Um tipo de formiga vermelha europeia é capaz de "pressentir"
terremotos, fato que pode ajudar a determinar quando esses fenômenos
sismológicos vão ocorrer, segundo estudo realizado por pesquisadores
alemães e apresentado durante a Assembleia da União Europeia da
Geociências, que termina nesta sexta-feira (12) em Viena.
De acordo com Gabriele Berberich, da Universidade de Duisburg-Essen, as
formigas vermelhas têm uma rotina parecida com a dos humanos, "pois
durante o dia estão ativas e à noite descansam".
A partir deste conhecimento, a pesquisadora disse que antes de
terremotos, a formiga-vermelha-da-madeira (Formica polyctena), que
costuma viver em florestas, muda hábitos e interrompe sua fase de
descanso noturno, mantendo o comportamento atípico até que o terremoto
passe.
Esses insetos constroem seus formigueiros em sistemas de falhas
tectônicas ativas, que são zonas propensas a terremotos. Durante o
experimento, desenvolvido entre 2009 e 2012, mais de 45 mil horas de
vídeo foram gravadas para que se pudesse estudar os hábitos dessas
formigas.
"Observamos que a colônia inteira, exceto a rainha, fica na parte
superior do ninho, o que é bastante incomum. Normalmente, elas ficam em
áreas mais profundas para evitar predadores", explicou Gabriele.
Precursores de abalos sísmicos
Precursores de abalos sísmicos
A pesquisa foi realizada em uma área sismologicamente ativa da Alemanha, classificou as formigas e analisou suas reações aos movimentos tectônicos, o que revelou os comportamentos incomuns antes e durante tremores superiores a uma magnitude de dois graus na escala Richter. "Em tremores de magnitude menor que dois graus, não pudemos detectar mudanças de comportamento significantes", afirmou a pesquisadora.
Além disso, outros parâmetros como mudanças no clima do formigueiro
antes de um terremoto foram avaliados para determinar se influenciavam
nos hábitos desses insetos, ressaltou Gabriele. "A pressão muda a
estrutura dos gases, e as formigas são capazes de detectar essa
alteração porque são muito sensíveis a estas reações, assim como a
variações eletromagnéticas", explicou.
"Monitorar essas formigas foi um grande passo para entender os
processos geotectônicos e diagnosticar alguns precursores (de movimentos
sísmicos)", disse Gabriele. "Iniciaremos grandes projetos
interdisciplinares para determinar com mais detalhes que é o que faz com
que as formigas mudem seus hábitos dessa maneira", garantiu.
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