O Plano Brasil Sem Miséria (PBSM), do Governo Federal, tem como um
dos objetivos a iniciação produtiva e a minimização da pobreza extrema
de mais de 16 milhões de pessoas. E a Embrapa Clima Temperado (Pelotas,
RS), está envolvida nesse grande projeto nacional. A tecnologia usada
pela Empresa na região de atuação está sendo empregada em outras
localidades totalmente diferentes ao clima do Pampa. É o caso da
avicultura colonial, coordenada pelo pesquisador João Pedro Zabaleta.
A avicultura colonial, também chamada de caipira, consiste na criação
de aves em sistema extensivo (aviários e piquetes abertos) que demoram
mais tempo para se desenvolver em relação ao industrial, que fica em
torno de 40 dias; enquanto, a caipira é de 91, proporcionando maior bem
estar animal e obtenção de ovos.
Este tipo de produção de aves é empregado atualmente com cerca de 10
agricultores familiares modelos, atendidos pela unidade de pesquisas, e
agora, está sendo transferida para o Semiárido brasileiro, que faz parte
do PBSM. “É um desafio para nós trabalharmos num clima totalmente
diferente ao que estamos acostumados, até por que, a região está
enfrentando a maior seca nos últimos 40 anos”, comenta Zabaleta. Alguns
desses agricultores possuem áreas de 300 metros quadrados, considerada
pequena. Além disso, a falta de alimentos ou resíduos de lavouras
ocasionam desenvolvimento deficiente das aves, que apresentam longo
período de crescimento para a produção de carne para o abate, com cerca
de oito a 10 meses. Os casos de subnutrição resultam maior mortalidade e
baixos índices de produtividade.
A área de atuação de Zabaleta no PBSM é no território do Velho Chico,
às margens do Rio São Francisco, em cidades como Bom Jesus da Lapa e
Riacho do Santana, no interior da Bahia. A região tem baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e sofre com a seca há pelo menos 22 meses. O
projeto foi bem recebido pelos pequenos produtores e agricultores
familiares. Das 800 famílias que o PBSM atende em Paratinga/BA, 600
querem trabalhar com a avicultura colonial. A carne de frango tem boa
aceitação e comercialização pelos moradores do território. Um aviário
modelo instalado, produz cerca de 500 frangos e gera uma renda extra de
um salário mínimo no final de cada ciclo de produção.
No final do mês de março, Zabaleta, junto com os pesquisadores Helton
Silveira e Marcos Farias, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz
das Almas/BA, parceiros neste projeto, participaram de uma reunião de
avaliação do PBSM em Brasília. Foi discutida no encontro a situação do
Plano no Semiárido e alternativas para a minimização dos problemas
agravados pela seca.
Sobre o caráter social que a avicultura colonial está inserida,
Zabaleta comenta a importância deste trabalho para os agricultores
envolvidos e para própria Embrapa ao fornecer tecnologias para os
agricultores familiares.
No PSBM, a Embrapa conta com o apoio do Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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