A proximidade do Dia dos Pais, quando costuma aumentar a venda de
celulares, pode ter influenciado a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) a liberar a comercialização de chips e modems pelas
empresas de telefonia. O fato de a liberação ter ocorrido sem que
nenhuma medida prática tenha sido tomada em favor do consumidor reforça
essa possibilidade, diz a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(ProTeste).
“Basta observar a conversa que estamos tendo agora: em diversos
momentos o sinal está falhando”, disse, em meio à entrevista concedida
por celular à Agência Brasil, a coordenadora
Institucional da ProTeste, Maria Inês Dolci. “Para o consumidor, nada
mudou porque o problema é sistêmico. As empresas não têm como melhorar
sinal e qualidade do serviço em prazo tão curto, nem como fazer
investimentos para solucionar os problemas denunciados, em especial os
relativos a falhas do sinal.”
Segundo ela, a Anatel “demorou demais” para punir as operadoras. “E
depois, em apenas 11 dias, voltou a liberar as vendas, mesmo com um
quadro com tantas reclamações não atendidas e problemas não
solucionados”, afirmou.
“Um ponto que nos chama muito a atenção é a liberação das vendas em
data próxima ao Dia dos Pais, data que representa uma grande
oportunidade de vendas para as operadoras. A Anatel perdeu a
oportunidade de aproveitar a data. Mantendo a proibição, puniria de
forma mais efetiva as empresas e mostraria que, de fato, atua em prol do
consumidor”, disse Maria Inês.
Ela critica o fato de ter bastado às empresas apresentar um plano de
investimentos futuros para ter suas vendas liberadas. “Este era o
momento ideal de obrigá-las a melhorar de imediato a qualidade dos
serviços e do atendimento. É com ações desse tipo [que resultam na
diminuição, ainda que momentânea, dos lucros das empresas] que se pode
aumentar, nas operadoras, o interesse pela melhora dos serviços”,
afirmou. “Com isso, os problemas verificados e não solucionados não
deixaram de ocorrer. Ou seja, os consumidores continuarão a ter
problemas.”
De acordo com o superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, serão necessários seis meses para que os usuários de telefone celular percebam melhoria nos serviços de transmissão de voz e dados.
Com 11 anos de existência, a organização não governamental ProTeste
tem, segundo Maria Inês, 250 mil pessoas físicas associadas. A entidade
integra o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, grupo que é formado
por Procons, Defensoria Pública, Ministério Público e entidades civis de
defesa do consumidor.
Agência Brasil
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