quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Cientistas criam método para identificar exoplanetas que poderiam abrigar 'alienígenas'


Cientistas americanos conseguiram criar um método para identificar o tipo de planetas que teriam a maior possibilidade, segundo eles, de abrigar vida alienígena — e quais provavelmente não — como parte de um novo estudo pioneiro. Os resultados foram publicados esta semana em um artigo na revista científica "Astrophysical Journal Letters".

O trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade de Northwestern, Universidade de Colorado em Boulder, do Laboratório Virtual Planet da Nasa, a agência espacial americana, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT , na sigla em inglês), tem como objetivo ajudar a reduzir o grupo de planetas que os astrônomos devem vasculhar enquanto tentam encontrar vida extraterrestre.
Um vasto número de exoplanetas , aqueles localizados além do sistema solar, já é conhecido pelos cientistas — os telescópios já ajudaram a catalogar milhares, e muitos outros ainda devem ser encontrados. Mas é muito mais difícil saber como podem ser as condições desses planetas, principalmente por conta de suas especificidades.
Com o objetivo de mudar este quadro, os pesquisadores por trás do novo estudo combinaram uma variedade de dados para entender onde os planetas habitáveis podem estar. De acordo com os cientistas, esses planetas se localizam ao redor das estrelas anãs M — que compõem 70% da nossa galáxia —. o lugar mais provável para se encontrar vida alienígena.
O estudo ajuda a redefinir a compreensão sobre se um planeta poderia ser habitável, levando em consideração a radiação vinda de uma estrela, e como seria a rotação do astro. Isso, por sua vez, levou os pesquisadores a entenderem como a radiação vinda de uma estrela aquece ou esfria a atmosfera de um planeta rochoso. As descobertas podem ajudar a compreender se pode haver água nesses planetas e, assim, se é possível que a vida cresça lá.

Raios UV

Os cientistas também destacam outa descoberta: a de que planetas que possuem finas camadas de ozônio recebem doses perigosamente altas de raios UV. Isso os torna perigosos para qualquer vida complexa que possa tentar prosperar em sua superfície, mesmo que as condições pareçam adequadas por conta da temperatura.
"Na maior parte da história da humanidade, a questão de saber se a vida existe ou não em outro lugar pertenceu apenas ao domínio filosófico", disse Howard Chen, o primeiro autor do estudo, da Universidade de Northwestern. "Somente nos últimos anos tivemos as ferramentas de modelagem e a tecnologia de observação para abordar esta questão."
Agora, os cientistas podem definir com maior precisão quais planetas devem ser analisados.
"Existem muitas estrelas e planetas no universo, ou seja, muitos alvos", disse Daniel Horton, cientista sênior da pesquisa, da Universidade de Northwestern. "Nosso estudo pode ajudar a limitar o número de lugares que temos para apontar nossos telescópios".

Os cientistas têm meios para detectar vapor d'água e outros dados importantes para entender se um planeta pode ser habitável, a bordo do Telescópio Espacial Hubble e do Telescópio Espacial James Webb, que será lançado em breve e vasculhará planetas distantes em busca de sinais que possam indicar vida. A nova pesquisa deve ajudar a decidir em quais partes da galáxia eles estarão olhando.
"'Estamos sozinhos?' é uma das maiores perguntas sem resposta", disse Chen. "Se pudermos prever quais planetas têm mais probabilidade de hospedar a vida, podemos ficar muito mais próximos de respondê-la durante nossas vidas."

Fonte: O Globo

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Mais de 200 toneladas de resíduos de óleo foram retiradas no Nordeste


A origem, as causas e responsabilidades do despejo de óleo em praias do Nordeste ainda são desconhecidas. O que se sabe é que 166 praias em 72 municípios dos nove estados da região já foram afetados. Mais de 200 toneladas de resíduos oleosos (mistura de óleo e areia) foram coletadas só pela Petrobras, ou seja, sem contabilizar indivíduos e organizações voluntárias que estão fazendo o árduo trabalho de “enxugar gelo”.
Cerca de 1700 agentes ambientais contratados pela estatal estão coletando os resíduos desde 12 de setembro. Já a Marinha empregou 1.583 militares. O trabalho é realizado em conjunto ao Ibama. Análises já comprovaram que a substância trata-se de petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo.
Entretanto, não se sabe exatamente a quantidade exata da distribuição de óleo e, pior, os órgãos só conseguem avistar o material quando ele está bem próximo da praia.
“Nós utilizamos satélites, não só brasileiros, mas também estrangeiros. Temos utilizado aeronave do Ibama com um sistema de radar. Essa aeronave percorreu e vem percorrendo todo o litoral brasileiro, sem detecção desse óleo, que vem por baixo da superfície. Ele vem de um sistema subsuperficial, está abaixo do sistema de visualização por radar”, disse o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na última quarta-feira (16).
O Rio Grande do Norte é o estado com mais praias atingidas, foram encontradas manchas até nos parrachos de Maracajaú: conhecido como o Caribe brasileiro. Há 60 quilômetros de Natal, a área é repleta de piscinas naturais que estão inseridas na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais.

Fauna atingida

Os números até agora são difíceis de mensurar. O Ibama informa que 29 animais foram conhecidamente afetados, entre eles aves e tartarugas marinhas. Porém, considerando que nem todos os casos são computados pelo órgão, o número certamente é bem maior.

Só o Projeto Tamar, por exemplo, recolheu 10 filhotes mortos nas praias da Bahia desde a última sexta-feira (11). Já o Instituto Biota de Conservação registrou, na semana passada, o primeiro golfinho com manchas de óleo no litoral de Alagoas. Ao passo que o caso ganha mais atenção da mídia e da população brasileira, a atenção sobre o impacto aos animais deve aumentar.
O Projeto Tamar afirmou em nota que está monitorando intensamente as praias de Sergipe e do litoral Norte da Bahia. São “áreas consideradas prioritárias para a reprodução e conservação de três das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro: a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)”.

Contenção

Conter o avanço das manchas sem saber sua origem é uma missão praticamente impossível. O próprio Ibama afirmou, em nota, que o uso de barreiras de contenção para reter o óleo pode não alcançar a eficácia pretendida. Veja abaixo como funcionam tais barreiras:
Barreiras de contenção são compostas por uma parte flutuante e outra submersa, chamada saia, que tem a função de conter o óleo superficial (substância com densidade menor que a da água), mas o poluente que atinge o nordeste do país se concentra em camada sub-superficial. Por essa razão, as manchas não são visualizadas em imagens de satélite, sobrevoos e monitoramentos com sensores para detecção de óleo.
Além disso, barreiras de contenção geralmente são eficazes em correntes com velocidades de até um nó, o equivalente a uma milha náutica por hora. A vazão dos rios é muito superior a essa capacidade.
O Ibama também ressalta que, apesar de ser recomendado instalar barreiras em águas calmas, como manguezais, se estas mesmas áreas já estiverem contaminadas a estrutura impede a limpeza natural do ambiente, ou seja, além de não ajudar ainda atrapalha.

De quem é a culpa?

 que se afirma, até agora, é que o óleo encontrado não é produzido no Brasil e não foi comercializado ou fruto de operações da Petrobras. Já há análises apontando que material seja de origem venezuelana. A Marinha continua investigando a origem das manchas de óleo, enquanto a Polícia Federal realiza a investigação criminal.

O que fazer

Para quem mora ou está em uma região afetada é importante evitar nadar ou praticar esportes aquáticos e não entrar em contato com a substância – caso aconteça sem querer, buscar a unidade de saúde. Também é importante notificar a prefeitura da cidade sobre os resíduos, inclusive se encontrar um animal coberto por óleo: alguns moradores ao se deparar com a situação lavam o animal por conta própria e devolvem-o para o mar, o que não é recomendado.
Fonte: Ciclo Vivo

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Embalagem de ovos pode ser plantada após uso

Uma pesquisa do Ibope, divulgada em junho de 2018, revelou que quatro em cada 10 brasileiros não separam o lixo orgânico do reciclável. Mas o índice mais desesperador está na gestão: somente 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado. Diante destes fatos, além de cobrar melhorias dos munícipios, é preciso reduzir a geração de resíduos e optar, sempre que possível, pela compra de materiais menos impactantes ambientalmente. Neste sentido, o designer grego George Bosnas propõe uma embalagem plantável para embalar os ovos.
Batizada de Biopack, a caixa de ovos tem o formato mais arredondado do que as embalagens comuns. Ela é feita com pasta de papel, farinha, amido e sementes de leguminosas. Após usar os ovos, o consumidor rega (ou pode plantar em um vaso) e, em cerca de 30 dias, as primeiras sementes são germinadas. Zero complicações. O interessante é que, apesar de não ser uma novidade, ainda não se vê o uso industrial de papel semente em grande escala.
A escolha por sementes de leguminosas é fruto de sua pesquisa onde o designer descobriu que o cultivo de leguminosas aumenta a fertilidade do solo devido à sua capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico através do nódulo da raiz.
Trata-se de uma solução simples. Tão simples que até pode fazer alguém se perguntar: por que ninguém pensou nisso antes? Não é à toa que ele se concentra em resolver problemas cotidianos com um toque estético. Pelo desenvolvimento do produto, George venceu um concurso de design circular.
Ciclo Vivo

terça-feira, 28 de maio de 2019

Técnica recupera terrenos áridos através da criação de animais


Parece ser consenso entre as pessoas que a criação de gado ou de outros animais de pasto, como ovelhas e cabras, são danosas para o meio ambiente. Porém, Allan Savory, produtor rural e doutor em ecologia do Zimbábue, desenvolveu uma técnica capaz de não apenas preservar estes ambientes, como também dar vida nova a eles.
A resposta para essa descoberta foi a observação da natureza. Savory notou que na África, por exemplo, grandes rebanhos amontoados de animais migram de uma região à outra, pastando, comendo as gramíneas, pisoteando o local, defecando e urinando no solo. 
O pesquisador percebeu que o pastoreio feito pelo animal durante sua estadia transformavam, em alguns meses, o solo antes árido e seco, em um solo fértil, com maior retenção de água e de gás carbônico, renovando completamente a paisagem.
Segundo Eurico Vianna, educador e consultor em agricultura regenerativa, um terreno árido não se recupera sozinho. “Existem vários exemplos de terrenos degradados abandonados por mais de vinte anos no Cerrado que não se regeneraram sem algum manejo”, exemplifica Vianna. O consultor, que atua na Austrália, explica que isso ocorre porque quando as gramíneas perenes típicas de regiões áridas crescem sem pastoreio de herbívoros: elas acabam secando e oxidando. Este processo faz com que elas liberem gás carbônico na atmosfera, deixando de enriquecer o solo durante sua decomposição.
A técnica chamada Manejo Holístico de Pastagens já foi aplicada em mais de cinco mil propriedades ao redor do mundo -, mudando paisagens desérticas e até mesmo de um antigo terreno usado para mineração.
As fotos do antes e depois são impressionantes.

“O sistema pode ser uma das soluções para combater o aquecimento global, uma vez que a interação dos animais herbívoros com as gramíneas faz com que o solo seja melhorado, capturando muito mais CO2 e aumentando a capacidade do solo de armazenar água”, diz Vianna.
De acordo com o consultor, os produtores rurais também se beneficiam com o método. “A resiliência da propriedade aumenta porque o gado, ou qualquer outra criação, passa a ser um recurso manejado de forma a melhorar os processos ecossistêmicos. A rentabilidade do empreendimento aumenta em função da melhoria da ecologia local e do uso de uma abordagem que não depende de insumos”.
Eurico Vianna está em turnê pelo Brasil e trouxe com ele Graeme Hand, educador e consultor australiano com mais de 20 anos de experiência sobre como ter produtividade e qualidade de vida na pecuária, enquanto restaura áreas degradadas. 
Ciclo Vivo