Pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e de Edimburgo, na
Escócia, estudam mais de 140 tipos de pólen de árvores e ervas
preservados em sedimentos do fundo de lagos da Mata Atlântica para
entender o impacto que as mudanças climáticas do passado tiveram no
ambiente.
Eles também querem analisar o que pode vir a ocorrer com a flora da região.
O estudo sugere que, nos últimos 7 mil anos, a região da Mata Atlântica em Linhares, no Espírito Santo,
passou a ter verões cada vez mais chuvosos e invernos mais secos, o que
tem levado à mudanças nos tipos de planta encontrados nessa região.
Os cientistas chegaram a esta hipótese ao estudar gêneros de pólen que podem sobreviver por milhares de anos.
As mudanças no regime do verão podem ter ocorrido por uma alteração no
eixo de rotação da Terra, que acontece a cada 20 mil anos e afeta o
clima do planeta, sugerem os pesquisadores. Isso resultou no
desenvolvimento de um microlima específico na Mata Atlântica, o que pode
ter criado um "refúgio" de floresta antiga, aponta o estudo.
"As descobertas ajudam a explicar a presença de muitas espécies raras
na área estudada e poderiam ajudar a prever como as florestas vão mudar
no futuro", afirma a instituição de ensino escocesa, em nota oficial.
Os antigos grãos de pólen "nos permitem revelar os segredos do passado e
poderiam nos ajudar a prever como esta região vital [próxima a
Linhares] vai reagir no futuro. Nosso estudo mostra como as plantas
reagiram às mudanças nas condições e eu espero que agora possamos montar
uma defesa para a maior proteção destes ecossistemas preciosos", disse o
pesquisador Álvaro Buso Júnior, da Universidade de Edimburgo, em
entrevista à instituição.
G1 Ciência
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