Desenvolver métodos para detectar resíduos de fármacos veterinários em peixes que possam ser úteis para programas de vigilância sanitária
é o objetivo de um grupo de pesquisadores coordenado por Felix
Guillermo Reyes Reyes, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos
da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp).
O projeto,
que também envolve pesquisadores do Instituto de Química da Unicamp, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Embrapa, foi um dos
aprovados na chamada de propostas lançada em abril de 2013 pela FAPESP e pela Agilent Technologies.
“Vamos
estudar como os fármacos veterinários são absorvidos e metabolizados
pelas três espécies de peixes de maior valor comercial no Brasil: tilápia, tambaqui e pacu.
Realizaremos estudos de depleção de resíduos, particularmente em filé
de peixes, que é a parte consumida, a fim de saber quanto tempo leva
para que a substância administrada esteja abaixo do limite máximo
permitido e não ofereça risco à saúde humana. Assim, poderemos
estabelecer o período de carência entre a última aplicação do
medicamento e o momento em que o peixe é abatido para consumo”, explicou
Reyes.
Serão
desenvolvidos métodos analíticos tanto para a determinação de moléculas
específicas como métodos multirresíduos. Do ponto de vista da
vigilância sanitária, um dos objetivos é avaliar o uso de substâncias
não aprovadas para a piscicultura.
“Há atualmente apenas dois antimicrobianos registrados no país para uso na piscicultura
– provavelmente por falta de interesse das empresas de medicamentos
veterinários em licenciar seus produtos para uso no setor. Existe, por
outro lado, uma forte suspeita de que os criadores estejam utilizando
produtos registrados para outras espécies animais, pois os peixes
criados nessas condições estão sob forte estresse e, portanto, muito
suscetíveis a infecções. Mas esse uso ilegal é feito sem qualquer estudo
para verificar a dose adequada e sem avaliação de risco”, disse Reyes.
Além
da ameaça à saúde dos consumidores, alertou Reyes, o uso não controlado
de fármacos veterinários na piscicultura pode trazer prejuízos
ambientais e contribuir para o desenvolvimento de resistência bacteriana
aos antimicrobianos hoje existentes.
“Algumas
dessas substâncias foram estudadas em outros países para uso na
piscicultura, mas os resultados não são necessariamente válidos para o
Brasil, pois as condições ambientais são diferentes e as espécies
estudadas também. Tudo isso influencia a forma como o fármaco é
metabolizada e, consequentemente, o período de carência”, disse Reyes.
O professor da Unicamp
apresentou detalhes do projeto em um simpósio organizado pela FAPESP e
pela Agilent no dia 30 de outubro. Na ocasião, Reyes afirmou que o Brasil, com 12% da água doce disponível do planeta, reúne condições para se tornar o maior exportador de peixes e derivados do mundo.
Fapesp
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