Brasil ainda desperdiça potencial de reciclagem
A falta de gerenciamento correto dos resíduos sólidos representa desperdício anual de R$ 8 bilhões.
Hoje 98% das latinhas de alumínio usadas no Brasil são recicladas.
Mas, no total, apenas 3% do lixo produzido no País é reciclado, segundo
dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Esse é um
dos problemas que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
12.305/10) tenta resolver. A expectativa do Ministério do Meio Ambiente é
que essa política ajude o Brasil a alcançar índice de reciclagem de
resíduos de 20% em 2015.
Segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a
falta de gerenciamento correto dos resíduos sólidos representa
desperdício anual de cerca de R$ 8 bilhões. Ou seja, se o lixo for
reciclado, pode virar emprego e renda. Não cuidar do lixo significa
também jogar dinheiro fora, além de problemas ambientais e sociais.
O presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais do Meio
Ambiente, o ex-deputado Pedro Wilson, diz que hoje há 1 milhão de
catadores de lixo no Brasil. “Esse pessoal se organizou e hoje nós temos
um movimento nacional de catadores de materiais de reciclagem, que está
ajudando a mobilizar a cidade, para uma coleta seletiva, que é um
desafio grande.”
A Política de Resíduos Sólidos reconhece o papel dos catadores de
material reciclável e prevê que o governo crie programas para melhorar
as condições de trabalho e as oportunidades de inclusão social deles.
O presidente da Central de Cooperativas de materiais recicláveis do
DF, Roney Alves, diz que, em Brasília, essa valorização já está
ocorrendo. “O governo federal, aqui no Distrito Federal, cedeu áreas
para implementação de centros de triagem, existem linhas de
financiamento do BNDES, do Ministério das Cidades, da Fundação Banco do
Brasil para fomentar e apoiar cooperativas e associações de catadores no
Brasil inteiro”, enumera Alves.
Cooperativas
A Política de Resíduos Sólidos também prevê que os planos municipais de gestão do lixo incluam as cooperativas e associações de catadores, que podem auxiliar no sistema de coleta seletiva. O problema é que apenas 10% dos 5.565 municípios brasileiros elaboraram esse plano, cumprindo o prazo estabelecido pela lei, que era agosto do ano passado.
Segundo Roney Alves, ao contrário do governo federal, as prefeituras
não vêm facilitando a vida dos catadores. “O grande problema é quando
chega nos município”, lamenta. “A gente tem observado, no Brasil
inteiro, que são pouco os municípios que estão contratando cooperativas e
associações. Mesmo com todo esse arcabouço legal, as prefeituras não
estão contratando as cooperativas e associação de catadores”, reclama
Alves.
A cidade de Sertãozinho, na Paraíba, é um dos municípios brasileiros
que está promovendo programa de coleta seletiva e de reciclagem, em
conjunto com a associação local de catadores. “O que é lixo, na verdade,
é dinheiro”, diz a prefeita do município paraibano, Márcia Mousinho. “A
gente está fazendo uma parceria para aproveitamento desse material para
a confecção de brinquedos. Nós estamos efetivamente querendo gerar
renda”, comemora.
Márcia Mousinho lembra que, para ter sucesso, é preciso informar a
população e gerar uma mudança de comportamento. “Estamos distribuindo
folders, fazendo trabalho de conscientização da população para que
separem o lixo reciclado do lixo molhado.”
Consumo consciente
Além de ajudar a separar o lixo e fazer o descarte de cada produto no lugar correto, o brasileiro pode ajudar com o consumo responsável. O Brasil está consumindo mais, com estímulo do governo, mas também está gerando cada vez mais resíduos. Hoje cada brasileiro produz cerca de 1,5 kg de lixo por dia.
O deputado Penna (PV-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, é um dos defensores do consumo responsável.
“Nós precisamos reduzir o lixo, precisamos que as pessoas entendam que
depende muito da sociedade, da ação do indivíduo, sem dispensar
naturalmente a ação governamental.”
Em parceria com o setor privado, o Ministério do Meio Ambiente
lançou, em 2011, um plano para ampliar o consumo sustentável no País. A
meta é que, até 2014, a porcentagem de consumidores conscientes dobre de
5% para 10%.
Agência Câmara de Notícias
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