domingo, 31 de agosto de 2014

Cientistas desvendam mistério das 'pedras que andam' na Califórnia


Pesquisadores americanos conseguiram resolver um mistério científico que já durava décadas: as "pedras que andam" no Vale da Morte, no deserto de Mojave, na Califórnia.

Algumas destas pedras chegam a pesar 300kg. Elas ficam em um lago seco, plano e rodeado por montanhas. Em algumas épocas do ano, este lago se enche com água da chuva, que evapora rapidamente.

Estas pedras se movem, deixando um rastro na terra por dezenas de metros. Mas, desde que elas começaram a ser estudadas por cientistas, nos anos 1940, ninguém as havia visto se mover.

Isso fez com que surgissem várias teorias para o fenômeno, algumas delas bastante exóticas, atribuindo seu movimento a campos de energia poderosos, ao magnetismo da Terra e até mesmo a extraterrestres.

Até que finalmente, em dezembro passado, o pesquisador Richard Norris, da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, e seu primo James Norris puderam presenciar e captar em imagens o fenômeno.

Capa de gelo

Eles explicam em um estudo publicado nesta semana na revista PLOS ONE que tudo começa quando a chuva produz uma capa de água sobre o terreno seco, criando um lago superficial.

Durante a noite, essa água se congela, formando uma capa de gelo de cerca de três a seis milímetros na qual ficam presas as bases das rochas.

Quando o sol sai, o gelo começa a quebrar, criando placas de vários metros de largura que se deslocam com o vento.

Assim, as pedras se movem sobre o barro, impulsionadas pelas placas de gelo, a uma velocidade de dois a cinco metros por minuto, formando os famosos sulcos na terra.

As trajetórias dependem da velocidade e da direção do vento e da água que se encontra abaixo do gelo.
Segundo Richard, o fenômeno não é frequente porque quase não chove no Vale da Morte, e as temperaturas médias são elevadas.

Chuva, frio e vento

Para que possa ocorrer, é preciso que tenha chovido e que a temperatura baixe a cerca de 0ºC antes que a água evapore.

Por fim, o vento precisa ter força suficiente para mover as placas e, junto com elas, as rochas.

Na época em que Richard e James presenciaram o fenômeno, no fim de 2013, havia chovido bastante na região e até mesmo nevado.

Há alguns meses, Ralph Lorenz, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e um dos autores do estudo publicado nesta semana, explicou por que havia sido difícil captar o movimento das rochas.

"Elas estão em uma área remota, de difícil acesso e protegida, onde não se pode acampar e há muitas restrições do que as equipes podem levar para lá", disse.

Além disso, "a maioria dos deslocamentos ocorre quando está frio, chovendo e ventando, o que dificulta captá-los."

G1 Natureza

sábado, 30 de agosto de 2014

Perda de água chega a quase 40% nas maiores cidades do Brasil


A cada 10 litros de água tratada nas 100 maiores cidades do país, 3,9 litros (39,4%) se perdem em vazamentos, ligações clandestinas e outras irregularidades. O índice de perda chega a 70,4% em Porto Velho e 73,91% em Macapá. Os números são do Ranking do Saneamento, divulgado ontem (27) pelo Instituto Trata Brasil, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2012.

O estudo considerou a perda no faturamento, ou seja, a diferença entre a água produzida e a efetivamente cobrada dos clientes. De acordo com o instituto, o indicador de referência para a perda de água por faturamento é 15%. Dos 100 municípios da lista, quatro possuem nível de perda menor ou igual ao patamar. Em 11 deles, as perdas superam 60% da água produzida.

De acordo com o presidente executivo da entidade, Édison Carlos, as perdas se refletem diretamente na capacidade de investimento das empresas e podem comprometer a expansão e qualidade dos serviços. “A perda é um reflexo da gestão da empresa. Qualquer autoridade que pensa em saneamento como um negócio, teria que atacar as perdas. Quando a empresa tem perdas muito altas, não consegue nem custear o próprio serviço”, avaliou. “Qualquer litro de água recuperado é um litro a mais que ele vai receber”, acrescentou.

Apesar dos registros, os municípios fazem pouco para reduzir as perdas de água por faturamento, de acordo com o estudo. Entre 2011 e 2012, mais da metade das cidades pesquisadas (51) não reduziu em nada as perdas ou até piorou os resultados no período. Segundo o Trata Brasil, os números sugerem que “diminuir perdas de água não vem sendo uma prioridade entre os municípios brasileiros”.

Apenas 10% dos municípios analisados na pesquisa registraram melhoria de mais de 10% na redução de perdas de água. Em média, de acordo com o levantamento, a melhora nas perdas dos municípios foi de apenas 0,05% na comparação entre 2011 e 2012.

As soluções, segundo Carlos, variam de acordo com o tamanho e as características de cada município. Em cidades com índices de perda muito elevados, por exemplo, a instalação de equipamentos como controladores de vazão e pressão tem reflexos rápidos na perda por vazamentos.

Em relação ao saneamento, o ranking mostra que, nos 100 maiores municípios do país, 92,2% da população têm acesso à água tratada. Em 22 das cidades, o atendimento chega a 100%, atingindo a universalização do serviço.

No entanto, os dados de coleta e tratamento de esgoto são bem inferiores. A média de população atendida por coleta de esgoto nas cidades avaliadas é 62,46%. Os números do tratamento são ainda menores: em média, 41,32% do esgoto do grupo de maiores cidades do país é tratado. Entre as 10 cidades com piores índices no quesito, três são capitais: Belém, Cuiabá e Porto Velho, sendo que as duas últimas têm tratamento de esgoto nulo.

Considerando acesso à água, coleta e tratamento de esgoto e o índice de perdas, o estudo fez um ranking com os 20 municípios com melhores e os 20 com piores resultados em saneamento. Além disso, o instituto traçou uma perspectiva de universalização dos serviços nos próximos 20 anos, como quer o governo federal, com base na evolução dos indicadores entre 2008 e 2012.

Entre as 20 cidades com melhores resultados, todas atingiram ou atingirão a meta nos próximos anos. No entanto, nos 20 municípios com piores notas, entre eles seis capitais, apenas um deve atingir a universalização se o ritmo de melhoria se mantiver. “É um dado preocupante, na medida em que a gente tem uma meta clara para duas décadas”, avalou Édison Carlos.

De acordo com o presidente do Trata Brasil, a situação só será revertida se as políticas de saneamento entrarem na agenda de prioridades dos gestores públicos e a população pressionar por avanços no setor. “Tem que ser prioridade, principalmente dos prefeitos, mesmo as cidades em que os serviços são operados por empresas estaduais. Isso não tira a responsabilidade dos prefeitos, que têm que brigar por metas mais rápidas e mais amplas. É preciso foco”, avaliou. “O eleitor, o cidadão, tem que cobrar. É investimento, não é milagre”, comparou.

Por Luana Lourenço, da Agência Brasil.

Estudo revela dano hepático em roedor exposto a radiação de celular


A exposição à radiação de telefones celulares provocou danos hepáticos em ratas grávidas numa pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biologia Celular e Molecular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O próximo passo do estudo é avaliar de que forma a radiação pode interferir no desenvolvimento das crias desses animais expostos.

O estudo, conduzido pela bióloga Tatianne Rosa dos Santos, avaliou dois grupos de ratas grávidas: enquanto 10 foram expostas à radiação de celulares, outras 10 ficaram protegidas de qualquer radiação. O experimento começou quando elas estavam no 15º dia de gestação e se estenderam até o 20º dia.

No grupo exposto à radiação, cada rata passou a “receber ligações” de 25 segundos a cada 2 minutos em um aparelho celular instalado dentro de suas gaiolas blindadas. As ligações se repetiam por um período de 12 horas, sempre durante a noite, horário de maior atividade dos roedores.

“Desenvolvemos um mecanismo que ligava para vários celulares ao mesmo tempo e acionava os celulares juntos. Então, era medida a radiação no local para ver se ela realmente estava sendo emitida”, diz Tatianne. No 20º dia, os animais foram eutanasiados e tiveram fígados e sangue avaliados.

“A partir do soro, fizemos a dosagem de enzimas como AST, ALT, fosfatase alcalina e Gama-GT, que podem indicar dano hepático”, diz a pesquisadora. O que eles encontraram no grupo exposto à radiação foi um aumento de AST e de fosfatase alcalina, o que configura um indício de toxicidade para o fígado.

Esses resultados foram apresentados em um painel na XXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que acontece esta semana em Caxambu, Minas Gerais.

Tatianne cita que outros estudos concluídos em seu laboratório apontam para outros efeitos da radiação do telefone celular em ratos. Um deles demonstrou, por exemplo, que ratos expostos a esse tipo de radiação por 3 ou por 10 noites sofreram uma alteração no número e na qualidade dos espermatozoides produzidos. “A gente observou uma fragmentação do DNA dos espermatozoides. E foi temporal: quanto mais tempo expostos, maior era a fragmentação do DNA.”

A pesquisadora explica que os resultados ainda são preliminares e que não se pode concluir que, em seres humanos, os efeitos da radiação dos celulares seriam semelhantes. “São dados que ainda estão no começo, então é difícil extrapolar diretamente para o humano. Mesmo assim, é importante tentar usar o celular com um pouco mais de cautela, já que utilizamos o tempo todo”, observa a bióloga.

G1 Saúde

sábado, 23 de agosto de 2014

Usinas de energia solar queimam pássaros em pleno voo nos EUA


Usinas de energia solar, conhecidas como alternativas energéticas com menos impacto ambiental, têm queimado pássaros em pleno voo nos Estados Unidos.

Investigadores federais de proteção à vida selvagem que visitaram no ano passado a usina BrightSource Energy, a maior planta solar do mundo, que fica no deserto de Mojave, verificaram que pássaros queimavam e caíam sobre o local, em média, a cada dois minutos.

Agora, esses investigadores pedem que planos de ampliação da usina sejam paralisados até que se possa verificar a extensão total das mortes de pássaros. Enquanto a BrightSource estima que ocorram cerca de mil mortes por ano, um especialista do grupo ambientalista Center for Biological Diversity calcula que ocorram até 28 mil mortes anualmente.

Para Garry George, diretor de energias renováveis da organização ambiental Audubon Society, focada na preservação dos pássaros, as mortes são alarmantes. "É difícil dizer se é a localização ou a tecnologia", diz. "É preciso ter cautela."

As mortes das aves mostram que a busca por uma energia limpa por vezes pode provocar danos ambientais inadvertidamente. Fazendas solares têm sido criticadas também por seus impactos sobre as tartarugas do deserto e os parques eólicos já foram apontados por matar pássaros, inclusive numerosas aves de rapina.

"Levamos esse assunto muito a sério", disse Jeff Holland, prota-voz da empresa NRG Solar, de Carlsbad, na Califórnia. Trata-se de uma das três empresas por trás da usina. A outra empresa é o Google.


A usina de US$ 2,2 bilhões, inaugurada em fevereiro, tem por mais de 300 mil espelhos, cada um do tamanho de uma porta. Eles refletem os raios solares em direção a três torres, que se elevam a uma altura de até 40 andares. A água dentro das torres é aquecida para produzir vapor, que aciona turbinas que geram energia elétrica suficiente para suprir 140 mil casas.

Os raios solares refletidos pelos espelhos são brilhantes o suficiente para atrapalhar pilotos chegando ou saindo de Las Vegas e de Los Angeles.

Especialistas afirmam que a usina pode ser uma grande armadilha para a vida selvagem: a luz refletida pelos espelhos atrai insetos que, por sua vez, atraem pássaros que morrem devido aos intensos raios de luz.

Defensores da energia solar estão lutando para evitar que as mortes dos pássaros forcem uma pausa na construção de novas usinas, no momento em que eles veem que a tecnologia está a ponto de tornar-se mais acessível e disponível, de acordo com Thomas Conroy, especialista em energias renováveis.

Para ele, a diversidade de tecnologias  e de fontes energéticas é essencial. "Ninguém deve argumentar que devemos usar só carvão, só energia solar, só energia eólica ou só energia nuclear. E cada uma dessas tecnologias tem uma longa lista de prós e contras."

G1 Natureza

Apetite global por energia aumenta pressão sobre água


Os recursos hídricos estão sob pressão para atender a crescente demanda global por energia. O alerta vem de um novo relatório da ONU, lançado na última sexta-feira (21), em Tóquio, por ocasião do Dia Mundial da Água. O documento analisa criticamente a falta de coordenação e planejamento entre os dois domínios, e insta a melhorias para evitar a escassez de energia, o desabastecimento de água e a deterioração dos recursos naturais.

No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do planeta. Mas esse número está aumentando e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%.

A demanda por energia elétrica deve aumentar em 70% até 2035, com mais de metade deste crescimento vindo da China e da Índia.

Recursos hídricos em declínio já estão afetando muitas partes do mundo e 20% de todos os aquíferos já são considerados sobreexplorados.

Em 2050, 2,3 bilhões de pessoas estarão vivendo em regiões sujeitas a estresse hídrico severo, especialmente na África do Norte, Central e Sul da Ásia.

De acordo com o estudo, o desafio de atender a demanda por energia pode muito bem vir às custas dos recursos hídricos. Como a preocupação com o meio ambiente e os impactos sociais das térmicas e das usinas nucleares aumenta, os países estão tentando diversificar suas fontes de energia, visando reduzir a dependência externa e mitigar os efeitos da flutuação dos preços. Mas todos as opções têm seus limites, diz a ONU.

O cultivo de biocombustíveis, que requer uma grande quantidade de água, aumentou em grande escala desde 2000. Extração de gás de xisto também se espalhou nos últimos anos, particularmente nos Estados Unidos. Mas esta energia fóssil só pode ser extraída através de fraturamento hidráulico, que requer grandes quantidades de água e apresenta o risco de contaminar os lençóis freáticos.

Fontes de energia renováveis parecem menos prejudicial para o abastecimento de água, sugere o relatório. A hidroeletricidade atualmente atende 16% da demanda de energia em todo o mundo e seu potencial ainda é pouco explorado. No entanto, a construção de barragens pode ter um impacto negativo sobre a biodiversidade e as comunidades humanas.

Outras energias alternativas estão ganhando terreno. Entre 2000 e 2010, a energia eólica e a energia solar cresceram 27% e 42%, respectivamente, em todo o mundo. Mas, embora essas tecnologias exijam muito pouca água, eles fornecem energia de forma intermitente e precisa ser combinado com outras fontes que não necessitam de água.

Assim, pondera o relatório, apesar dos progressos na área das energias renováveis, o combustível fóssil deve manter a sua liderança nos próximos anos. Pelas previsões da Agência Internacional de Energia, os combustíveis fósseis devem manter sua liderança na matriz mundial até 2035, seguido das energias renováveis.

COMO ENFRENTAR O DESAFIO DA ENERGIA
 O relatório destaca a necessidade de coordenar as políticas de água e de gestão de energia para enfrentar os desafios futuros. Isto inclui a revisão de práticas de preços para garantir que a água e a energia são vendidas a preços que reflitam seu custo real e impacto ambiental com mais precisão.

Sistemas que permitem a produção combinada de água e energia elétrica, provavelmente serão a chave para o futuro, diz o estudo.

É o caso das usinas de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, e Shoaiba, na Arábia Saudita, que servem tanto para a dessalinização da água do mar como para a produção de energia.

Outa solução que vem ganhando força é reciclagem de água para geração de energia. A matéria orgânica serve para a produção de biogás rico em metano.

No Chile, a central de Farafana trata 50% do esgoto de Santiago e produz perto de 24 milhões de metros cúbicos de biogás. Cem mil moradores usam essa energia, em vez de gás natural.

Em Estocolmo, na Suécia, carros e táxis usam biogás produzido a partir de águas residuais. O interesse por esta tecnologia também está crescendo em países em desenvolvimento.

ÁGUA E ENERGIA: UMA RELAÇÃO DELICADA 

O relatório mostra que os lugares onde as pessoas não têm acesso adequado à água coincidem, em grande parte, com aqueles onde as pessoas não têm energia elétrica, evidenciando o quão interligados são esses dois setores.

Em pleno século 21, 768 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a uma fonte de água tratada, 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento adequado, enquanto 1,3 bilhão de pessoas não possuem acesso a energia elétrica.

A coleta, o transporte e o tratamento de água necessitam de energia, enquanto a água é utilizada na produção de energia e para a extração de combustíveis fósseis. Usinas de geração elétrica, que produzem 80% da eletricidade no mundo, utilizam grandes quantidades de água para o processo de resfriamento.

Segundo a ONU, essas relações evidenciam que as escolhas estratégicas feitas em um domínio têm repercussões sobre o outro.

Planeta Sustentável

Guerra por água revela crise de governança no Brasil


O conflito entre Rio de Janeiro e São Paulo em torno do rio Paraíba do Sul é apenas o sintoma mais visível de um problema grave: a crise de governança da água. Para especialistas, o governo brasileiro falha em dar respostas adequadas às crises hídricas, o que coloca em risco a própria legitimação de suas instituições.

A investida da companhia de eletricidade de São Paulo (CESP) de reduzir a vazão de água da Usina
Hidrelétrica Jaguari - contrariando determinação do ONS e diminuindo assim a quantidade de água do Paraíba do Sul que segue para o Rio de Janeiro - é indicação clara do problema.

Outro sinal: o risco da disputa em torno da transposição do Paraíba do Sul ir parar no Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta enfrenta a resistência do governo fluminense e é tema de uma ação do Ministério Público Federal de Campos.

"Quando a gente chega a esse ponto é porque a crise tem sido de governança. A gestão da água vinha numa crescente focada na administração por bacias hidrográficas, mais descentralizada e mais participativa. Infelizmente, na última década, temos tido uma fragilidade, um desmonte desse tipo de gestão, muito desencadeado pelo governo federal. E isso tem a ver, por exemplo, com o enfraquecimento da ANA, que tem menos poder do que a Aneel", afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica.

Para ela, a crise da governança ficou explicita na transposição do Rio São Francisco, "quando todos os comitês de bacias da região foram contra a obra, e mesmo assim ela foi à frente e a questão foi para a justiça, e agora temos uma obra inacabada".

Esse episódio foi, segundo Malu, o primeiro abalo na estrutura do sistema de recursos hídricos no Brasil. "Se os comitês deliberaram contra, por questões técnicas e ambientais, por que foram ignorados?", questiona.

Outro caso problemático, na visão da especialista, foi a expansão de PCHs (pequenas centras hidrelétricas) em Minas Gerais, que estavam sendo licenciadas, mas o Ministério Público teve que revogar as licenças porque não foi feito um estudo de impacto ambiental nas bacias hidrográficas afetadas. "Minas Gerais, que é popularmente conhecida como caixa d’água no Brasil, acabou sendo enfraquecida pelo confronto judicializado entre o setor elétrico e o de água", acrescenta.

RIO X SP 

Para Márcio Pereira, especialista em meio ambiente do L.O. Baptista-SVMFA, as disputas judiciais não resolvem o problema hídrico. Segundo ele, nem São Paulo, nem o Rio de Janeiro e tampouco o governo federal, têm cumprido com suas obrigações de gestão.

"As nossas agências reguladoras deveriam fazer a mediação de conflitos, mas esse papel ainda não foi implementado. Cabe ao governo fazê-lo. É o processo de integração entre diferentes politicas que está faltando. O setor elétrico tem uma política, o setor de resíduos tem outro, o de água tem outro, assim fica difícil", pontua.

São Paulo e Rio, segundo ele, poderiam aproveitar a oportunidade para reunir todos os atores que fazem uso da água e encontrar uma solução apartidária, buscar uma oportunidade de iniciar um novo modelo de gestão a fim de evitar conflitos nos próximos anos.

"Sem mexer na nossa Constituição, poderíamos criar um sistema único que centralizasse todos os órgãos. Porque a água é continua, ela só vai ter diferentes domínios de forma circunstancial", completa.

Arthur Rollo, advogado e professo da Faculdade de Direito de São Bernardo, alerta para a tendência dos conflitos de água aumentarem à medida que as fontes atuais são exauridas ou poluídas.

"O poder público tem o dever de preservar os recursos naturais. Isso devia ser permanente. Na verdade, países conscientes em relação à água usam essa política de forma permanente. Mas aqui a gente suja a água da represa, e tem que gastar muito dinheiro para tratar e gerar agua potável", diz.

Mas a população também tem papel ativo. "Tem um principio do direito ambiental que é o principio da
participação ambiental, todos têm que participar ativamente da preservação dos recursos naturais para a presente geração e para o futuro. Tem que preservar, fiscalizar e cobrar", finaliza.

Planeta Sustentável

domingo, 17 de agosto de 2014

Só 10% do lixo em João Pessoa é enviado para coleta seletiva, diz Emlur


O programa de Coleta Seletiva na cidade de João Pessoa recebe apenas 10% de todo o lixo produzido no município. O serviço já existe há aproximadamente 15 anos. No entanto, de acordo com o coordenador da coleta na capital paraibana, Gilberto Félix, a consciência da população da capital paraibana  sobre o destino correto dos materiais ainda está muito longe do ideal.

Para Gilberto Felix, a cidade de João Pessoa é quase precária no que se diz respeito ao cuidado e separação do lixo. "As pessoas não estão acostumadas com a coletiva seletiva, nem em ter o cuidado em colocar os tipos de lixo separados. Pior é quando realizamos a coleta em um local e quando voltamos está do mesmo jeito, isto nos dá até desgosto. É preciso que a população ajude mais, sendo assim, precisamos desenvolver não só o trabalho ambiental, como também, o trabalho social", disse ele, que também ressaltou, " Ver a cidade cada vez mais limpa deveria ser um meta de todos".

Nem todos os bairros da cidade são atendidos pelos carrinhos da coleta seletiva, como por exemplo, os bairros do Centro, Tambauzinho, Valentina, Gramame e Esplanada, mas segundo Gilberto Feliz esse não é um motivo para não se preocupar com o lixo produzido nas residências, pois qualquer pessoa que se interessar pelo serviço, pode solicitá-lo através do telefone: 0800-083-2425.

"Em caráter de urgência estamos trabalhando para atender toda a cidade, a meta é que 100% da capital tenha acesso aos nossos serviços. Porém, nos lugares que ainda não chegamos é só ligar para nosso número que imediatamente faremos de tudo para atender a solicitação", explicou Gilberto.

Os agentes ambientais realizam a coleta todos os dias empurrando seus carrinhos, onde geram renda para suas familias. Há também um caminhão que auxilia os trabalhos. Gilberto Freire informou que as pessoas que desenvolvem esse trabalho são os antigos cotadores do Lixão do Róger, e que alguns deles chegam a receber R$ 2 mil. Entretanto, esse modo de fazer a coleta é considerado antiquado, e a meta é ter pelo menos mais quatro caminhões para otimizar o serviço.

Segundo a Prefeitura Municipal, em seu site oficial, atualmente, a cidade conta com cinco núcleos de coleta seletiva, nos bairros: Cabo Branco, Bessa, 13 de Maio, Jardim Cidade Universitária e Mangabeira.

G1 PB

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Lago misterioso aparece no deserto da Tunísia


Um lago misterioso apareceu no deserto da Tunísia no mês de julho, criando um novo local de lazer para moradores locais e despertando curiosidade sobre sua formação.

O local foi descoberto por pastores há cerca de três semanas. No início, o lago era azul, mas com o passar do tempo se tornou verde, com grande presença de algas, gerando um questionamento sobre uma possível contaminação de suas águas, segundo o jornal “Daily Mail”.

Apesar disso, a praia de Gafsa, como passou a ser chamado o local, passou a ser muito utilizada pelos moradores locais, que usam suas aguas para se refrescar do forte calor. Na região, as temperaturas chegam a 40ºC.


Ainda não houve nenhuma explicação para o surgimento do lago, mas alguns especialistas sugeriram que uma atividade sísmica possa ter levado uma porção de água subterrânea a chegar à superfície.

O escritório de Segurança Pública de Gafsa emitiu um alerta ao público avisando que o lago é perigoso e não apto para o mergulho, mas isso não interrompeu o uso das águas pelos locais.

G1

Governo não prorrogará prazo para lei que extingue lixões


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou nesta quinta-feira (31) que o governo federal não determinará a prorrogação do prazo para o início da aplicação da lei que proíbe o uso de lixões no país. Mais de metade dos municípios do país não tomaram as medidas necessárias para cumprir a determinação, que é conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos. O prazo de adequação é até este sábado (2).

A lei foi sancionada em 2010 e determina que as prefeituras deveriam ter concluído, até 2 agosto deste ano, a destinação adequada para o lixo que não possui qualquer possibilidade de reaproveitamento. Entre as medidas possíveis estão a construção de aterro sanitário ou a incineração com baixo impacto ambiental. Sem o cumprimento da lei, os municípios ficam sujeitos a multas e ações na Justiça por crime ambiental.

“O governo entende que o assunto é tão importante que não se trata de prorrogar prazo. A decisão é manter prazo e nos colocarmos à disposição do Congresso para manter o diálogo”, disse Izabella Teixeira. De acordo com a ministra, o governo federal irá se reunir, no próximo dia 22, com autoridades do Ministério Público Federal nos estados para decidir soluções para o caso de municípios que estão descumprindo a nova norma.

De acordo com Ministério do Meio Ambiente (MMA), somente 2.202 municípios, de um total de 5.570, estabeleceram medidas para garantir a destinação adequada do lixo que não pode ser reciclado ou usado em compostagem. Em alguns estados, como Roraima, o Ministério Público tem questionado as ações que estão sendo pelo governo local para o cumprimento da lei.

A ministra evitou falar que os municípios que não cumprem a lei estão em situação irregular. Eles correspondem a cerca de 60% do total do municípios do país, mas produzem o equivalente a aproximadamente 40% do volume de lixo, segundo o MMA. “Esses [mais de]  3.000 municípios estariam, não sei se irregulares. [Estariam] em situação de questionamento”, disse a ministra.

Recursos disponíveis

O MMA informou que nos últimos quatro anos foram disponibilizados R$ 1,2 bilhão para que estados e municípios realizassem o planejamento das ações e iniciassem medidas para se adequarem à nova legislação de resíduos sólidos. No entanto, segundo Izabella Teixeira, cerca de 50% foi efetivamente aplicado, devido ao que ela chamou de “dificuldades operacionais”.

A ministra explicou que, em alguns casos, municípios deixaram de acessar os recursos de investimento na aplicação da lei por terem não terem apresentado um projeto executivo. Em outras ocasiões, a liberação foi suspensa devido à má aplicação.

“São situações de incapacidade técnica de municípios, incapacidade de acessar recursos. Há situações, inclusive, que podem ser resolvidas entendendo melhor a integração dos planos municipais”, declarou Izabella. “O que temos visto é intenção de construir soluções. Há uma grande preocupação de prefeitos em resolver isso, porque ninguém quer ter problema ambiental”, completou.

Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, as autoridades que desobedecem as determinações previstas na norma ficam submetidas a punições previstas na lei de crimes ambientais, que inclui multas que variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões. Atualmente, somente três estados possuem plano de resíduos sólidos: Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro. O ministério não divulgou o total de municípios que já têm o plano definido.

G1 Natureza

Supermercado usa o próprio lixo para fazer compostagem


As redes de supermercados são as responsáveis por gerar a maior quantidade de lixo orgânico. Boa parte deste material é descartado nos aterros sanitários sem passar por qualquer processo de separação ou reciclagem. Na contramão, a Zona Sul, uma das grandes redes no Rio de Janeiro, decidiu investir em um programa para transformar o lixo gerado em suas lojas em adubo orgânico.

O lixo orgânico é aquele resíduo de origem vegetal ou animal, como restos de alimentos (carnes, vegetais, frutos, cascas de ovos). Em seu processo de decomposição, esse lixo produz o chorume, um líquido viscoso que pode provocar contaminação de ambientes naturais como solo e águas.

Se não aproveitado de forma correta, o resíduo orgânico perde seu grande potencial que é o de gerar energia e ainda transformar-se em um importante produto para adubar a terra. É através da compostagem que é possível aplicar um conjunto de técnicas para transformar o que, a princípio, não teria mais valor em um produto útil.

A compostagem é um processo de transformação de matéria orgânica em adubo com a ação de bactérias em alta temperatura. Este processo é também conhecido como uma forma de se reciclar o indesejável e mal cheiroso lixo orgânico.

Há cinco anos, a Zona Sul resolveu separar as 5 toneladas de lixo orgânico geradas nas 33 lojas e mandar para a compostagem. Após a triagem do lixo, restam 3 toneladas que se tornam matéria-prima para transformar-se em adubo, que pode ser usado na agricultura, jardins e plantas.

"O que geramos de resíduos orgânicos em toda a nossa rede é praticamente uma cidade, pois temos cinco mil funcionários. A gente começou a pensar na ideia da compostagem", contou a ((o))eco Fortunato Leta, diretor-presidente da rede Zona Sul. "O desafio era retribuir para a sociedade e diminuir a carga de resíduos que a gente leva para os aterros", disse em uma conversa durante o seminário "Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Como transformar lixo em dinheiro".

A ideia começou a tomar corpo em 2009 e hoje, já são produzidos 30 toneladas de adubo orgânico através de empresas parceiras. Apenas a rede em si mobiliza 150 funcionários para trabalhar no processo de seleção do lixo enviado para a compostagem. Uma parte é feita com uma empresa parceira no município de Magé, a 60 km da capital fluminense, e outra parte segue para a Comlurb, que compra o lixo para fazer composto orgânico e utilizar em praças e encostas.

Compostagem ainda é cara

Leta diz que esta iniciativa de reciclagem de lixo orgânico é pioneira no setor de redes de supermercados no estado do Rio, mas ainda não se paga. "Arrisco a dizer que somos os únicos na indústria de supermercado que fazemos esse projeto no Rio, ou seja, aproveitar o lixo e não levá-lo para o aterro". No entanto, ele garante que sai "muito mais barato" jogar o lixo no aterro sanitário. "Ainda não consegui fechar os custos. Meu discurso está antenado com a ação, mesmo não valendo a pena economicamente", disse. O adubo orgânico derivado do lixo reciclado volta às prateleiras das lojas do Zona Sul em embalagens de 2 quilos.

Para Leta, o desafio agora é participar de todo o ciclo que envolve desde a geração de lixo, reciclagem, adubação e produção de cultivos orgânicos. Em um projeto ainda piloto, a rede alugou um pequeno terreno onde planta pimenta em 4 mil metros quadrados de área. A primeira safra da pimenta foi colhida recentemente de um solo também certificado como orgânico.

"Conseguimos uma parceria de um produtor orgânico em Magé próximo à empresa que faz a compostagem e lá estamos produzindo pimenta. É a nossa primeira experiência. Queremos participar do ciclo completo. Se der certo, vamos expandir", disse Leta.

O ECO

“Salve o Planeta” e fique também milionário


O título deste artigo é o tema do novo vídeo “História do CAP & TRADE” lançado pela ONG norte-americana que produziu “A história das coisas”, que critica o mercado de carbono, citando o exemplo da Indonésia onde estão devastando as florestas tropicais, riquíssimas em biodiversidade, para plantar árvores e gerar créditos para o mercado de carbono.

Quando li um artigo com o alerta de que o mercado de carbono representava uma ameaça aos ecossistemas, não levei a sério. Não acreditava que o ser humano pudesse ser tão perverso. Porém, mudei de ideia quando fui procurado por uma dessas empresas que neutralizam carbono que fez proposta de parceria na prospecção de áreas para plantar árvores. Eu expliquei que o desmatamento na Mata Atlântica é intenso, que está muito difícil salvar as matas preservadas que restam e todo o esforço deveria ser empreendido para salvá-las. A resposta, muito sincera, deles para aliviar minha angústia foi decepcionante: “Não se preocupe! Deixe que os proprietários desmatem estas matas de árvores velhas que não servem para nada, não sequestram carbono, e plante árvores novas que vão ajudar o Planeta a combater o aquecimento global e gerar renda para os proprietários”.

Esta é a lógica por trás de qualquer campanha para “ajudar” a natureza, que vão de reciclagem até a milionária indústria da “restauração” de matas ciliares e corredores ecológicos. Ignora-se a realidade do ritmo alucinante de desmatamento na mesma região onde estes milionários projetos de restauração são implantados.

Centenas de quilômetros de matas ciliares são destruídas todos os dias sem que ninguém se importe porque o combate à devastação não dá dinheiro, não gera renda para as comunidades, só encrenca para o doido que se preocupar com estas “bobagens” de perda de biodiversidade, manutenção da integridade de ecossistemas etc. Recursos para a fiscalização do IBAMA combater a devastação não tem, mas para a milionária indústria da “restauração” está sobrando. Quanto mais devastação, mais dinheiro se ganha.

No ano passado o BNDES deu R$ 2,5 milhões (dinheiro público) para um projeto de implantação de um bosque de 50 hectares em Minas Gerais, um estado que desmata mais de 12.000 hectares por ano de Mata Atlântica, puxados pelo desenvolvimento que o próprio BNDES incentiva financeiramente. Na propaganda, o BNDES ilude a sociedade, passando a ideia de que um bosque de árvores plantadas compensa a destruição um ecossistema tropical de Mata Atlântica com milhares de espécies de plantas e animais para fornecer carvão para as siderurgias. Do ponto de vista educativo, com esta proposta de plantar um bosque para supostamente compensar a devastação, dá um péssimo exemplo para as pessoas ao minimizar a gravidade que é destruir um ecossistema e aniquilar toda sua biodiversidade.

A fonte destes recursos para satisfazer o ego e alimentar a ignorância de poucos com a implantação de bosques e sustentar a milionária indústria da restauração é uma só: o bolso do contribuinte. Não seria mais racional primeiro deter a devastação da Mata Atlântica destinando estes recursos milionários à fiscalização do IBAMA? O órgão está à míngua, com salários defasados que tira a motivação dos funcionários e sem estrutura adequada de pessoal e equipamentos.

O mais bizarro de todos os exemplos da moda de salvar o planeta e ganhar dinheiro é uma campanha de internet chamada de Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. Com este ritmo de devastação da Mata Atlântica alucinante, totalmente fora de controle, não seria mais óbvio um pacto para salvar o que resta? Qualquer fragmento de mata está sendo atacado impiedosamente. Constatei isso até aqui, em São José dos Campos (SP), quando visitei recentemente quase todos os fragmentos de Mata Atlântica nos arredores da área urbana, o que não foi difícil porque são apenas alguns. Em todos eles, constatei que estão sendo destruídos aos poucos com supressão paulatina das árvores maiores e o sub-bosque destruído com o uso frequente de roçadeiras.

Dias atrás, os idealizadores do pacto divulgaram uma nota à imprensa bastante curiosa e suspeita. Segundo eles, já tinham restaurando 20 mil hectares nos primeiros dois anos do “projeto”. Restauração em dois anos? Como é possível restaurar a Mata Atlântica em dois anos, se na situação mais favorável de uma área adjacente a uma mata preservada leva mais de 150 anos para se regenerar? A propaganda era mais enganosa do que se imaginava.

Não se tratava do total de áreas com reflorestamentos de mudas para formar bosques – e denominar erroneamente de Mata Atlântica –, que na maioria destes projetos de plantio de árvores nem um bosque se forma. As mudas são plantadas para ganhar dinheiro e abandonadas depois, permitindo, por exemplo, que o capim braquiária colonize novamente a área e sufoque tudo o que tenta crescer ali, conforme mostra a imagem abaixo, que é de um projeto caro de “restauração da Mata Atlântica”.

É inacreditável, mas o número divulgado tratava-se de adesões com cliques no site, manifestando intenções, promessas. A meta de 15 milhões de hectares até o ano de 2050 será tranquilamente atingida, porque duas semanas após anunciarem que atingiram 20 mil hectares, o número dobrou. Neste ritmo em poucos meses eles deverão atingir os 15 milhões. Para efeito de marketing este truque proporcionado pela internet funciona.

A facilidade da internet permite números impressionantes de adesões em qualquer tipo de campanha, mas acabam causando grandes frustrações quando se tenta converter este poderoso capital virtual de adesões para o mundo real. Um exemplo recente foi o caso a mamãe que amamentava seu bebê em uma exposição de artes no Itaú Cultural e foi repreendida pela funcionária da instituição, de forma muito desumana. Através do Facebook ela convocou outras mães para um protesto contra o Itaú Cultural, conquistando 50 mil adesões de mães que confirmaram ir ao protesto em frente ao edifico da instituição. Mas só compareceram 30 mães, todas do seu círculo de amigas e parentas (fora da rede social virtual).

A falta de seriedade neste tipo de proposta do “pacto” é muito fácil de ser percebida, assim como seus propósitos de servirem como marketing verde (enganoso). Dizem na propaganda que o pacto é formado por organizações “que estão trabalhando efetivamente para recuperar um dos biomas mais importantes e ameaçados do planeta”,. No entanto, uma destas adesões é a maior empresa do setor florestal (papel e celulose) que está cobrindo a serra da Mantiqueira com eucaliptos, a ponto de a Defensoria Pública do Estado de São Paulo propor ações, bem sucedidas, na justiça para impedir a expansão. A empresa está prospectando desesperadamente áreas baratas para plantar eucalipto devido às exportações de pasta de celulose para a China que não param de crescer e, desta forma, exerce uma pressão muito forte sobre os remanescentes de Mata Atlântica.

As propriedades rurais abandonadas devido à ascensão social dos herdeiros, que hoje vivem nas cidades, permitiram que a Mata Atlântica regenerasse espontaneamente. São áreas de mata secundária, mas que abrigam uma fabulosa biodiversidade refugiada nestas poucas áreas. A empresa do “pacto” mira justamente nestas propriedades para arredamento ou parceria para plantar eucalipto. Estes proprietários, geralmente bem sucedidos economicamente nas cidades, que já consideravam a possibilidade de deixar a propriedade para a natureza, não resistem às propostas tentadoras de arrendamento. Se incluírem estas áreas que estão sendo destruídas para plantar eucalipto, os números do pacto da restauração ficariam negativos e déficit aumentaria todos os dias.

O tema meio ambiente é bastante amplo e a moda verde criou uma infinidade de oportunidades de ganhar dinheiro explorando a ignorância das pessoas como o chamado marketing verde. A reciclagem, uma atividade econômica que sempre existiu, nos últimos anos virou apelo do marketing verde para justificar a exploração de mão de obra infantil e de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Quem está na ponta final do comércio de recicláveis consegue ficar rico facilmente.

O Banco Itaú tem um programa para financiar projetos sociais, que se chamava FIES (Fundo Itaú Excelência Social) e agora, dentro de uma estratégia de marketing, mudou de nome para Itaú Unicef. Então, os marqueteiros do Itaú, atentos a onda do marketing verde, resolveram denominar indevidamente de educação ambiental os projetos sociais que envolvessem algum tipo de exploração de mão de obra infantil para gerar renda para alguém com catação de lixo (materiais recicláveis). Manusear lixo é atividade econômica de alta periculosidade para as crianças, porque pode estar contaminado com a bactéria da leptospirose, vírus da hepatite etc.

Imagine que perspectiva do futuro tem estas crianças participantes do projeto ao lhes ser ensinado que podem ganhar dinheiro catando lixo, vivendo das sobras das classes mais abastadas. Os marqueteiros do Banco Itaú não querem que as crianças brasileiras pobres estudem a ascendam socialmente. Patrocinam projetos que condicione as crianças e adolescentes a permanecerem pobres para o resto da vida e tirarem o sustento daquilo que as pessoas jogam fora. A escola é o único caminho para a igualdade social e, pelo jeito, os marqueteiros do Itaú ignoram isto e empurram o Brasil para o terceiro mundo.

Nas regiões pobres do Brasil há centenas de crianças que poderão ser grandes cientistas, engenheiros, médicos, professores, marqueteiros com valores éticos, administradores etc. Mas para que isto aconteça é necessário incentivar o ensino de ciências e de outras disciplinas o que pode ser feito através de uma educação ambiental séria, estimulando o contato com a natureza, o conhecimento da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros, ambientes que os estudantes não valorizam e não se importam com sua destruição porque não conhecem. Construir uma sociedade melhor não é incentivar a exploração de crianças na coleta de lixo para adultos ganharem dinheiro.

As fontes de energia alternativas, como painéis para energia solar, cuja fabricação é extremamente cara e causa gravíssimos impactos ao meio ambiente, são também exploradas pelo marketing verde e estão deixando muitas pessoas ricas. O mesmo ocorre com os parques eólicos que estão devastando ecossistemas raros e frágeis e são vendidos erroneamente como “energia limpa”.

Com estes tipos de ajuda, o Planeta está pedindo socorro: “Parem de me ajudar, pelo Amor de Deus”.

Germano Woehl Jr - O ECO