No dia 08 de março do ano passado, no município de Sousa, Paraíba, cerca
de quinhentas mulheres e homens do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra fizeram uma mobilização ocupando o perímetro irrigado das
Várzeas de Souza para denunciar a falta de rigor na fiscalização dos
lotes irrigados que deveriam ser destinados prioritariamente para fins
da reforma agrária, além do uso abusivo e descontrolado de agrotóxicos
na produção agrícola de milho pelo Grupo Santana, empresa do agronegócio
que mais se beneficia da irrigação.
Mais uma vez, no dia 08 de março de 2013, as mulheres e homens do MST
ocuparam a mesma área de bombeamento do açude de coremas reivindicando
Água para os assentamentos Nova Vida I e II; Terra para os 350 acampados
e acampadas da região; além do cancelamento da licitação dos lotes 20 e
21 que totalizam quase 1000 ha de terras irrigadas. Também denunciamos
que o Grupo Santana, empresa do agronegócio, continua sendo quem mais se
beneficia das políticas públicas federais e estaduais de acesso a água
no semi-árido Paraibano, utilizando essa irrigação na produção de milho e
sorgo para fabricação de ração animal, sendo que nesse momento de
intensa estiagem, de acordo com a constituição brasileira, essa água
deveria ser priorizada para consumo humano, seguido de consumo animal e
por último o consumo vegetal e não para gerar lucros nas contas
bancárias de empresas do agronegócio.
Como repressão das denuncias realizadas, na tarde de ontem (08/04/2013) a
companheira Cícera Soares Timóteo, militante do MST, foi presa e
acusada injustamente de roubo, dano do patrimônio privado e incêndio. O
grupo Santana principal privilegiado pelas políticas públicas de
distribuição de água se coloca como vítima e acusa a Companheira Cícera
através do Ministério Público Estadual que entrou com o mandado de
prisão.
Nós exigimos a imediata libertação da companheira Cícera e a retirada no
mandado de prisão. Seguiremos com as denúncias, resistindo contra a
privatização das águas e da terra, e, lutando pela mudança do modelo de
produção no semi-árido com o objetivo de trazer o desenvolvimento humano
para a população da Paraíba!
Não aceitamos mais a indústria da seca e esse modelo de produção que
desumaniza, alertando que as mulheres e crianças são os que mais sofrem
com o desvio de recursos públicos que deveriam ser utilizados para a
convivência com o semi-árido e que são historicamente empregados em
benefício das oligarquias e atualmente também por empresas do
agronegócio.
Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular!
.tarcioteixeira.com
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