Em sua participação na coletiva de imprensa da sexta-feira, 12 de
abril, o bispo de Balsas (MA) e presidente da Comissão Pastoral da Terra
(CPT), dom Enemesio Angelo Lazzaris falou sobre a apresentação do
Documento “A Igreja e a questão agrária no Século XXI”.
Dom Enemesio explicou que o Documento é uma continuidade das
reflexões que a CNBB tem feito ao longo dos anos. E citou o ano de 1954,
quando se realizou a 2ª Assembleia Geral dos Bispos e cujo tema central
foi a “Reforma Agrária”, o bispo também lembrou o ano de 1980 quando na
18ª AG o tema foi “Igreja e problemas da terra” e mais recentemente, em
2006, quando foi lançado o Documento “Os pobres possuirão a terra”.
Dom Enemesio ressaltou que o Documento apresentado na 51ª AG composto
por um breve histórico, quatro capítulos e conclusão “quer fazer
entender de maneira crítica as velhas e novas razões do sofrimento e da
violência que marcam e ensanguentam a nossa terra hoje talvez mais que
ontem”. E reforçou dizendo que “de maneira clara o documento faz
entender que a sempre prometida Reforma Agrária não foi prioridade de
nenhum dos governos democráticos, menos ainda do governo atual”.
O bispo fez uma alerta para a situação opressora que se encontram os
povos indígenas, quilombolas, sem terras e escravizados do campo, que
estão em condições degradantes. “Precisamos atuar, precisamos anunciar
as coisas boas, mas precisamos denunciar as tantas formas de opressão,
os gritos, as injustas que este povo sofre”.
No final da coletiva o presidente da CPT disse que o episcopado apela
para que os poderes executivo, legislativo e judiciário permita que os
camponeses tenham vez e voz. “Declaramos apoio aos pequenos que buscam
oportunidade de vida na terra, na floresta e nas águas. Apoiamos as
organizações camponesas e suas lutas pela terra e por políticas públicas
que lhes garantam acesso ao serviço saúde. Estamos juntos na
resistência contra toda forma de violência que atinge a vida dos
trabalhadores e suas famílias. Nos colocaremos contra a grilagem e
esforçaremos sempre mais para combater o trabalho escravo”.
O arcebispo de Mariana (MG) e ex-presidente da CNBB, dom Geraldo
Lyrio Rocha, estava presente na coletiva e pediu a palavra para falar
sobre o assunto. Com a palavra dom Geraldo questionou se a questão
agrária está sendo discutida em nosso país e se há algum partido
político levantando este assunto. “Não é que a questão não exista, é que
se faz vista grossa, se silencia”.
Dom Geraldo aproveitou para ressaltar que Documento “quer dizer um
grito dos que estão pedindo socorro e a Igreja quer ser porta-voz de
todos aqueles que são vítimas desta situação gravíssima em nosso país”.
E esclareceu: “Sabemos que esse Documento vai provocar reações porque
é um documento que toma posição clara e definida. É lógico que
esperamos que ele tenha repercussão no Congresso Nacional, que ele possa
trazer uma contribuição para um debate mais amplo na sociedade”.
CNBB
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