O coordenador de campanhas da organização não governamental (ONG)
Greenpeace, Márcio Astrini, criticou a falta de detalhamento dos vetos e
modificações no texto do Código Florestal, anunciados hoje (25) pelo
governo.
A presidenta Dilma Rousseff decidiu vetar 12 itens e fazer 32
modificações no texto, mas as alterações não foram detalhadas e só serão
divulgadas na segunda-feira (28), com a publicação do texto final no Diário Oficial da União e o encaminhamento da comunicação dos vetos ao Congresso Nacional.
“O Brasil dorme hoje sem saber qual é o seu Código Florestal, qual o
texto que vai ser alterado pela caneta da [presidenta] Dilma. A gente
esperava que de fato o governo divulgasse alguma coisa, mas o que vimos
foram apenas discursos para não dizer nada à sociedade, não explicar
que alterações serão feitas na segunda-feira”, declarou.
A principal modificação feita no texto é a mudança nas regras para
recomposição de areas de Preservação Permanente (APPs) de margens de
rios, para substituir o Artigo 61 do código aprovado pela Câmara dos
Deputados no fim de abril. O texto só exigia a recuperação da vegetação
de APPs ao longo de rios com, no máximo, 10 metros de largura. E não
previa nenhuma obrigatoriedade de recuperação dessas áreas nas margens
dos rios mais largos.
Com a alteração anunciada hoje, os produtores rurais terão que
recompor entre 5 e 100 metros de vegetação nativa das APPs nas margens
dos rios, dependendo do tamanho da propriedade e da largura dos rios que
cortam os imóveis rurais.
Segundo Astrini, a mudança não é satisfatória e não garante a
recuperação das matas ciliares. “O governo não apresentou nenhuma base
técnica para a definição dessas regras. O governo não tem nenhuma base
para isso que apresentou. Não houve nenhum anúncio que possa garantir
que essa recuperação seja eficiente e vá assegurar a recuperação do meio
ambiente”, disse.
Desde a aprovação do novo código na Câmara, organizações
ambientalistas e movimentos sociais lideraram um movimento chamado Veta,
Dilma, pedindo que a presidenta derrubasse os pontos considerados mais
críticos do projeto. Segundo Astrini, quaisquer que sejam os vetos
apresentados na segunda-feira, não serão suficientes para melhorar a
legislação ambiental.
“O que a gente queria era o veto total. E o veto total não vai ser
feito nessa lei, vão ser feitas reformas, o que é absolutamente
insuficiente. O texto antigo tem anistia distribuída em diversos
artigos, não sabemos quais serão vetados, quais serão as redações
novas”.
De acordo com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, além dos
12 vetos, das 32 modificações que serão feitas ao Código, 14 recuperam o
texto do Senado, cinco são novos dispositivos da lei, e 13 são ajustes
ou adequações ao conteúdo.
Agência Brasil
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