A exposição à radiação de telefones celulares provocou danos hepáticos
em ratas grávidas numa pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biologia
Celular e Molecular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O
próximo passo do estudo é avaliar de que forma a radiação pode
interferir no desenvolvimento das crias desses animais expostos.
O estudo, conduzido pela bióloga Tatianne Rosa dos Santos, avaliou dois
grupos de ratas grávidas: enquanto 10 foram expostas à radiação de
celulares, outras 10 ficaram protegidas de qualquer radiação. O
experimento começou quando elas estavam no 15º dia de gestação e se
estenderam até o 20º dia.
No grupo exposto à radiação, cada rata passou a “receber ligações” de
25 segundos a cada 2 minutos em um aparelho celular instalado dentro de
suas gaiolas blindadas. As ligações se repetiam por um período de 12
horas, sempre durante a noite, horário de maior atividade dos roedores.
“Desenvolvemos um mecanismo que ligava para vários celulares ao mesmo
tempo e acionava os celulares juntos. Então, era medida a radiação no
local para ver se ela realmente estava sendo emitida”, diz Tatianne. No
20º dia, os animais foram eutanasiados e tiveram fígados e sangue
avaliados.
“A partir do soro, fizemos a dosagem de enzimas como AST, ALT,
fosfatase alcalina e Gama-GT, que podem indicar dano hepático”, diz a
pesquisadora. O que eles encontraram no grupo exposto à radiação foi um
aumento de AST e de fosfatase alcalina, o que configura um indício de
toxicidade para o fígado.
Esses resultados foram apresentados em um painel na XXIX Reunião Anual
da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que
acontece esta semana em Caxambu, Minas Gerais.
Tatianne cita que outros estudos concluídos em seu laboratório apontam
para outros efeitos da radiação do telefone celular em ratos. Um deles
demonstrou, por exemplo, que ratos expostos a esse tipo de radiação por 3
ou por 10 noites sofreram uma alteração no número e na qualidade dos
espermatozoides produzidos. “A gente observou uma fragmentação do DNA
dos espermatozoides. E foi temporal: quanto mais tempo expostos, maior
era a fragmentação do DNA.”
A pesquisadora explica que os resultados ainda são preliminares e que
não se pode concluir que, em seres humanos, os efeitos da radiação dos
celulares seriam semelhantes. “São dados que ainda estão no começo,
então é difícil extrapolar diretamente para o humano. Mesmo assim, é
importante tentar usar o celular com um pouco mais de cautela, já que
utilizamos o tempo todo”, observa a bióloga.
G1 Saúde
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