Os índios que ocupam a Aldeia Maracanã, ao lado do Estádio Jornalista
Mário Filho, o Maracanã, fizeram neste sábado (16), ao lado de
simpatizantes da causa, uma manifestação contra a demolição do Estádio
de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Júlio Delamare, da
Escola Municipal Friedenreich e contra a privatização do Maracanã.
A manifestação teve início na Praça Saens Peña, na Tijuca, e seguiu em
passeata até o Complexo Esportivo do Maracanã, provocando caos no
trânsito da região.
O estádio do Maracanã está com leilão marcado para o dia 11 de abril, e
o ato teve a finalidade forçar a aprovação do projeto de resolução da
Assembleia Legislativa do estado (Alerj) que propõe um plebiscito sobre o
tema. No entorno do estádio será construído um shopping, a ser
explorado pela iniciativa privada.
O advogado Arão da Providência, que defende os índios da Aldeia Maracanã, disse que o prazo de 72 horas dado
pela Justiça Federal para que os índios desocupem o prédio do antigo
Museu do Índio, no entorno do Maracanã, está condicionado ao governo do
estado apresentar uma proposta alternativa de espaço para o povo
indígena. Segundo Arão, o governo quer oferecer um hotel para os índios
na área central da cidade, para ficar aguardando a discussão de um
possível outro local para montar o Centro Cultural Indígena.
"Então quem tem negociar com os indígenas não é mais o estado do Rio de
Janeiro e sim a empresa vencedora da licitação. Na audiência pública
foi apresentada a proposta de manter naquele espaço o projeto de cultura
indígena, mas o governo está desrespeitando o próprio edital e está
desrespeitando a audiência pública que aprovou o Centro Cultural
Indígena no antigo Museu do Índio", disse.
Em nota, a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos
informou que esteve com os índios que ocupam o antigo Museu do Índio na
tarde de sexta-feira (15), quando um oficial de Justiça entregou o
documento de imissão de posse aos indígenas.
"A equipe da secretaria reforçou, mais uma vez, as propostas do governo
do estado de criação de um centro de referência indígena, próximo à
Quinta da Boa Vista e do Conselho Estadual Indígena, e garantiu que até
que estas medidas sejam efetivadas, os índios terão à sua disposição um
local provisório para hospedagem. Aqueles que não aceitarem ir para o
mesmo local, receberão o benefício temporário do aluguel social e seus
bens serão igualmente transportados. Importante salientar que neste
momento a situação está sendo tratada pela Justiça Federal, que
determinou o prazo de 72 horas para a saída espontânea do imóvel".
Já o presidente da Associação de Pais de Alunos da Escola Municipal
Friedenreich, Carlos Sandes, instalada no Complexo do Maracanã há 48
anos, disse que a demolição da escola é um desrespeito aos alunos, entre
eles os portadores de necessidades especiais, que representam pouco
mais de 10% do número total de 350 alunos.
"A escola tem um trabalho específico [para esses alunos] e com acesso
que não apresenta obstáculo para as crianças, tanto cadeirantes,
autistas ou portadores da síndrome de Down. E o governo quer arrastar a
escola Friedenreich para a Escola Municipal Orsina da Fonseca, distante
do local e sem acessibilidade para os portadores de necessidades
especiais", reclamou.
Agência Brasil
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