Pesquisa desenvolvida pela Faculdade de
Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP)
de Pirassununga, feita com resíduos da semente de pitanga, pode ajudar
no combate à leishmaniose. O extrato obtido, com parte da fruta
rejeitada pela indústria e que corresponde a 30% do seu peso, poderá ser
usado na produção de medicamento para combater a doença que é comum em
países tropicais e subtropicais.
A leishmaniose é uma doença grave e que, se não tratada, pode levar à morte em até 90% dos casos, segundo o Ministério da Saúde.
É transmitida por meio da picada de fêmeas de mosquito flebotomíneo.
Como não existe vacina contra a doença, as medidas de combate da
enfermidade se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, de
acordo com recomendação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a
Organização Mundial da Saúde, são regiatrados pelo menos 500 mil novos
casos de leishmaniose visceral anualmente.
Segundo o professor doutor Edson Roberto da Silva, que supervisionou a
pesquisa, o método desenvolvido inibe a enzima essencial para o
metabolismo do protozoário Leishmania, causador da doença.
De acordo com a pesquisadora Débora Nascimento e Santos, autora da tese
de mestrado, iniciada em 2010, o estudo faz parte de um projeto
desenvolvido no Brasil e na França e que tem como maior financiadora a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Para
obter o extrato foram usados dois processos não convencionais. O
primeiro, de extração feito na França, usou solvente pressurizado
(etanol), que permite maior rendimento de extrato em um menor período de
tempo. O segundo ocorreu no Brasil com fluído supercrítico, sob
temperatura e pressão acima do nível crítico.
A pesquisadora informou que os estudos ainda estão em fase preliminar e
que não há qualquer previsão de tempo e viabilidade da produção do
medicamento para combater a doença em humanos. “Às vezes, uma substância
tem um ótimo efeito contra um micro-organismo, mas é tóxica para a
gente. Então, tem que fazer um teste para ver se ela é segura para
consumo”, diz.
Ela ressaltou que, por ser mais comum no Hemisfério Sul, há pouco
investimento em pesquisas por parte das indústrias farmacêuticas
internacionais. “A leishmaniose é muito negligenciada pela indústria de
medicamentos”, alerta Débora.
Agência Brasil
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