Um
velho problema do Nordeste e semiárido brasileiros pode ser enfrentado
com práticas simples e já conhecidas por produtores e comunidade local. O
prefeito de Poção (PE), Padre Cazuza, relatou, na tarde desta
terça-feira (29), ao secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, e ao
diretor de Combate à Desertificação, Francisco Campelo, durante o
Encontro Nacional com Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, as práticas
adotadas na sua região que podem auxiliar no convívio com a
desertificação e a seca.
“Há
alguns anos encontramos os dois últimos pés de jequitibá no nosso
município e, para não deixar a espécie se extinguir e contribuir com o
reflorestamento local, começamos a juntar as poucas sementes que
encontrávamos, de forma que conseguimos montar, ao longo dos anos, um
grande banco de sementes que não permite mais a extinção da planta”,
conta Padre Cazuza. Essa prática de manutenção da vegetação e
reflorestamento faz parte das estratégicas de combate à desertificação,
com a redução do número de áreas secas e degradadas.
Pecuária
O
gestor de Poção também relatou outra atividade que já está sob alerta
no município. “Muitos produtores de áreas do semiárido acham que, para
criar gado, é necessário retirar toda a caatinga e plantar pasto, mas se
esquecem que o pasto não sobrevive sem água devido às suas
características regionais, e a caatinga sobrevive sim, por ser uma
vegetação típica daquela área”, disse. Segundo ele, muitos produtores
aprendem na prática que é melhor deixar a caatinga para criação de gado,
o que gera uma maior produção, sem perda do número do rebanho bovino.
“Nada melhor como a experiência e o relato de casos de sucesso para os
agricultores aprenderem o que é melhor”, acrescenta.
Além
do prefeito do município pernambucano, inúmeros gestores da Região
Nordeste do Brasil, inseridos em áreas de desertificação, procuraram
orientação na sala de atendimento do Ministério do Meio Ambiente. O
diretor do Departamento de Combate à Desertificação, Francisco Campello,
explicou algumas ações desenvolvidas pelo MMA em parceria com órgãos
como Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e Rede de Articulação no
Semiárido Brasileiro (ASA), que buscam auxiliar essas comunidades à
conviver melhor com a seca.
“Estamos
elaborando o Plano Nacional de Convivência com o Semiárido, com o
objetivo de promover ações de segurança energética, hídrica e alimentar
nas regiões que sofrem com a desertificação”, explica Campello. Projetos
com o Fundo Clima, além de parcerias com o Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA), Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), já vêm sendo implantados com
recursos da ordem de mais de R$ 20 milhões como iniciativas para a
execução do plano.
Ele
finaliza explicando que, no Brasil, o processo de desertificação é
consequência do uso inadequado dos recursos florestais da Caatinga e
Cerrado. Práticas agropecuárias sem manejo correto dos solos, uso
inadequado dos sistemas de irrigação com a consequente salinização,
superpastejo animal na pecuária extensiva comprometendo a regeneração de
espécies e as ações de desmatamento provocam processos erosivos e
esgotamento dos solos.
MMA
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