O
uso de rochas moídas como alternativa aos fertilizantes químicos
solúveis foi tema do workshop sobre Rochagem na sede da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em
Brasília, nesta quinta-feira (9). A tecnologia, que já é uma realidade
em muitos sistemas de produção agrícola sustentável, em especial entre
agricultores familiares do sul do Brasil, está em conformidade com os
princípios agroecológicos e serve como uma opção viável de recuperação
de solos tropicais degradados.
O
evento promoveu uma discussão – entre técnicos da Codevasf, do Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e da Universidade de Brasília (UnB) – sobre a
tecnologia de rochagem, as possibilidades de aplicação no âmbito das
ações da Codevasf e as perceptivas de elaboração de um projeto piloto em
conjunto.
“A
ideia é agregar ao agricultor familiar uma matéria-prima que seja de
baixo custo e disponível na região de produção, eliminando a dependência
desses agricultores da importação de fertilizantes, que são em sua
maioria importados”, afirma o assessor da presidência da Companhia,
Stênio Petrovich.
Segundo o assessor, o projeto piloto, ainda em fase de formatação, será multidisciplinar e contará com a expertise
dos órgãos envolvidos – a geologia, a cargo da CPRM; os experimentos
agronômicos, da Embrapa; a pesquisa de laboratório mineral, da UnB; e a
disponibilização da área e do pessoal para aplicar a técnica na ponta,
da Codevasf. “A região escolhida para aplicar esse projeto piloto com os
agricultores foi uma parte do perímetro de irrigação Baixio de Irecê
(BA) com pouca fertilidade, que são as areias do rio São Francisco”.
Rochagem - Pode
ser entendida como um processo de rejuvenescimento ou remineralização
do solo, mediante a adição de pó de rocha (ou seus subprodutos), desde
que contenha quantidades consideráveis de macro e micronutrientes
necessários ao pleno desenvolvimento das plantas.
A
geóloga e pesquisadora do CPRM Magda Bergmann explica que o material
produzido a partir de determinadas rochas permanece no solo e oferece ao
longo do tempo os nutrientes necessários ao desenvolvimento das
plantas, enquanto os fertilizantes químicos solúveis são levados pela
primeira chuva, sem garantia de que as plantas aproveitem os nutrientes.
Ela afirma que outra grande diferença da tecnologia é que quando se usa
um fertilizante solúvel, por exemplo a base de NPK (nitrogênio, fósforo
e potássio), uma extensa gama de micronutrientes importantes para a
planta e também para a nutrição humana não estão presentes.
“As
rochas têm molibdênio, cobre, vanádio, sílica, uma série de outros
elementos que, mesmo em pequenas quantidades, são importantes. A banana e
o mamão dependem muito de potássio, já o morango depende muito do
molibdênio”, exemplifica Magda Bergmann.
O
reconhecimento e o interesse despertado por essa prática tem crescido
em função de resultados obtidos por várias instituições de pesquisa e
fomento – CPRM, Embrapa, UnB, entre outras – que confirmam os resultados
promissores obtidos em diversos testes e áreas demonstrativas, em
substituição ou complementação aos fertilizantes convencionais. Mas a
geóloga ressalta que não se pode moer qualquer rocha para usar na
produção de alimentos. “Essas rochas devem ter uma certificação de que
não possuem elementos nocivos à saúde e que realmente contribuem para a
nutrição da planta”, diz.
Revista ecologico
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