Alguns dos pesticidas mais utilizados no mundo têm efeitos nefastos
sobre a biodiversidade, não se limitando apenas às abelhas, mas que
prejudicam também as borboletas, minhocas, aves e peixes, segundo uma
avaliação científica internacional apresentada nesta terça (24).
Depois de ter examinado as conclusões de 800 estudos publicado há vinte
anos, os autores desta avaliação pedem para endurecer ainda mais a
regulamentação sobre os neonicotinoides e o fipronil, os dois tipos de
substâncias químicas estudadas, e de "começar a planejar sua supressão
progressiva em escala mundial ou, ao menos, formular planos destinados a
reduzir fortemente seu uso no mundo".
A avaliação foi feita por um painel de 29 pesquisadores internacionais
no âmbito de um grupo de trabalho especializado em pesticidas sistêmicos
(concebidos para ser absorvidos pelas plantas). Este grupo aconselha,
entre outros, a União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN, na sigla em inglês), o organismo que vigia a saúde da
biodiversidade mundial através de sua lista vermelha de espécies
ameaçadas.
As conclusões são publicadas em oito artigos durante o verão na revista
"Environmental Science and Pollution Research", afirma este grupo de
trabalho.
Impacto
Os pesticidas estudados são "os mais utilizados hoje no mundo, com uma quota de mercado estimada em 40%" e também "são utilizados normalmente nos tratamentos domésticos para a prevenção das pulgas nos gatos e nos cachorros e na luta contra os cupins nas estruturas de madeira".
Os efeitos vinculados à exposição de pesticidas "podem ser imediatos e
nefastos, embora também crônicos", afirmam os pesquisadores. Os efeitos
são diversos, como a perda de olfato ou de memória, uma perda de
fertilidade, diminuição da ingestão de alimentos, abelhas que forrageiam
menos ou uma capacidade alterada das minhocas de cavar túneis.
Estes pesticidas são denunciados há anos como uma das causas que
explicam o declive das populações de abelhas. A União Europeia já
suspendeu em 2013 o uso do fipronil e de três neonicotinoides devido aos
seus efeitos nos polinizadores.
Globo Natureza
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