Entre 1996 e 2011 os cultivos
transgênicos resistentes a herbicidas elevaram em 239 milhões de kg o
uso desses produtos nos EUA, segundo dados compilados por Charles
Benbrook, pesquisador do Organic Center. Esse valor inclui soja, milho e
algodão modificados. Os Estados Unidos têm a maior área cultivada com
sementes transgênicas no mundo.
A análise de Benbrook relativa às
implicações da adoção em larga escala dos cultivos transgênicos nos EUA
foi apresentada recentemente numa conferência na Alemanha e põe em xeque
a propaganda da indústria, que alega redução no uso de venenos.
O uso de glifosato na soja Roundup Ready aumentou de 0,77 para 1,75 kg/ha entre 1996 e 2011. O uso de outros herbicidas na soja RR diminuiu de 0,22 para 0,13 kg/ha.
O uso total de herbicidas na
soja RR subiu de 1,00 para 1,89 kg/ha. No mesmo período, o uso total de
herbicidas na soja convencional teve redução de 1,33 para 1,08 kg/ha.
Em 1996, a soja RR usava 0,33 kg/ha a
menos de herbicida do que a soja convencional. Já em 2011 essa relação
inverteu-se, passando a soja RR a usar 0,82 kg de herbicidas a mais por
hectare, segundo Benbrook, que baseia suas análises em dados oficiais
como os do Departamento de Agricultura dos EUA. No mesmo período, o
consumo de herbicidas também aumentou nas culturas de milho (+ 0,46
kg/ha) e algodão (+ 0,97 kg/ha) geneticamente modificados para
tolerância a esses produtos.
No caso das culturas Bt (que produzem
uma toxina em suas células), sua adoção permitiu uma redução de 56
milhões de kg de inseticidas entre 1996 e 2011. No cálculo geral, as
sementes transgênicas acarretaram aumento de 183 milhões de toneladas no
uso de agrotóxicos [No Brasil, as sementes Bt recém-lançadas pelas
empresas são também tolerantes a herbicidas].
A adoção dessas sementes tem levado a um
acelerado desenvolvimento de plantas espontâneas resistentes ao
glifosato. Cerca de 5,6 milhões de hectares dos EUA registram ocorrência
dessas plantas, que já somam 22 espécies, sendo que algumas delas
expressam resistência a mais de um ingrediente ativo. A “solução”
apresentada pelas empresas segue na linha do “mais do mesmo”. Visa
manter ascendente a curva das vendas de agrotóxicos por meio do
lançamento de variedades resistentes a produtos como o 2,4-D, dicamba,
glufosinato de amônio e outros.
Mesmo sem o uso comercial de
transgênicos resistentes ao 2,4-D, o produto é o que tem o maior número
de registros de prejuízo a culturas sendo investigados pelas secretarias
estaduais de agricultura nos EUA. Estudos mostram que a exposição ao
2,4-D está ligada a problemas reprodutivos, aborto espontâneo, defeitos
de nascimento e linfoma non-Hodgking.
Mesmo assim, o Brasil ainda usa mais agrotóxicos do que os Estados Unidos.
MECA
Nenhum comentário:
Postar um comentário