Para refazer, é preciso primeiro resgatar e, muitas vezes, o resgate está no alto: a 40 metros de altura.
Parece aventura, mas é trabalho pesado. Uma câmera foi instalada no
capacete do David de Souza, conhecido como Marola, para acompanhar a
subida dele na sapucaia. Ele busca sementes em propriedades
particulares, com autorização dos donos e depois vende para viveiristas.
Esse esforço todo é para garantir qualidade.
Embaixo da árvore fica cheio de fruto de sapucaia, eles caem no chão
mas estão vazios, não tem nenhuma semente dentro. “Aqui nós temos uma
concorrência muito grande, papagaios, morcegos e também as pacas que
moram aqui na região. Quando ele abre lá em cima, o papagaio já come lá
em cima mesmo. Aqueles que não conseguem comer, ele rói, então essa
semente não tem mais como levar para o viveiro para germinar. À partir
do momento que ele fere a casca da semente entra um fungo, pega uma
bactéria e a semente apodrece", completa Marola.
A casa do Marola, que também é pastor, fica em um assentamento. É ali
que ele guarda as sementes que coleta. Ele pega na mata de acordo com as
encomendas."Minha família toda é sustentada com vendagem de semente",
afirma ele.
O Marola é o primeiro elo desta cadeia de replantio, que tem ainda o
Dilsinho e o Anilson, que plantam mudas, o Pedro e o Ricardo, que fazem
projetos de restauração, o André, que é dono de um viveiro, o seu
Domingos, que comercializa sementes, o Bruno, banqueiro que planta
florestas para negociar no mercado financeiro e o Júnior, que tem
palmeira ornamental em área de reserva legal. Todos movimentando
dinheiro com o reflorestamento.
Voltando ao Marola, ele faz parte de uma cooperativa de Caraíva,
distrito de Porto Seguro, a Cooplantar, Cooperativa de Reflorestadores
de Mata Atlântica do extremo sul da Bahia. Caraíva é uma vila de
pescadores conhecida pelo turismo e a comunidade é muito ligada à
preservação do lugar.
No verão, não falta trabalho para o pessoal de Caraíva. Entre dezembro e fevereiro, tem movimento de turista de dia, à noite e os moradores conseguem ganhar dinheiro nas pousadas, nos bares, nos restaurantes ou nos barcos, fazendo a travessia do rio Caraíva.
No verão, não falta trabalho para o pessoal de Caraíva. Entre dezembro e fevereiro, tem movimento de turista de dia, à noite e os moradores conseguem ganhar dinheiro nas pousadas, nos bares, nos restaurantes ou nos barcos, fazendo a travessia do rio Caraíva.
Na sede da Cooplantar, que foi fundada em 2007, a reunião hoje é pra
organizar o grupo que vai a campo fazer a manutenção de uma área que
eles restauraram.
“Nesse período todo da cooperativa, a gente já recuperou 604 hectares e
demos manutenções também nessas áreas, incluindo também empresas de
celulose e propietários rurais. Porque a empresas de celulose, é a maior
proprietária de área aqui dentro dessa região da bacia do rio Caraíva.
Então a gente precisa deles também como parceiros pra gente recuperar
essas áreas dentro da empresa”, explica o agricultor José Dilson da
Silva, o Dilsinho, segundo da rede.
A cooperativa tem 40 associados e participou do projeto de reposição
florestal do gasoduto cacimbas-catu, da Petrobrás. Através de uma
parceria com o Instituto Bioatlântica, foram plantadas ali 130 espécies
nativas. Trabalho que trouxe de volta pra casa o Anilson Dias, o
terceiro da nossa rede, que havia se mudado para Brasília atrás de
emprego. Ele trabalha ali há dois anos e oito meses.
Para desenvolver o projeto, o pessoal da cooperativa foi treinado por
uma equipe de pesquisadores da Esalq de Piracicaba, em São Paulo.
Este grupo de trabalho cria parcerias com algumas empresas privadas,
para testar modelos de recuperação ambiental, visando também o
aproveitamento econômico.
Em um experimento em Mucuri, na Bahia, o modelo usa três grupos de espécies diferentes, de ciclos de crescimento distintos e funções diversas.
O primeiro grupo cresce mais rápido e serve para sombrear a área. Nesse
caso foi usada a aroeira pimenteira ou pimenta-rosa. O segundo grupo é o
das chamadas espécies iniciais, que fornecem madeira, mas não demoram
tanto tempo assim para crescer e nem têm valor de mercado muito alto.
Nesse caso, o guapuruvu.
E, no terceiro grupo, as madeiras nobres, essas sim com aproveitamento
financeiro maior, mas de crescimento lento, como o jatobá.
O agrônomo Pedro Brancalion , o quarto da nossa rede, explica a vantagem para o produtor:
Ele começa aos dois anos tirando frutos da pimenteira "Continua colhendo frutos da pimenteira. depois de cinco anos, ele já pode colher o guapuruvu. Madeira innicial. E depois de 15 a 20 anos ele já inicia a exploração de madeira nobre. E depois inicia-se um ciclo contínuo de exploração de madeira nobre de espécies, com diferentes ritmos de crescimento. Então é um sistema que permite um ingresso econômico para o produtor constante, diferente dos modelos iniciais que plantavam apenas as espécies de cresdicmento lento, que demoravam pra sombrear o solo, que geram custos elevados de manutenção", explica ele
Acompanhamos o chefe da equipe de pesquisadores da Esalq, o biólogo Ricardo Ribeiro Rodrigues - o quinto da nossa rede - em outro experimento, agora na cidade de Aracruz, no Espírito Santo. Ali o modelo mistura nativas com eucalipto, por causa de uma grande empresa de produção de papel e celulose da região. Muitos pequenos produtores optam por essa cultura, por causa da fábrica.
Ele começa aos dois anos tirando frutos da pimenteira "Continua colhendo frutos da pimenteira. depois de cinco anos, ele já pode colher o guapuruvu. Madeira innicial. E depois de 15 a 20 anos ele já inicia a exploração de madeira nobre. E depois inicia-se um ciclo contínuo de exploração de madeira nobre de espécies, com diferentes ritmos de crescimento. Então é um sistema que permite um ingresso econômico para o produtor constante, diferente dos modelos iniciais que plantavam apenas as espécies de cresdicmento lento, que demoravam pra sombrear o solo, que geram custos elevados de manutenção", explica ele
Acompanhamos o chefe da equipe de pesquisadores da Esalq, o biólogo Ricardo Ribeiro Rodrigues - o quinto da nossa rede - em outro experimento, agora na cidade de Aracruz, no Espírito Santo. Ali o modelo mistura nativas com eucalipto, por causa de uma grande empresa de produção de papel e celulose da região. Muitos pequenos produtores optam por essa cultura, por causa da fábrica.
O professor Ricardo explica que esses estudos pretendem mostrar a
viabilidade desses modelos em as áreas de reserva legal com
aproveitamento econômico, principalmente nas áreas que ele classifica
como de baixa aptidão agrícola. "A proposta desses experimentos é isso.
Não é usar área agrícola de alta aptidão, não é substituir pasto
produtivo, não é substituir eucalipto produtivo, não é nada disso. É
ocupar essas pastagens que estão alocadas em áreas de baixa aptidão
agrícola, que são essas encostas, morros, esses fundos de grotas, e que
poderiam estar sendo ocupadas por um processo de plantio de nativas
para exploração exonômica, num ciclo de exploração econômico que vai
causar um rendimento econômico pelo menos três a quatro vezes maior do
que com o rendimento hoje com essa pecuária de baixa produtividade".
G1
Lembrando que para que isso dê certo, é necessário que haja um estudo prévio do que se tem por perto. É essencial para que a restauração seja bem sucedida!
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