Há 40 anos surgiu o primeiro celular, o Dynatac.
Ele pesava mais de um quilo, media 25 centímetros, a bateria durava 20
minutos (e demorava 10 horas para ser recarregada) e custava US$ 4 mil.
De lá para cá, o celular sofreu diversas mutações e se
tornou um equipamento fundamental para a vida urbana e que faz muito
mais do que simples ligações. Quanto mais moderno, maior é a quantidade
de novas funcionalidades e o apelo do design - tudo isso faz com que
haja grande comoção por novos lançamentos por parte do consumidor.
A tentação de trocar o aparelho celular
por um mais novo e moderno é enorme. Mas essa troca desenfreada pode
causar prejuízos à saúde e ao meio ambiente quando não realizada de
maneira sustentável e consciente. Isso porque um aparelho celular contém
diversos componentes. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA),
dos 118 elementos químicos presentes na tabela periódica, o celular
contém 43 deles, como o mercúrio, o cádmio e o chumbo, que são metais
tóxicos.
Além
dos metais tóxicos, o celular também é composto por carcaça, placa de
circuito impresso, bateria e chip. A carcaça é feita de polímeros
plásticos, podendo ser de policarbonato (PC), poliamida (PA), blendas de policarbonato (PC) e acrilonitrilabutadieno estireno (ABS, na sigla em inglês). Há ainda a placa de circuito impresso (PCI),
que são microprocessadores com funções de memória (é o "cérebro" do
celular). Cerca de 24% dos materiais presentes nessa placa são
cerâmicos, como a sílica, alumina, mica e titanato de bário, 12,7% são
polímeros e 63,3% são metais. Segundo um estudo, os principais metais
encontrados são: cobre, ferro, alumínio, estanho, tântalo, gálio, ouro,
prata, cromo, mercúrio, cádmio, zinco, níquel e chumbo.
O grande problema
da PCI é a soldagem feita de chumbo, elemento nocivo à saúde e
prejudicial ao meio ambiente. Por esse motivo, as fábricas de celulares
estão adotando uma nova liga na fabricação dessas placas, a lead-free, que é composta por estanho, prata e cobre.
Baterias
Os sistemas mais comuns de baterias de celular são:
-Bateria níquel/cádmio: é o modelo de bateria mais antigo, criado em 1899. Possui baixo custo, curto tempo de vida útil, menor capacidade de carga e problema de “efeito memória”, ou seja, a bateria entende que está com carga completa e deixa de carregar, mesmo estando com o nível de carga baixo. Ela está em desuso, pois não é muito eficiente e possui cádmio, um contaminante tóxico.
-Bateria hidreto metálico/óxido de níquel: possui algumas vantagens, como menor potencial de poluição, maior densidade de energia (pode armazenar mais energia do que a de níquel/cádmio) e demora para descarregar. Além disso, nesse tipo de bateria há menos chance de ocorrer o “efeito memória”.
-Bateria de íons lítio: tecnologia mais recente, sendo utilizada na maioria dos aparelhos.
Como reciclar?
Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), o descarte incorreto dos materiais eletrônicos pode prejudicar a saúde e o meio ambiente, provocando a poluição do solo e da água; quando incinerados, podem emitir gases tóxicos.
Quando o celular é descartado em postos de coleta, ele passa por uma série de processos. Inicialmente, passam por um computador que faz a triagem, separando os equipamentos em condições de uso, que podem ser doados, dos que não podem ser reutilizados. Logo, os aparelhos celulares são desmontados e a carcaça, bateria e a PCI são separados. Cada um desses componentes tem um destino específico.
Em seguida, é dada uma destinação diferente para os componentes tóxicos com relação aos não tóxicos. Os componentes tóxicos são colocados em tanques, e os não tóxicos são triturados e vendidos para outros países que possuem a tecnologia de extração dos metais.
O Brasil é um dos líderes no descarte de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) – segundo estimativa da ONU, uma cidade como São Paulo produz cerca de 5,5 mil toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Mas, infelizmente, o país não ocupa o primeiro lugar da lista dos países que descartam de modo correto esse tipo de lixo.
Os motivos para isso se devem à divulgação incipiente de programas de reciclagem e de postos de coleta, bem como à falta de tecnologia para a reciclagem desse tipo de resíduo. No Brasil ainda não há, por exemplo, uma indústria de reciclagem de celulares, por isso as empresas que coletam esses aparelhos realizam, primeiramente, um pré-processamento destes e depois vendem o material para empresas recicladoras estrangeiras.
Revista Ecológico
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