, 90% da poluição do ar em São Paulo
são gerados por carros, motos e caminhões. O transporte público
corresponde a 55% dos deslocamentos na cidade, enquanto o transporte
individual é responsável por 45%.
Foram analisadas duas
greves com mais de 24 horas de duração, uma ocorrida em 2003 e outra em
2006. O estudo reuniu dados dos três dias antecedentes à greve e dos
três dias posteriores. “Também consideramos um dia controle: um dia no
mesmo mês da paralisação, mesmo dia de semana e com variáveis
meteorológicas semelhantes”, explicou Simone Miraglia.
Em 2003, a
concentração de poluentes no dia controle foi 41 microgramas por metro
cúbico (µ/m3). No dia da greve, o índice aumentou para 101,49 µ/m3. As
mortes adicionais associadas à poluição foram oito, o que representa um
crescimento de 14%, de acordo com o estudo.
Já em 2006, o impacto
foi menor. A concentração de poluição saltou de 43,99 µ/m3 no dia
controle para 78,02 µ/m3 no dia da greve. As mortes adicionais foram
seis, o que corresponde a um aumento de quase 9%.
Simone
Miraglia aponta algumas hipóteses para a redução da concentração de
poluentes no segundo ano de análise. “Um dos fatores é o programa de
controle das emissões veiculares, tendo em vista que você tem carros que
poluem menos. O aumento da malha metroviária também deve ser
considerado. Há também a possibilidade de que os parâmetros
meteorológicos estivessem mais favoráveis no ano de 2006.”
Para
a pesquisadora, o estudo comprova a sustentabilidade do sistema
metroviário de São Paulo. “Essas medidas de melhoria do meio ambiente em
termos de poluição atmosférica representam um avanço na qualidade de
vida da população. Cada real investido em transporte público de
qualidade, você economiza em reais com a saúde pública. São
investimentos de grande monta, mas deve-se lembrar dos benefícios que eles trazem”.
Jornal do Brasil
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