Os oceanos do mundo estão diante de uma ameaça maior do que se supunha
anteriormente, proveniente de um "trio mortal" composto por aquecimento
global, nível de oxigênio em declínio e acidificação, informou um estudo
internacional divulgado nesta quinta-feira (3).
"Os riscos ao oceano e aos ecossistemas que ele apoia vêm sendo
subestimados de forma significativa", segundo o Programa Internacional
sobre o Estado do Oceano (Ipso, na sigla em inglês), um grupo não
governamental de cientistas.
"A escala e a velocidade da perturbação de carbono atual, e a
resultante acidificação do oceano, são inéditas na história conhecida da
Terra", segundo o relatório feito com a União Internacional para a
Conservação da Natureza.
Os oceanos estão se aquecendo por causa do calor resultante do acúmulo
de gases do efeito-estufa na atmosfera. Fertilizantes e esgoto que vão
parar nos mares podem provocar a proliferação de algas, reduzindo os
níveis de oxigênio nas águas.
E o dióxido de carbono no ar pode formar um ácido fraco quando reage
com a água do mar. "O ‘trio mortal' de acidificação, aquecimento e
desoxigenação está afetando gravemente a produtividade e a eficiência do
oceano", diz o estudo.
Alex Rogers, da Universidade de Oxford, diretor científico do Ipso,
disse que os cientistas estavam descobrindo que as ameaças aos oceanos,
dos impactos de carbono à pesca predatória, estavam se misturando.
"Estamos vendo impactos em todo o mundo", ele disse.
Extinções
Condições atuais nos oceanos eram similares às de 55 milhões de anos atrás, conhecidas como máximo térmico Paleoceno-Eoceno, que levaram a extinções em massa. Mas o ritmo atual da mudança está mais rápido e significa maiores tensões, disse Roger.
A acidificação, por exemplo, ameaça os organismos marinhos que usam
carbonato de cálcio para formar seus esqueletos -como os recifes de
corais, caranguejos, ostras e alguns plânctons vitais para as redes
alimentares marinhas.
Enquanto que o aquecimento empurra muitos cardumes de peixes comerciais
para os polos e eleva o risco de extinção para algumas espécies
marinhas. Os corais podem parar de crescer se as temperaturas subirem
até 2 ºC e correm risco de dissolverem em um ambiente com 3 ºC, disse o
estudo.
Os cientistas disseram que as descobertas acrescentaram urgência a um
plano de quase 200 governos para chegar a um acordo até o final de 2015
para limitar um aumento na média das temperaturas mundiais para menos do
que 2 ºC acima da era pré-industrial.
G1 Natureza
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