As redes de supermercados são as responsáveis por gerar a maior
quantidade de lixo orgânico. Boa parte deste material é descartado nos
aterros sanitários sem passar por qualquer processo de separação ou
reciclagem. Na contramão, a Zona Sul, uma das grandes redes no Rio de
Janeiro, decidiu investir em um programa para transformar o lixo gerado
em suas lojas em adubo orgânico.
O lixo orgânico é aquele resíduo de origem vegetal ou animal, como
restos de alimentos (carnes, vegetais, frutos, cascas de ovos). Em seu
processo de decomposição, esse lixo produz o chorume, um líquido viscoso
que pode provocar contaminação de ambientes naturais como solo e águas.
Se não aproveitado de forma correta, o resíduo orgânico perde seu
grande potencial que é o de gerar energia e ainda transformar-se em um
importante produto para adubar a terra. É através da compostagem que é
possível aplicar um conjunto de técnicas para transformar o que, a
princípio, não teria mais valor em um produto útil.
A compostagem é um processo de transformação de matéria orgânica em
adubo com a ação de bactérias em alta temperatura. Este processo é
também conhecido como uma forma de se reciclar o indesejável e mal
cheiroso lixo orgânico.
Há cinco anos, a Zona Sul resolveu separar as 5 toneladas de lixo
orgânico geradas nas 33 lojas e mandar para a compostagem. Após a
triagem do lixo, restam 3 toneladas que se tornam matéria-prima para
transformar-se em adubo, que pode ser usado na agricultura, jardins e
plantas.
"O que geramos de resíduos orgânicos em toda a nossa rede é
praticamente uma cidade, pois temos cinco mil funcionários. A gente
começou a pensar na ideia da compostagem", contou a ((o))eco Fortunato
Leta, diretor-presidente da rede Zona Sul. "O desafio era retribuir para
a sociedade e diminuir a carga de resíduos que a gente leva para os
aterros", disse em uma conversa durante o seminário "Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Como transformar lixo em dinheiro".
A ideia começou a tomar corpo em 2009 e hoje, já são produzidos 30
toneladas de adubo orgânico através de empresas parceiras. Apenas a rede
em si mobiliza 150 funcionários para trabalhar no processo de seleção
do lixo enviado para a compostagem. Uma parte é feita com uma empresa
parceira no município de Magé, a 60 km da capital fluminense, e outra
parte segue para a Comlurb, que compra o lixo para fazer composto
orgânico e utilizar em praças e encostas.
Compostagem ainda é cara
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Leta diz que esta iniciativa de reciclagem de lixo orgânico é
pioneira no setor de redes de supermercados no estado do Rio, mas ainda
não se paga. "Arrisco a dizer que somos os únicos na indústria de
supermercado que fazemos esse projeto no Rio, ou seja, aproveitar o lixo
e não levá-lo para o aterro". No entanto, ele garante que sai "muito
mais barato" jogar o lixo no aterro sanitário. "Ainda não consegui
fechar os custos. Meu discurso está antenado com a ação, mesmo não
valendo a pena economicamente", disse. O adubo orgânico derivado do lixo
reciclado volta às prateleiras das lojas do Zona Sul em embalagens de 2
quilos.
Para Leta, o desafio agora é participar de todo o ciclo que envolve
desde a geração de lixo, reciclagem, adubação e produção de cultivos
orgânicos. Em um projeto ainda piloto, a rede alugou um pequeno terreno
onde planta pimenta em 4 mil metros quadrados de área. A primeira safra
da pimenta foi colhida recentemente de um solo também certificado como
orgânico.
"Conseguimos uma parceria de um produtor orgânico em Magé próximo à
empresa que faz a compostagem e lá estamos produzindo pimenta. É a nossa
primeira experiência. Queremos participar do ciclo completo. Se der
certo, vamos expandir", disse Leta.
O ECO
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