A hipertensão atinge 22,7% da população adulta brasileira. Desse
total, o diagnóstico em mulheres é mais comum, 25,4%, e em homens 19,5%.
Os dados são da mais recente pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2011,
da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.
"A mulher está mudando o perfil. Antes ela cuidava dos filhos e o
marido ia para o trabalho. Hoje não. A mulher ocupou um espaço na
sociedade igual ao do homem. Ela tem as mesmas posições. Está submetida
às mesmas situações de estresse e ainda tem dupla jornada. Além de
trabalhar fora, ela chega em casa faz as lições com as crianças, vai ao
supermercado. Ela tem uma carga de trabalho maior e ainda está fumando
mais. Inclusive vem aumentando, gradativamente, a mortalidade entre
mulheres por doença cardiovascular", disse o coordenador da campanha
nacional contra a hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC), Carlos Alberto Machado.
Ainda conforme a pesquisa, há diferença entre níveis de escolaridade.
Enquanto na faixa de mulheres com até oito anos de escolaridade 34,4%
informaram diagnóstico de hipertensão, entre as de nível superior foram
14,2%. "As mulheres com menos escolaridade, em geral, têm menos
informação e menos acesso aos serviços de saúde para fazer o
diagnóstico. Tenta marcar uma consulta na saúde básica no posto de saúde
perto da sua casa. Hoje uma das grandes lutas da sociedade é qualificar
a atenção básica e facilitar o acesso na rede primária que é porta de
entrada do sistema de saúde qualificado", informou.
O cardiologista alertou que os números podem ser maiores, porque a
pesquisa é feita por telefone fixo e nos horários em que as pessoas são
encontradas em casa. Agora, de acordo com ele, o questionamento deve ser
ampliado porque a pesquisa vai começar a ser feita também em celulares.
"A gente acredita que os números são subestimados e que o número real é
maior do que os dados do Vigitel, mas mesmo subestimados são muito
altos. A gente precisa melhorar isso", disse.
Pelos cálculos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Brasil tem,
atualmente, cerca de 32 milhões de hipertensos com mais de 20 anos de
idade. Segundo o coordenador, o grande problema é que a maioria dos
hipertensos nem sabe que tem a doença. "Inicialmente ela não dá sintomas
e apesar de não dar sintomas ela vai causando uma série de lesões em
vários órgãos. Ela pode lesar o coração, o cérebro, os rins, os olhos",
alertou o médico.
De acordo com o cardiologista, a hipertensão é responsável por 80% dos
derrames, por 40% de doenças como infarto e 37% dos casos de
insuficiência renal, que levam os doentes à diálise. Ele disse que não
tem cura, mas com tratamento é possível controlar em 100% nas pessoas
atingidas.
Para o médico, diante das possibilidades de acompanhamento médico e de
remédios disponíveis nas redes de atendimento público, não se justifica
mais a internação e a morte de pessoas hipertensas. "Hoje com todo
conhecimento que a gente tem, com todas as classes de remédios de graça
na rede, não se justifica mais internar ninguém por hipertensão e nem
morrer ninguém por hipertensão", avaliou.
Ele destacou ainda, que quando se analisa os dados de mortalidade do
Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, verifica-se
que em torno de 12% das pessoas que morrem, está no atestado de óbito
que a principal causa mortis é a hipertensão. "Então é importante chamar
atenção da população da necessidade de medir a pressão. Se ela estiver
alterada, maior ou igual a 140 por 90, a pessoa deve procurar o médico
confirmar este diagnóstico e depois de confirmar, iniciar o tratamento",
orientou o cardiologista.
Segundo ele, há duas formas de tratamento, o medicamentoso e o não
medicamentoso. "O não medicamentoso são as mudanças no estilo de vida,
diminuir o sal da comida, emagrecer, fazer uma atividade física regular,
evitar o estresse e o uso abusivo de bebida alcóolica e abandonar o
tabagismo. O tratamento medicamentoso é individualizado, depende de cada
pessoa. Vai ser identificado o mecanismo mais prevalente na pessoa e
medicá-la e quando inicia o tratamento ele é para o resto da vida. A
mudança no estilo de vida faz parte do tratamento da hipertensão. Tem
pessoas que só com isso a gente consegue controlar a pressão. Na grande
maioria, a gente precisa passar o remédio e quando passa o remédio as
pessoas vão tomar o remédio para o resto da vida", explicou.
Agência Brasil
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