"Além do aumento de temperatura, a poluição não pode ser descartada como motivo da morte em série dos animais", disse ao Jornal do Brasil o
biólogo Mário Moscatelli, conhecido por defender a preservação na
região da Reserva de Marapendi, na Zona Oeste da cidade. Moscatelli
contraria a versão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), que
apontou o calor como a causa da mortandade de cerca de quatro toneladas
de peixes em canais e lagoas do Rio nos últimos dois dias.
"Tanto
na Lagoa Rodrigo de Freitas como no Canal de Marapendi, o detonador foi
o calor, não há dúvida. Mas, por que o calor afetou de tal forma?
Marapendi é uma latrina com esgoto entrando a noite toda, o que já reduz
a níveis perigosos a concentração de oxigênio. Essas águas já estão num
limite, o aumento de temperatura é o último empurrão para a morte
desses animais", afirma o biólogo.
Outro efeito provocado pelo crescimento imobiliário da região
associado ao aumento da poluição é a maior frequência com que os jacarés
têm aparecido no Canal de Marapendi, cujo habitat natural está cada vez
mais degradado. Os répteis, por sinal, vão fazer a festa com a
mortandade dos peixes. Conforme explicou o biólogo, eles têm resistência
suficiente para não serem intoxicados pelo pescado envenenado.
Segundo
Moscatelli, se não houvesse poluição nas águas de canais e lagoas,
provavelmente não teria ocorrido a mortandade apenas por causa do calor.
De acordo com o ambientalista, falta mais "fiscalização sistemática"
dos governos municipais e estaduais.
"Não falta tecnologia nem
dinheiro, o que falta é vontade política. Se houver fiscalização
permanente, que prenda quem polui as lagoas e canais da cidade, a
situação se resolve. E a maioria desse esgoto vem de condomínios, que
são mais fáceis de controlar, em comparação com o que vem de favelas",
ressalta o biólogo.
Para ele, a única salvação da região da
Reserva de Marapendi e da Baía de Guanabara é investir em saneamento:
"Se isso não ocorrer em um prazo de três anos, esses dois ecossistemas
estarão mortos em 2015", estima.
Jornal do Brasil
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