Em dez anos, o recolhimento e a destinação ambientalmente correta de
embalagens de agrotóxicos utilizados nas áreas rurais do país geraram
uma economia de energia suficiente para abastecer 1,4 milhão de casas no
período. A iniciativa também evitou o consumo de água equivalente ao
volume de 36 milhões de caixas d’água, entre 2002 e 2012, segundo
números divulgados pela Fundação Espaço ECO, que reúne especialistas
responsáveis pela análise da eficiência de ações sustentáveis
implementadas por algumas empresas.
“Para fazer a gestão das embalagens nós também emitimos dióxido de
carbono ao usar caminhões para o recolhimento, utilizamos água no
processo de reciclagem dessas embalagens. Precisávamos saber se essa
solução que encontramos é eficiente”, explicou João Cesar Rando,
diretor-presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias (inpEV), formado pelos fabricantes do produto.
O levantamento foi feito a partir da mesma ferramenta que comparou a
produção do polietileno feita a partir da resina virgem – extraída de
processamentos do petróleo – com a produção do polietileno a partir da
cana-de-açúcar, mostrando que o produto feito a partir da cana gerava
menos impactos sobre a natureza.
A medida sobre a ecoeficiência do sistema não é uma exigência legal.
Rando explicou que Política Nacional de Resíduos Sólidos, que instituiu
a logística reversa de embalagens de agrotóxicos como obrigação há mais
de dez anos, não exige o balanço. “Mas é forma de medir se solução que
estamos implementando é eficiente. Nem sempre a solução que você
implementa é, do ponto de vista social e ambiental, positivo”, explicou.
Os dados sobre os reflexos no consumo de água e energia comparam a
situação da gestão ambiental de embalagens com o cenário anterior,
quando esses produtos ficavam estocados nos imóveis rurais e, muitas
vezes, eram queimados pelos produtores. De acordo com Rando, o
levantamento contratado mostrou que para cada embalagem de 20 litros
produzida a partir do processo de reciclagem, o sistema evita a emissão
de 1 quilograma (kg) de dióxido de carbono.
“Quando reciclamos, produzimos uma nova embalagem [com o material
reciclado] que é usada para o próprio defensivo. Quando o sistema
recicla deixa de usar uma resina virgem que vem de todo um ciclo de
processamento do petróleo. Você evita esse ciclo todo, então você usa
menos energia, emite menos gases”, explicou João Cesar Rando.
Segundo ele, o sistema também refletiu positivamente no aspecto
social. Pelos dados do InpEV foram criados oito vezes mais empregos nas
regiões onde a logística foi implementada. “Hoje temos mais de 400
unidades de recebimento, onde foram gerados 1,5 mil empregos diretos
formalizados. Além disso, foram criadas unidades recicladoras a partir
desse sistema que geram outras ocupações”, completou Rando.
Nos seis primeiros meses desse ano, o sistema de logística reversa
de embalagens de agrotóxicos, que envolve agricultores, comerciantes e
fabricantes, totalizou o recolhimento de mais de 21,3 mil toneladas de
embalagens vazias. O volume representa um crescimento de 9% em relação
ao volume recolhido no mesmo período de 2012 (mais de 19,5 mil
toneladas).
Agência Brasil
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