Nesta quarta-feira (15), as Nações
Unidas (ONU) apresentaram um relatório afirmando que, desde 2000,
desastres naturais foram responsáveis por perdas econômicas da ordem de
US$ 2,5 trilhões, o que representa 50% a mais do que era estimado.
O documento, intitulado Creating Shared Value: the Business Case for Disaster Risk Reduction (Criando
Valor Compartilhado: o Caso de Negócio para a Redução do Risco de
Desastres), alerta que essas perdas econômicas de catástrofes estão fora
de controle, e pede que governos e empresas trabalhem juntos para
incorporar a gestão de risco de desastres em suas estratégias de
investimento para evitar ainda mais perdas.
“Os governos têm a responsabilidade pela
redução do risco de desastres. Mas o nível de risco também está
relacionado ao investimento do setor privado, que é responsável por 70 a
85% do investimento mundial em novas construções, indústrias e
infraestruturas essenciais”, colocou Ban Ki-moon, secretário-geral da
ONU, no lançamento do relatório.
O documento explica que a transformação
da economia mundial nos últimos 40 anos levou a rápidos aumentos no
risco de desastres em vários países, que buscavam negócios de baixos
custos e alta produtividade em localidades propensas a desastres, sem
considerar as consequências disso para as cadeias de suprimentos, o que
levou a mais vulnerabilidades nessas cadeias.
“Em um mundo de contínuo crescimento
populacional, rápida urbanização, mudanças climáticas e uma abordagem de
investimentos que continuamente desconsidera o risco de desastres, esse
maior potencial para perdas futuras é de grande preocupação”, observou
Margareta Wahlström, representante especial do secretário-geral da ONU
para Redução de Risco de Desastres.
“Por muito tempo, os mercados colocaram
mais valor em retornos em curto prazo do que em sustentabilidade e
resiliência. Finalmente estamos começando a entender que reduzir a
exposição a riscos de desastres não é um custo, mas uma oportunidade de
tornar esse investimento mais atrativo em longo prazo”, acrescentou Ban.
Um exemplo disso é a Toyota, que, devido
a um terremoto no Japão, gerou menos peças de carros, impossibilitando a
produção de 150 mil veículos nos Estados Unidos e causando a redução de
70% de sua produção na Índia e de 50% na China. Isso fez com que a
empresa perdesse US$ 1,2 bilhão em receitas.
Já a Orion, que detém e opera uma das
maiores redes de distribuição de eletricidade na Nova Zelândia, investiu
US$ 6 milhões em proteção sísmica, o que fez com que a empresa
economizasse US$ 65 milhões quando ocorreram terremotos em 2010 e 2011.
Outro caso é o de pescadores no México, que economizaram cerca de US$ 35
mil cada durante o furacão Wilma em 2005 devido a investimentos
preventivos.
O relatório aponta também que são os
países em desenvolvimento, particularmente as pequenas nações insulares,
e as empresas de pequeno e médio porte, os que apresentam mais chances
de sofrerem grandes perdas com essas catástrofes. O grande problema é
que são justamente esses países e companhias que apresentam mais
dificuldades em reduzir suas vulnerabilidades.
Para se ter uma ideia, das 1,3 mil
firmas de pequeno e médio porte de seis cidades propensas a catástrofes
avaliadas pelo relatório, cerca de 75% sofreram interrupções nos
negócios relacionadas aos serviços públicos de energia, telecomunicações
e água interrompidos ou destruídos. No entanto, apenas uma pequena
minoria delas, 14,2% no caso de empresas com menos de 100 empregados,
tinham uma estratégia para gestão de crise.
O documento sugere ainda que os modelos
de negócios em desenvolvimento urbano, negócios agrícolas e turismo
costeiro, três setores importantes de investimento, são os que mais
apresentam risco de desastres.
“O começo de uma mudança nas atitudes no
setor privado precisa se transformar agora em uma abordagem mais
sistemática da gestão de risco de desastres em parceria com o setor
público para tornar o mundo um lugar mais seguro”, comentou Wahlström.
Na próxima, as Nações Unidas realizarão o evento bienal Plataforma Global para Redução do Risco de Desastres em Genebra, na Suíça, com o objetivo de trazer o assunto para a discussão perante a comunidade internacional.
Instituto CarbonoBrasil
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