O processo
de retirada de fazendeiros da Terra Indígena Marãiwatsédé, no norte de
Mato Grosso, já começou. Atendendo à decisão da Justiça Federal em
Cuiabá (MT), as notificações de desocupação são entregues aos
agricultores desde a última quarta-feira (7).
O processo
de entrega foi dividido em quatro fases. Na primeira, que já foi
concluída, foram notificados os grandes fazendeiros. A segunda etapa, em
que são notificados os médios produtores, teve início hoje (9). Em
seguida, receberão as notificações os pequenos agricultores e, por
último, os moradores do vilarejo Estrela do Araguaia, que fica numa
região mais interna da terra indígena.
Os produtores rurais e moradores têm prazo de 30 dias para deixar a área, após a notificação. Vencido o prazo, os oficiais de Justiça voltarão ao local para comprovar a saídas das famílias. Em caso de resistência, a força policial pode ser acionada.
O
coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Nilton Tubino, está
acompanhando o processo in loco. Segundo ele, dois oficiais de Justiça
são responsáveis pelas notificações, inclusive percorreram a área de
avião para identificar a localização dos moradores.
O coordenador
relatou que, até o momento, o clima no local é pacífico. Ele
acrescentou que algumas famílias, que se enquadrarem nos requisitos da
reforma agrária, serão reassentadas em local já definido, e com o mínimo
possível de burocracia.
A entrega das notificações vai ser interrompida no domingo (11), e será retomada no dia seguinte (12), porque a decisão judicial pede urgência na desintrusão da terra indígena.
A
desocupação da terra xavante tem sido objeto de uma longa batalha
jurídica, que começou em 1995, quando a área foi ocupada por produtores
rurais. A demarcação da terra indígena foi homologada em 1998 e, desde
então, os índios xavantes, que a ocupavam tradicionalmente e foram
expulsos na década de 60, tentam retomar o local. A Terra Indígena
Marãiwatsédé ocupa uma área de 165 mil hectares, espalhada pelos
municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do
Araguaia, no norte de Mato Grosso.
Jornal do Brasil
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