Uma em cada doze pessoas – ou 62 milhões – vive com diabetes nas
Américas, número que triplicou desde 1980. A doença é atualmente a
quarta principal causa de morte na região, depois de infarto, acidente
vascular cerebral (AVC) e demências, disse o Informe Mundial sobre
Diabetes da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento foi
apresentado na ocasião do Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta
quinta-feira (7).
Segundo estimativas da agência de saúde da ONU, caso medidas não
sejam tomadas, quase 110 milhões de pessoas terão diabetes até 2040, daí
a urgência de se intensificar os esforços para prevenir e controlar a
doença.
O relatório destaca a necessidade de implementação de políticas
públicas que apoiem estilos de vida saudáveis e a garantia de que
sistemas de saúde sejam capazes de diagnosticar prontamente, tratar e
cuidar de pessoas com diabetes.
“A melhor forma que as pessoas têm de prevenir a diabetes é seguir
uma dieta saudável, evitando sobretudo os alimentos ultraprocessados –
ricos em calorias e pobres em nutrientes – e bebidas açucaradas, além de
realizar atividades físicas regularmente para manter um peso saudável”,
disse a diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) – o
escritório regional da OMS para as Américas –, Carissa Etienne.
A especialista esclareceu, no entanto, que a prevenção “não é apenas
uma responsabilidade individual” e instou governos a adotarem políticas e
medidas eficazes para “fazer a escolha saudável ser a escolha mais
fácil”.
A diabetes é uma doença crônica progressiva, caracterizada por altos
níveis de glicose no sangue. É uma importante causa de cegueira,
insuficiência renal, amputação de membros inferiores e outras
consequências de longo prazo que afetam significativamente a qualidade
de vida e aumentam o risco de morte prematura.
A atenção para a diabetes e suas complicações também representa um
custo elevado para as famílias e os sistemas de saúde. Em 2014, as
despesas regionais de saúde relacionadas à doença somaram cerca de 382
bilhões de dólares.
A maioria das pessoas com diabetes sofre com a doença de tipo dois,
que está intimamente ligada ao excesso de peso e à obesidade, bem como a
estilos de vida sedentários. Nas Américas, mais de 60% da população
está acima do peso ou obesa, em grande parte como resultado de mudanças
de estilo de vida relacionadas ao desenvolvimento e à globalização.
O novo relatório da OMS diz ainda que o aumento da diabetes pode ser
retardado por meio de uma combinação de políticas fiscais, legislações,
mudanças no meio ambiente e conscientização das pessoas para a
necessidade de modificar os fatores de risco. Isso inclui políticas que
aumentem os impostos sobre bebidas açucaradas e a adoção de rotulagem
frontal nos alimentos, alertando os consumidores sobre os produtos
processados com alta quantidade de gordura, açúcar e sal, com o objetivo
de desencorajar seu consumo.
“A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o mundo não vai reverter
essa epidemia”, afirmou o assessor regional em diabetes da OPAS,
Alberto Barceló. Segundo ele, os Estados-membros da OMS se comprometeram
a limitar o aumento da diabetes e da obesidade até 2025.
Diagnóstico precoce
O relatório mostra que as pessoas com diabetes podem ter uma vida
longa e saudável se a doença for detectada a tempo e bem manejada. Nas
Américas, contudo, em alguns países até 40% das pessoas com diabetes não
sabem que têm a doença e entre 50% e 70% não alcançam o controle
adequado da glicemia.
Um bom manejo da diabetes pode prevenir complicações e morte
prematura. “Precisamos garantir que as pessoas com diabetes tenham
acesso aos cuidados e medicamentos (de) que necessitam, bem como à
educação e às intervenções que facilitem um estilo de vida saudável”,
indicou Barceló.
Veja aqui o Informe Mundial sobre Diabetes completo (em inglês).
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