Frei Gilvander Moreira, assessor da
Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Minas Gerais, pode ser preso por
determinação da Justiça mineira. O motivo seria um vídeo produzido e
postado por ele no Youtube, em que denuncia o uso de agrotóxicos no
feijão Unaí. O produto era utilizado na merenda de estudantes da cidade
de Unaí, em Minas Gerais. Segundo Frei Gilvander, o excesso de
agrotóxicos no alimento está relacionado ao grande número de casos de
câncer na cidade. “Unaí é um distrito considerado campeão na produção de
feijão e, para nossa tristeza, está sendo também campeão no número de
pessoas com câncer”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Foi conversando com a professora de uma
escola municipal que Frei Gilvander ficou sabendo que 30 quilos de
feijão tiveram de ser jogados fora pelas cozinheiras. “Logo perceberam
que o feijão estava com muito veneno, o cheiro era fortíssimo, então
decidiram não dar para as crianças.” Frei Gilvander gravou um vídeo
reportando a situação com o título “O feijão Unaí está envenenado?” e o colocou na internet.
“A empresa entrou na justiça contra o
Google, o Youtube e conta mim, alegando danos morais. O juiz concedeu
uma liminar determinado que o vídeo fosse retirado do ar.” Porém, o
vídeo não foi retirado pelo Google e pelo Youtube. “Desde o dia 29 de
outubro, quando terminou o prazo dado pelo juiz, há um mandado de prisão
contra mim.” Para o Frei, o episódio revela as prioridades do
judiciário. “Isso dá a entender que o judiciário está do lado de uma
empresa que não tem escrúpulos. O juiz não mandou investigar a qualidade
do feijão, preferiu mandar prender quem estava denunciando.”
O mandado de prisão contra Frei Gilvander tem recebido apoio de movimentos sociais. Foi feito um manifesto
contra o uso excessivo de agrotóxicos e contra a criminalização do
Frei, assinado por mais de 80 organizações e atores sociais. Entre elas,
a CUT de Minas Gerais. Os números dados pelo Frei assustam. “Nos
últimos dez anos, a cada ano, em média, aparecem 1260 pessoas com câncer
em Unaí, isso é quatro vezes mais que média mundial. Não podemos ser
cúmplice do envenenamento da alimentação que está acontecendo no
Brasil.”
redebrasilatual
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