Angus Deaton venceu o Prêmio Nobel de Economia 2015. A justificativa
foi "sua análise do consumo, pobreza e bem-estar", que ajudou governos a
melhorar suas políticas por meio de ferramentas como pesquisas
residenciais e alterações tributárias. O anúncio foi feito na manhã
desta segunda-feira (12) em Estocolmo, na Suécia.
Deaton é cidadão britânico e norte-americano. Nasceu em 1945 em Edimburgo, na Escócia.
PhD em economia pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, ele é
professor de economia e relações internacionais na Universidade de
Princeton, nos Estados Unidos, desde 1983.
O Nobel de Economia tem uma recompensa de 8 milhões de coroas suecas (US$ 950 mil, o equivalente a mais de R$ 3 milhões).
A Academia Real de Ciências da Suécia
disse que o trabalho do microeconomista tem tido grande influência na
formulação de políticas públicas, auxiliando, por exemplo, a determinar
como grupos sociais diferentes são afetados por mudanças específicas em
tributação.
"Para projetar uma política econômica que promova o bem -star e reduza a
pobreza, devemos primeiro entender as escolhas de consumo individuais",
disse o corpo premiações ao anunciar o prêmio. "Mais do que ninguém,
Angus Deaton tem reforçado esse entendimento."
"Ao vincular as escolhas individuais detalhadas e resultados
agregados, sua pesquisa tem ajudado a transformar os campos da
microeconomia, macroeconomia e economia do desenvolvimento", destacou
ainda a justificativa da Academia Real das Ciências da Suécia.
O trabalho pelo qual Deaton foi premiado é baseado em três questões centrais: como os consumidores distribuem seus gastos entre diferentes bens? Quanto da renda da sociedade é gasto e quanto é poupado? Como podemos medir e analisar melhor o bem-estar e a pobreza?
O trabalho pelo qual Deaton foi premiado é baseado em três questões centrais: como os consumidores distribuem seus gastos entre diferentes bens? Quanto da renda da sociedade é gasto e quanto é poupado? Como podemos medir e analisar melhor o bem-estar e a pobreza?
Reação do premiado
Em seus primeiros comentários públicos depois que recebeu o Nobel, Deaton declarou que, embora a pobreza extrema tenha diminuído drasticamente nos últimos 20 a 30 anos e ele espere que essa tendência se mantenha, não quer parecer um "otimista cego".
O economista afirmou que passa "muito tempo explicando que o mundo
está-se tornando um lugar melhor", mas que "ainda há muito o que fazer".
Ele afirmou ter sido surpreendido pelo telefonema informando que tinha sido o vendedor do Nobel 2015.
"Sabia que meu nome estava na lista, mas há muitos nomes nesta lista, e
nunca pensei que fosse provável receber o prêmio", declarou durante uma
coletiva de imprensa na Universidade de Princeton.
Estudos sobre consumo
Segundo os estudos de Deaton, avaliar a distribuição de gastos dos consumidores é importante não apenas para explicar e prever padrões de consumo, mas também para avaliar a forma pela qual reformas políticas, como mudanças em impostos, afeta o bem-estar das pessoas em diferentes grupos sociais.
Nos anos 80, o professor desenvolveu o "sistema de demanda quase
ideal", como forma de estimar como a demanda por cada mercadoria depende
do preço de todos os produtos e rendimentos individuais.
Renda gasta e poupada
Para explicar a formação de capital e as magnitudes dos ciclos de negócios, é necessário entender a interação entre renda e consumo ao longo do tempo, destacou a Academia Real das Ciências da Suécia. Em estudos realizados nos anos 90, Deaton apontou que a teoria de consumo prevalecente não poderia explicar as relações reais do assunto se o ponto de partida fosse a renda e o consumo agregados.
Em vez isso, segundo o professor, deve-se analisar como as pessoas adaptam seus hábitos de consumo à sua renda individual, que flutua de maneiras diferentes.
De acordo com a Academia sueca, essa pesquisa demonstra claramente que a
análise de dados individuais é a chave para para desembaraçar padrões
em dados agregados, com uma abordagem que desde então se tornou
amplamente adotada na macroeconomia moderna.
Bem-estar e pobreza
Bem-estar e pobreza
Em suas pesquisas mais recentes, Deaton destaca como medidas confiáveis de níveis individuais de consumo das famílias podem ser usadas para discernir mecanismos por trás do desenvolvimento econômico. O estudo aponta que há "armadilhas" quando se compara a extensão da pobreza em diferentes épocas e locais.
A análise de Deaton exemplifica como o uso inteligente de dados domiciliares pode lançar luz sobre questões como as relações entre renda e consumo de calorias, além da extensão da discriminação de gênero nas famílias.
Segundo a Academia sueca, o foco de Deaton em pesquisas domiciliares ajudou a transformar a economia do desenvolvimento de um campo teórico com base em dados agregados em um campo empírico com base em dados individuais detalhados.
G1
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