A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20, chega ao fim com um retrocesso quando se comparam seus
resultados com os avanços obtidos na conferência anterior, a Eco 92. A
análise foi feita pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), após dois dias de debates.
Os bispos católicos questionaram principalmente o que classificaram
de "desvio" dos dirigentes mundiais no trato da educação como
instrumento capaz de resultar em relações novas e éticas com o meio
ambiente. O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a
economia verde defendida pelas autoridades governamentais foge do
debate central de desenvolvimento de uma política ambiental que promova o
crescimento sustentável.
“A Rio+20 indica uma resposta a essas questões com a chamada
economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização e a
mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as
energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável”, diz o
documento final do conselho.
Dom Leonardo Steiner, que coordenou os trabalhos sobre o tema
durante a reunião dos bispos e arcebispos, destacou que a própria medida
provisória (MP) do Código Florestal, em análise no Congresso, mostra o
“descuido” dos governantes quando o tema em questão é o meio ambiente.
Segundo ele, a MP apresenta pontos de retrocesso na legislação
ambiental. Ele citou, por exemplo, o tratamento dado pelo governo à
preservação de matas ciliares nas margens de rios, riachos e córregos.
“Isso não tem avançado”.
Para o secretário-geral da CNBB, a crise financeira nos Estados
Unidos e países europeus pesará na construção de uma agenda mundial de
preservação ambiental e desenvolvimento com sustentabilidade.
O bispo defendeu a retirada do documento final da Rio+20 do ponto
que tratava do direito reprodutivo da mulher. Para ele, além das
questões ambientais, os dirigentes introduziram no texto assuntos que
não guardavam relação com o tema em debate. O veto ao direito
reprodutivo foi feito pelos representantes do Vaticano na reunião de
cúpula.
Agência Brasil
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