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domingo, 10 de novembro de 2013

Tufão pode ter matado mais de 10 mil pessoas nas Filipinas


Autoridades filipinas ainda tentam dimensionar neste domingo o grande rastro de destruição deixado pelo tufão Haiyan, que atingiu o país na sexta-feira, provocando milhares de mortes e um caos generalizado, com falta de água potável e episódios de saques nas áreas mais atingidas. Mais de 300 corpos já foram recuperados na cidade de Tacloban, onde autoridades estimam que o número de vítimas pode chegar a 10 mil. Na cidade de Basey, na ilha de Samar, 300 pessoas foram confirmadas mortas e outras 2 mil estão desaparecidas. Segundo o último balanço do governo, cerca de 480 mil pessoas estão desalojadas.

Com muitas províncias sem energia ou telecomunicações, e aeroportos localizados nas áreas mais atingidas, como Tacloban, especialistas dizem que é impossível saber a extensão dos danos da tempestade - ou entregar a ajuda tão necessária nesse momento. Mas se as estimativas divulgadas até o momento forem confirmadas o tufão Haiyan será expressivamente mais letal do que outras grandes tormentas. O furacão Katrina, que atingiu o estado americano de Nova Orleans em 2005, deixou mais de 1.800 mortos, enquanto a supertempestade Sandy, de 2012, matou 286 pessoas em sete países.

O prefeito de Tacloban, Alfred Romualdex, que precisou ser resgatado de um telhado, segundo o jornal "Inquirer", afirmou que é “inteiramente possível” que 10 mil pessoas tenham morrido em decorrência da tempestade. A estimativa também foi confirmada por Elmer Soria, chefe da polícia regional da ilha de Leyte, onde está localizada a cidade. Soria relatou que o governador provincial Dominic Petilla afirmou, no sábado à noite, que o número de mortos poderia ultrapassar os 10 mil, vítimas de afogamento, deslizamentos de terra e desmoronamentos de casas e edifícios.

- Tacloban está totalmente destruída. Algumas pessoas estão perdendo a cabeça, de fome ou pela morte de parentes - relatou o professor Andrew Pomeda. - As pessoas estão ficando violentas. Estão saqueando estabelecimentos comerciais, apenas para encontrar comida, arroz e leite. Tenho medo de que em uma semana, as pessoas vão estar matando por fome.

- As pessoas estão andando como zumbis, procurando por comida - disse Jenny Chu, um estudante de medicina em Leyte. - É como num filme.

O Haiyan teria arrasado entre 70% e 80% dos prédios de Tacloban, no litoral leste do país. Em algumas áreas da cidade, as águas subiram mais de 10 metros.

- A água estava tão alta quanto um coqueiro. Enquanto éramos arrastados pela água, vi muita gente levantando as suas mãos e gritando por ajuda - lembrou um dos sovreviventes ao jornal "Inquirer".

O presidente Benigno S. Aquino III, que declarou "estado de calamidade" no país, chegou neste domingo à cidade de 22 mil habitantes para se encontrar com algumas das vítimas da tempestade e coordenar esforços de resgate e limpeza. Seu secretário de Defesa, Voltaire Gazmin, descreveu um cenário caótico.

- Não há energia, não há água, não há nada - disse Gazmin. - As pessoas estão desesperadas. Elas estão saqueando.

A falta de informações claras sobre a extensão dos danos levanta a possibilidade de que outras áreas poderiam ter sido tão duramente atingidas como Tacloban, onde foram concentrados os esforços de resgate.

- De um helicóptero, você pode ver a extensão da devastação. Desde a costa até um quilômetro para o interior, não existem estruturas de pé. Foi como um tsunami - afirmou o secretário do Interior, Manuel Roxas. - Eu não sei como descrever o que eu vi. É horrível.

A Embaixada dos Estados Unidos em Manila fez uma doação de US$ 100 mil para os esforços de saúde e saneamento. Uma equipe de avaliação de desastres das Nações Unidas já chegou ao país.

"A última vez que vi algo nessa escala foi após o tsunami no Oceano Índico", declarou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU, disse em um comunicado, referindo-se ao tsunami de 2004 que devastou parte da Indonésia e outros 13 países. "Esta é a destruição em uma grande escala. Os carros foram jogados como se fossem de papel".

O Conselho para a Gestão e Redução de Desastres do país informou que cerca de 4 milhões de pessoas de 36 províncias das Filipinas foram afetadas pelo fenômeno, qualificado por agências meteorológicas como supertufão, já que seus ventos superaram os 240 km/h — o Katrina, por exemplo, teve ventos de 175 km/h no máximo.

O tufão direciona-se neste domingo às regiões central e norte do Vietnã, onde mais de 500 mil pessoas foram retiradas de suas casas apesar das previsões meteorológicas de que a tempestade vai enfraquecer. Ao menos quatro pessoas já morreram, aparentemente na tentativa de escapar da tempestade, informou a BBC.

O Globo