Uma toxina contida no veneno da cascavel mostrou-se eficaz no
tratamento de células cancerígenas durante uma pesquisa feita no
Instituto Butantan em São Paulo. A pesquisa inédita utilizou a crotamina
e foi feita em camundongos com câncer de pele aumentando a sobrevida no
animal em 70%. A toxina também atrasou o desenvolvimento do tumor e, em
alguns casos, até inibiu seu crescimento.
De acordo com a
geneticista e coordenadora do projeto, Irina Kerkis, a pesquisa, feita
desde 2004, constatou que, comparada a outras drogas, a crotamina
mostra-se muito vantajosa porque não apresenta os mesmos efeitos
colaterais. “A crotamina é solúvel em diferentes solventes e não produz
reação alérgica ou interfere na imunidade”, disse.
A crotamina não
afeta as células normais, mas mata as cancerígenas. “Outro benefício é
que ela marca as células cancerosas, por isso pode ser utilizada para
descobrir quais as células afetadas”.
De acordo com a
pesquisadora, a substância já foi patenteada no Brasil. Primeiro foi
feito o estudo em culturas e depois a droga passará a ser administrada
em seres humanos. “A droga pode ser injetada e permanece 24 horas na
célula, motivo pelo qual facilita o tratamento para o paciente”. Uma
outra forma de administrar o medicamento é o implante subcutâneo, no
qual doses diárias são liberadas no organismo.
Antes de ser
testada em seres humanos, os pesquisadores estão trabalhando para obter a
crotamina na forma sintética. “A partir daí, podemos começar os testes
clínicos se todos os resultados forem positivos. Podemos ter medicamento
para melanoma ou outros tipos de câncer em até cinco anos”. Kirks
ressaltou que a utilização da crotamina depende de um processo altamente
burocrático, mas que existe no mundo inteiro.
Jornal do Brasil
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