A Petrobras
foi apontada como uma das 20 empresas do mundo que mais lançaram
gases-estufa à atmosfera em 2013, de acordo com relatório que analisou
as emissões das 500 maiores companhias do planeta, feito pelo grupo de
comunicação e informação financeira Thomson Reuters.
O estudo divulgado nesta semana informa que, sozinha, a estatal
brasileira emitiu 73,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente (medida
que soma a concentração de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e
outros gases), ficando na 20ª posição do ranking.
Somados os poluentes da Petrobras e de outras 19 corporações de países
como China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, o total emitido salta para
2,76 gigatoneladas de CO2 equivalente.
Já as 500 empresas juntas lançaram 4,96 gigatoneladas de poluentes,
13,8% do total das emissões globais de 2013, que vêm da queima de
combustíveis fósseis, do desmatamento e outras atividades humanas.
O documento não apresenta o quanto de gases foi produzido pela
companhia brasileira em 2010, ano-base considerado pelo relatório. Mas a
Petrobras admite o acréscimo nas emissões, alegando que é resultado do
uso acentuado de termelétricas, acionadas “em níveis acima da média
usual” em função dos baixos níveis dos reservatórios das usinas
hidrelétricas (leia mais abaixo).
O montante de gases-estufa produzido pelo “grupo dos 500” é 3,1% maior
em relação a 2010. A alta é preocupante já que, segundo o relatório, é
preciso diminuir a quantidade de gases-estufa, não aumentá-la. Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), o ideal era que, por ano, as
emissões do setor privado caíssem em média 1,4%. O que se viu, no
entanto, foi uma alta anual média de 1%.
De acordo com um painel internacional de cientistas ligado à ONU, o
IPCC, uma maior quantidade de gases-estufa na atmosfera pode aumentar a
temperatura do planeta e causar distúrbios no clima, como secas,
enchentes, degelo dos polos e aumento do nível do mar.
Os especialistas afirmam que é preciso diminuir entre 40% e 70% do
total de gases lançados até 2050 e zerar essa taxa até 2100 para conter a
elevação da temperatura global em 2ºC. A temperatura média da Terra já
subiu 0,85ºC com relação à era pré-industrial.
222 tiveram redução nas emissões
De acordo com Tim Nixon, diretor de sustentabilidade da Thomson Reuters e coautor do relatório, 222 empresas da lista apresentaram queda das emissões. Algumas por investir mais na inovação tecnológica e eficiência energética. Outras, por desinvestimentos ou problemas econômicos.
A Vale S/A, mineradora do Brasil, é apresentada no documento como
exemplo de redução de emissões após alterações na estrutura da
companhia. A diminuição de investimentos na área de alumínio e
ferro-gusa ajudaram a cortar em 23% o montante de gases-estufa
produzido.
Segundo ele, as empresas em questão estão dispostas a “descarbonizar” a
economia, ou seja, contribuir para diminuir os impactos ambientais e
frear o aquecimento global. No entanto, é preciso traçar uma trajetória
melhor para ter mais êxito nesta luta.
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), disse que o setor privado reconhece
seu papel na luta contra a mudança climática, primeiro, para reduzir a
sua exposição aos riscos e, segundo, para aproveitar as oportunidades
existentes.
No entanto, barreiras como o alto custo para investir na eficiência
energética ainda precisam ser vencidas no Brasil. "Sua viabilização
ainda é difícil por uma série de questões das empresas, instituições
financeiras, regulatórias e do governo. Há disponibilidade de crédito
para essa área, mas, mesmo assim, os índices de eficiência em comparação
com as principais economias do mundo são baixos. O país utiliza menos
de 30% do seu potencial de eficiência energética, ficando na 15ª posição
entre 16 economias analisadas", disse ela.
De acordo com a porta-voz do CEBDS, a sensibilização sobre a questão
ambiental e climática ainda está, em grande medida, presente apenas nas
grandes empresas. Mas que já existe articulação para que as "maiores"
influenciem as pequenas e médias, que compõem a cadeia de fornecedores.
Seca tem culpa no aumento de emissões
Seca tem culpa no aumento de emissões
Em nota, a Petrobras informou que, "diferentemente das demais empresas de petróleo, a empresa considera as emissões geradas pelas atividades das termelétricas em seu inventário, o que, comparativamente, gera um resultado mais alto no total de emissões".
De acordo com a estatal, em função do baixo nível dos reservatórios das
usinas hidrelétricas, o uso de termelétricas tem sido feito "em níveis
acima da média usual". A Petrobras possui 21 usinas térmicas, parte
movida a diesel, combustível poluente, parte movida a gás natural.
Sobre investimentos para diminuir as emissões de gases-estufa, a
empresa afirma que tem investido "em projetos de eficiência energética,
melhorias operacionais, maior aproveitamento do gás natural na atividade
de exploração e produção de petróleo, além de investimentos em pesquisa
e tecnologia".
G1 Natureza
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