Projeto Colhendo Sustentabilidade incentivou práticas saudáveis em Embu das Artes
A agricultura urbana agroecológica, que une saberes científicos e
tradicionais, é uma alternativa interessante para promover a saúde e a
produção alimentar de qualidade em meio urbano. Voltado a esses
princípios, em Embu das Artes (SP), o Projeto Colhendo Sustentabilidade:
Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura Urbana,
realizado entre 2008 e 2011, conseguiu de maneira efetiva incentivar
práticas saudáveis no município, envolvendo diversos setores da
administração local e da sociedade civil.
A experiência foi investigada e sistematizada pela administradora
Silvana Maria Ribeiro em pesquisa desenvolvida na Faculdade de Saúde
Pública (FSP) da USP. “A agricultura urbana agroecológica contribuiu
realmente para a promoção da saúde e para a segurança alimentar e
nutricional entre a comunidade”, afirma.
Colhendo Sustentabilidade
“A agroecologia faz com que se resgatem as práticas tradicionais na agricultura e promova a autonomia do agricultor” explica Silvana. Além disso, a policultura é incentivada buscando uma aproximação com a diversidade presente na natureza. Baseado neste conceito, o Projeto Colhendo Sustentabilidade foi implantado no município de Embu das Artes em 2008 por meio de uma parceria entre a prefeitura, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a ONG Sociedade Ecológica Amigos de Embu, com o intuito de atingir beneficiários de outros programas assistenciais. “Uma das prioridades era a segurança alimentar e nutricional. Mas depois de um primeiro momento, houve a comercialização de alguns produtos cultivados no projeto promovendo também a geração de renda”, relata a administradora.
Inicialmente desenvolveram-se atividades educativas e implantado três
sistemas produtivos – lavouras, agrofloresta e hortas – em duas
localidades. A partir de 2010, já sem o financiamento do MDS, o projeto
foi expandido para outros locais. “O Colhendo Sustentabilidade
foi levado para equipamentos públicos, como Unidades Básicas de Saúde
(UBS), com o intuito de sensibilizar e mobilizar beneficiários de outros
programas sociais” conta Silvana. Ao final do projeto foram implantadas
13 hortas comunitárias, sendo 9 em UBSs do município, destinadas ao uso
terapêutico.
Práticas saudáveis
Participantes relataram melhoras de saúde e maior cuidado nutricional
Além da promoção da maior segurança alimentar, Silvana comenta que
muitos beneficiários relatavam melhoras de saúde e maior cuidado
nutricional, ligados ao desenvolvimento de habilidades proporcionado
pelo projeto. “A participação social da comunidade também deu função a
terrenos abandonados”, lembra a administradora. Com a implantação das
hortas e lavouras, foram criados espaços saudáveis, produtivos e
propícios para o convívio e participação social. “Havia uma grande busca
pela sustentabilidade.”
A característica sustentável do projeto, ela explica, pode ser
observada tanto nos esforços para sua continuidade e fortalecimento,
quanto no aspecto econômico, de autonomia dos grupos envolvidos, além da
própria questão ambiental, com otimização dos recursos naturais. Além
disso, a intersetorialidade, isto é, envolvimento de diversos
profissionais, foi algo marcante. “Percebemos que a intersetorialidade
se deu na base da pirâmide do poder público municipal”, relata. “É uma
ação que envolve responsabilidades e tarefas de várias áreas”, completa.
“O Colhendo Sustentabilidade contribuiu para o desenvolvimento de
políticas públicas saudáveis no município”, avalia a pesquisadora. Um
exemplo disso foi a inserção das atividades de agricultura urbana
agroecológica em UBS pelo programa de Promoção da Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde. Também destaca-se a colaboração da equipe técnica do
projeto na elaboração da política pública de agropecuária do novo plano
diretor de Embu (Lei Complementar n° 186, 20 de abril de 2012), bem
como o Programa Municipal de Agricultura Sustentável (PROMAS), também de
2012, fruto do trabalho do projeto.
As conclusões da pesquisa foram obtidas a partir de quatro oficinas
de sistematização realizadas com pessoas com pelo menos seis meses de
participação no projeto, técnicos de serviços públicos e do Colhendo Sustentabilidade,
além de análise documental e entrevista com informante-chave. Entre os
objetivos das oficinas estavam resgatar a memória do projeto, além de
fazer o levantamento de informações a respeito de seu impacto na vida
dos envolvidos. A dissertação de mestrado de Silvana, orientada pela
professora Helena Akemi Wada Watanabe, foi apresentada em abril de 2013.
Agência USP
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