Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiram 26,6% nos últimos
sete meses, no intervalo entre 1º de agosto de 2012 e 28 fevereiro de
2013, em comparação com o mesmo período anterior, de 1º de agosto de
2011 a 28 de fevereiro de 2012, segundo informações do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgadas nesta quinta-feira
(28).
Os dados, que incluem a degradação (desmatamento parcial) e o corte
raso (desmatamento total) da floresta, foram registrados pelo sistema de
detecção de desmatamento em tempo real do Inpe, o Deter, que usa
imagens de satélite para analisar a perda da mata em nove estados.
No total, 1.695 km² da floresta foram destruídos ou degradados nos
últmos sete meses, área pouco maior do que o tamanho da cidade de São
Paulo, de 1.521 km², de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Já entre 2011 e 2012, foram perdidos 1.339 km² de mata, no mesmo intervalo de tempo.
Quatro meses
Só nos últimos quatro meses, de novembro de 2012 a fevereiro de 2013, houve alertas de desmatamento em 615 km² da floresta amazônica, segundo o Inpe. O número é 15% maior do que o registrado anteriormente: 536 km² desmatados, entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012.
A cobertura de nuvens na região amazônica prejudica a análise do Deter,
afirma o Inpe. Em novembro de 2012, 34% da floresta estava coberta por
nuvens; já em dezembro, a cobertura foi de 54%. Em janeiro, 67% da
Amazônia estava coberta por nuvens, enquanto em fevereiro o índice foi
de 64%.
Por estado
Os dados do Inpe apontam que o estado com o maior registro de alertas de desmatamento nos últimos sete meses foi o Mato Grosso (734 km²), seguido do Pará (428 km²), Rondônia (270 km²), Amazonas (151 km²) e Roraima (50 km²).
Os primeiros três estados também foram os "líderes" em destruição da
floresta: Mato Grosso (604 km²), Pará (300 km²) e Rondônia (232 km²)
tiveram mais desmatamento entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012,
segundo o Inpe.
Proporcionalmente, o aumento do desmate foi grande no Maranhão (crescimento de 121%) e no Tocantins (81%), aponta o Inpe.
Fiscalização
Segundo o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luciano de Meneses, o órgão teve que encontrar novos métodos de fiscalização após constatar o aumento no número de alertas de desmate.
"Entramos com a Operação Onda Verde, ocupamos as seis áreas críticas
que respondem hoje por 54% de todo o desmatamento da Amazônia. Colocamos
bases móveis com autonomia. Essas bases tem agentes do Ibama, agentes
da Força Nacional de Segurança, agentes da Polícia Rodoviária Federal",
afirmou o diretor.
Fiscais do Ibama na Operação Onda Verde apreenderam mais de 65 mil m³
de madeira em toras que circulavam de forma clandestina pela floresta,
entre 1º de agosto de 2012 e 25 de março de 2013. Desse total, quase 38
mil m³ de madeira foi encontrada no estado do Pará, e 15,7 mil m³, em
Mato Grosso.
Além de madeira, o Ibama confiscou 110 tratores, 60 caminhões, 216
motosserras e 32 armas de fogo na Amazônia Legal. A maior apreensão de
motosserras ocorreu também no estado do Pará (137), seguido do Mato
Grosso (39) e de Roraima (19).
No total, o órgão aplicou 3.180 autos de infração entre agosto de 2012 e
março de 2013, cujo valor de multas, somadas, ultrapassa R$ 1,4 bilhão.
"Mato Grosso e Pará sempre foram os 'campeões' do desmatamento", disse o
diretor do Ibama. "Esses alertas, a gente entende que eles possam estar
sendo impulsionados pelo boom das commodities agrícolas, pelo aumento
[do preço] do ouro e pelo aumento do preço da terra."
G1
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