segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Como descartar celulares antigos ou estragados


40 anos surgiu o primeiro celular, o Dynatac. Ele pesava mais de um quilo, media 25 centímetros, a bateria durava 20 minutos (e demorava 10 horas para ser recarregada) e custava US$ 4 mil. De lá para cá, o celular sofreu diversas mutações e se tornou um equipamento fundamental para a vida urbana e que faz muito mais do que simples ligações. Quanto mais moderno, maior é a quantidade de novas funcionalidades e o apelo do design - tudo isso faz com que haja grande comoção por novos lançamentos por parte do consumidor.

A tentação de trocar o aparelho celular por um mais novo e moderno é enorme. Mas essa troca desenfreada pode causar prejuízos à saúde e ao meio ambiente quando não realizada de maneira sustentável e consciente. Isso porque um aparelho celular contém diversos componentes. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dos 118 elementos químicos presentes na tabela periódica, o celular contém 43 deles, como o mercúrio, o cádmio e o chumbo, que são metais tóxicos.

Além dos metais tóxicos, o celular também é composto por carcaça, placa de circuito impresso, bateria e chip. A carcaça é feita de polímeros plásticos, podendo ser de policarbonato (PC), poliamida (PA), blendas de policarbonato (PC) e acrilonitrilabutadieno estireno (ABS, na sigla em inglês). Há ainda a placa de circuito impresso (PCI), que são microprocessadores com funções de memória (é o "cérebro" do celular). Cerca de 24% dos materiais presentes nessa placa são cerâmicos, como a sílica, alumina, mica e titanato de bário, 12,7% são polímeros e 63,3% são metais. Segundo um estudo, os principais metais encontrados são: cobre, ferro, alumínio, estanho, tântalo, gálio, ouro, prata, cromo, mercúrio, cádmio, zinco, níquel e chumbo.

O grande problema da PCI é a soldagem feita de chumbo, elemento nocivo à saúde e prejudicial ao meio ambiente. Por esse motivo, as fábricas de celulares estão adotando uma nova liga na fabricação dessas placas, a lead-free, que é composta por estanho, prata e cobre.


Baterias

Os sistemas mais comuns de baterias de celular são:

-Bateria níquel/cádmio: é o modelo de bateria mais antigo, criado em 1899. Possui baixo custo, curto tempo de vida útil, menor capacidade de carga e problema de “efeito memória”, ou seja, a bateria entende que está com carga completa e deixa de carregar, mesmo estando com o nível de carga baixo. Ela está em desuso, pois não é muito eficiente e possui cádmio, um contaminante tóxico.

-Bateria hidreto metálico/óxido de níquel: possui algumas vantagens, como menor potencial de poluição, maior densidade de energia (pode armazenar mais energia do que a de níquel/cádmio) e demora para descarregar. Além disso, nesse tipo de bateria há menos chance de ocorrer o “efeito memória”.

-Bateria de íons lítio: tecnologia mais recente, sendo utilizada na maioria dos aparelhos.

Como reciclar?

Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), o descarte incorreto dos materiais eletrônicos pode prejudicar a saúde e o meio ambiente, provocando a poluição do solo e da água; quando incinerados, podem emitir gases tóxicos.

Quando o celular é descartado em postos de coleta, ele passa por uma série de processos. Inicialmente, passam por um computador que faz a triagem, separando os equipamentos em condições de uso, que podem ser doados, dos que não podem ser reutilizados. Logo, os aparelhos celulares são desmontados e a carcaça, bateria e a PCI são separados. Cada um desses componentes tem um destino específico.

Em seguida, é dada uma destinação diferente para os componentes tóxicos com relação aos não tóxicos. Os componentes tóxicos são colocados em tanques, e os não tóxicos são triturados e vendidos para outros países que possuem a tecnologia de extração dos metais. 

O Brasil é um dos líderes no descarte de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) – segundo estimativa da ONU, uma cidade como São Paulo produz cerca de 5,5 mil toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Mas, infelizmente, o país não ocupa o primeiro lugar da lista dos países que descartam de modo correto esse tipo de lixo.

Os motivos para isso se devem à divulgação incipiente de programas de reciclagem e de postos de coleta, bem como à falta de tecnologia para a reciclagem desse tipo de resíduo. No Brasil ainda não há, por exemplo, uma indústria de reciclagem de celulares, por isso as empresas que coletam esses aparelhos realizam, primeiramente, um pré-processamento destes e depois vendem o material para empresas recicladoras estrangeiras.

Revista Ecológico

Macroalgas brasileiras podem ser utilizadas na alimentação e na produção de biodiesel


O potencial biotecnológico de 25 espécies de macroalgas coletadas na costa brasileira é mostrado em pesquisa do Instituto de Química (IQ) da USP. No estudo da bioquímica Aline Paternostro Martins foram identificadas as espécies com maior potencial para a produção de biodiesel (inclusive desenvolvendo formas de cultivo), suplementos alimentares e com atividade biológica. A pesquisa foi orientada pelo professor Pio Colepicolo Neto, do IQ.

Foram estudadas 14 espécies de macroalgas pertencentes à divisão Rhodophyta, 4 espécies pertencentes à divisão Chlorophyta e 7 espécies pertencentes à divisão Heterokontophyta. As amostras utilizadas na pesquisa foram coletadas em Ubatuba (litoral norte de São Paulo) e Natal (Rio Grande do Norte), porém as espécies analisadas no estudo podem ser encontradas em toda a extensão do litoral brasileiro. “Na pesquisa, foi selecionada uma espécie dentre as várias com maior potencial para a produção de biodiesel e estabelecido o seu cultivo em laboratório”, diz Aline. “A engenharia bioquímica, por meio da manipulação de alguns fatores abióticos durante o seu cultivo, foi utilizada para aumentar a taxa fotossintética do organismo e desviar o seu metabolismo para a biossíntese de lipídeos, promovendo o aumento da produção de óleo”.

De acordo com a bioquímica, ao estudar uma macroalga para avaliar o seu potencial como fonte de biodiesel, além da quantidade e qualidade dos ácidos graxos, é interessante que outras características sejam observadas. “Entre elas, estão a fotossíntese e crescimento, pois além de ter alto teor de lipídeos e um perfil adequado de ácidos graxos, o organismo deve apresentar um bom desenvolvimento e crescimento”, conta. “Também é preciso avaliar o conteúdo de proteínas, pigmentos e carboidratos, uma vez que a biomassa restante pode ser utilizada para a síntese de co-produtos, como alimentos, rações, fertilizantes, pigmentos, entre outros, agregando valor econômico à espécie”.

Com o conhecimento da composição bioquímica das macroalgas, espécies que não possuírem um perfil bom para o biodiesel, podem ser aproveitadas para outras finalidades como, por exemplo, para a alimentação rica em nutracêuticos, que são alimentos, ou parte de alimentos, que proporcionam benefícios à saúde, como a prevenção e tratamento de doenças, destacando-se, nesse caso, os ácidos graxos da família do omega-3.

Óleo

A diversidade bioquímica existente nas macroalgas marinhas abre uma gama de possibilidades para a sua utilização para diferentes finalidades. “As espécies Spatoglossum schroederi e Dictyota menstrualis apresentaram os maiores valores de ácidos graxos totais, saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, destacando-se pelo alto conteúdo de ácidos graxos poliinsaturados e omega-3 e pelo alto conteúdo de ácidos graxos monoinsaturados, respectivamente”, diz a bioquímica. “Esse resultado evidencia uma possível utilização de S. schroederi como nutracêutico e de D. menstrualis como fonte de biodiesel”.

Após a escolha da espécie com potencial para a produção de biodiesel, estabeleceu-se o seu cultivo em laboratório e posteriormente avaliou-se os efeitos do aumento do CO2, em condições de saturação e limitação de nitrogênio. “O cultivo foi realizado em biorreatores, avaliando-se principalmente o crescimento, a fotossíntese e sua composição bioquímica, a fim de encontrar condições de cultivo nas quais a macroalga apresente alta taxa de crescimento e de fotossíntese e aumente a biossíntese de lipídeos e ácidos graxos”, afirma Aline. “Além disso, o perfil de ácidos graxos também pode variar em função das condições de cultivo”.

A Dictyota menstrualis foi a espécie que apresentou as melhores características para ser utilizada como fonte para produção de biodiesel. “Entretanto, quando essa espécie foi cultivada, houve um aumento no seu teor de ácidos graxos poliinsaturados e omega-3, o que a torna mais interessante para ser aproveitada como nutracêutico do que como matéria-prima para a produção de biodiesel”, diz a bioquímica. “Apesar da presença de CO2 e nitrogênio no meio terem estimulado a taxa de crescimento e de fotossíntese, apenas esse último nutriente teve efeito sobre o conteúdo de ácidos graxos, estimulando a biossíntese dos ácidos graxos poliinsaturados e de omega-3”.

Os cultivos em biorreatores foram realizados no Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, sob a co-orientação da professora Nair Sumie Yokoya.

Agência USP

Chineses criam janela capaz de absorver luz solar e gerar energia


Cientistas chineses publicaram nesta semana na revista científica "Nature Scientific Reports" estudo que mostra o desenvolvimento de uma janela inteligente, que consegue economizar e gerar energia ao mesmo tempo, contribuindo para a redução de gastos dos edifícios com a conta de luz.

Atualmente, as janelas deixam que o calor escape dos prédios no inverno e que raios solares indesejáveis entrem no verão. Esse "inconveniente" inspirou uma busca por janelas capazes de se adaptar às condições climáticas do exterior.

De acordo com Yanfeng Gao, da Academia Chinesa de Ciências, as janelas inteligentes atuais se limitam a regular a luz e o calor do sol, deixando escapar grande parte de sua energia potencial. "A principal inovação deste trabalho é que ele desenvolveu um dispositivo conceitual de janela inteligente para geração e economia de energia simultâneas", emendou.

Material regula radiação infravermelha

Há muito tempo engenheiros quebram a cabeça para incorporar células fotovoltaicas geradoras de energia às vidraças sem afetar sua transparência. A equipe de Gao descobriu que um material denominado óxido de vanádio (VO2) pode ser usado como uma cobertura transparente para regular a radiação infravermelha do sol.

O VO2 altera suas propriedades com base na temperatura. Abaixo de um determinado nível, é isolante e permite a penetração da luz infravermelha, mas com outra temperatura, torna-se reflexivo.

Uma janela na qual o VO2 tenha sido usado regula a quantidade de energia do sol que entra em um prédio, mas também dissipa a luz para células solares que os cientistas dispuseram em volta dos painéis de vidro, usados para gerar energia que pode, por exemplo, acender uma lâmpada.

"Esta janela combina geração e economia de energia em um dispositivo único, e tem potencial para regular e usar a radiação solar de uma forma eficiente", escreveram os autores do estudo.

G1

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mudanças climáticas podem causar perdas de R$ 7,4 bilhões para agricultura, diz relatório


A agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21, divulgou hoje (25) o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), na segunda parte do primeiro relatório nacional. De acordo com o estudo, o prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.

"É uma preocupação em termos de impacto financeiro e para a questão de segurança. A ideia é que esses relatórios possam sinalizar aos tomadores de decisão a importância de agir agora. O custo da inação, de não fazer nada, vai ser maior do que se a gente começar a se prevenir", defendeu Andrea Santos, secretária executiva do painel.

O estudo prevê que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média prejudique a agricultura principalmente em áreas secas, como o Nordeste, região em que a distribuição de chuvas pode cair até 50%, segundo o relatório. Um resultado desse processo seria a intensificação da pobreza e a migração para áreas urbanas, impactando a infraestrutura. Culturas como as do milho, do arroz, da mandioca, do feijão e do algodão seriam prejudicadas.

Outra ameaça à segurança alimentar prevista pelo relatório é a diminuição do potencial pesqueiro do Brasil, que pode chegar a até 10% nos próximos 40 anos. Andrea explica que, com o aumento da temperatura da água e a mudança na salinidade, espécies podem buscar regiões mais frias, afetando toda a costa nacional. O estudo aponta ainda a elevação do nível do mar como outra possível vulnerabilidade das cidades litorâneas.

"Além de inundações, esse aumento pode levar a colapsos no sistema de abastecimento e esgotamento, com o retorno de esgoto para as residências em um caso de transbordo dos sistemas de tratamento. Isso pode trazer prejuízos também para o lençol freático".

Nas grandes cidades, os prejuízos estimados serão na mobilidade e na habitação, que podem sofrer com tempestades mais frequentes no Sul e no Sudeste. Já biomas como a Amazônia e a Caatinga correm riscos de ter queda de até 40% dos índices pluviométricos (chuvas), afetando a biodiversidade. A alta da temperatura também pode aumentar a incidência de doenças, como a dengue e a leishmaniose, e, combinada a maiores radiações de raios ultravioletas e emissões de gás carbônico, as lavouras podem sofrer com mais pragas e doenças causadas por fungos.

O painel reúne 345 especialistas de universidades e institutos de pesquisa brasileiros e recebe o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério do Meio Ambiente, além de outras entidades.

Agência Brasil
 

Estudo diz que risco de seca no sul da Amazônia é maior do que se pensava


Novo estudo publicado pela revista “PNAS”, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, alerta que a vegetação do sul da Amazônia tem um risco maior de mortalidade por causa da seca do que avalia o mais recente relatório de mudanças climáticas da ONU.

As medições de chuva apontam que, desde 1979, a estação seca amazônica tem aumentado em uma semana por década, enquanto a temporada de queimadas também tem se estendido.

O trabalho de Rong Fu, da Universidade do Texas, e sua equipe, contrasta fortemente com as previsões do painel climático da ONU, o IPCC, que considera que a estação seca na floresta amazônica deverá estar no máximo 10 dias mais longa até o fim do século, mesmo nos cenários mais negativos.

Segundo Fu, a duração da estação de seca é o mais importante fator de controle da floresta. “Se ela for muito longa, a floresta não sobrevive”, alerta o pesquisador. A estação de seca é importante porque o solo amazônico tem capacidade limitada de absorver água durante o período de chuvas, ou seja, a floresta tem um máximo de umidade de que disporá durante a estiagem.

Os autores acreditam que a mudança climática causada pelo homem é a explicação mais provável para o aumento da estação sec a na Amazônia, pois bloqueia a chegada de frentes frias subtropicais, que poderiam estimular a precipitação sobre a floresta, e, além disso, dificulta que o ar quente e seco próximo ao solo se misturar com massa frias e úmidas mais altas.

A Amazônia, em geral, costuma absorver carbono da atmosfera. No entanto, quando passa pro secas muito prolongadas, pode se tornar um ecossistema que libera carbono, contribuindo para o aquecimento global. Os pesquisadores alertam que, com o aumento das estações secas, esse processo pode se tornar norma, em vez de se exceção.

G1

Sol tem duas erupções fortes nesta sexta-feira


O Sol teve duas grandes erupções nesta sexta-feira (25), segundo informações do Observatório de Dinâmica Solar da Nasa. A primeira ocorreu às 6h01 (horário de Brasília)  e a segunda, às 13h03.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos EUA confirmou que houve interferência nos sinais de rádio na Terra em decorrência das duas erupções. No entanto, elas não devem causar tempestades eletromagnéticas em nosso planeta.

As erupções solares são emissões súbitas de radiação na superfície do astro. A Nasa informa que a radiação prejudicial que poderia advir de um fenômeno como esse não ultrapassa a barreira protetora formada pela atmosfera terrestre.

G1 Natureza

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Governo quer aumentar consumo de pescados na alimentação escolar


Com a intenção de ampliar a oferta de peixe na merenda das escolas públicas brasileiras, o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) assinaram hoje (22) um acordo de cooperação. O instrumento prevê a criação de um grupo de trabalho para traçar ações de incentivo ao consumo de pescado como capacitar gestores e nutricionistas envolvidos na alimentação escolar, fortalecer o contato com produtores e fornecedores, além de criar campanhas para o público infantil e juvenil.

O presidente do FNDE, Antônio Corrêa Neto, destacou o valor nutricional do pescado e disse que é preciso discutir também investimentos em infraestrutura para ampliar a presença do alimento nas refeições servidas em escolas. “Temos que, cada vez mais, divulgar a utilização do pescado na merenda escolar, trabalhar na infraestrutura das escolas e também para os produtores na questão do transporte. Temos que investir na infraestrutura de armazenagem e investir nos cardápios nas escolas para criar refeições com pescado”, disse.

O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, admitiu que o pescado ainda tem preço elevado no Brasil, mas se mostrou otimista em relação à queda de preço. Segundo ele, medidas adotadas pelo governo devem contribuir para esse objetivo. “Financiar, desonerar e descomplicar o licenciamento ambiental foram três medidas tomadas pela presidenta Dilma Rousseff com essa finalidade”, disse.

O ministério também assinou acordo de cooperação com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) com o objetivo de promover a pesca esportiva brasileira no exterior. Pelo acordo, o ministério vai indicar os destinos de pesca esportiva adequados e a Embratur vai promover esses destinos no exterior.

O presidente da Embratur, Flávio Dino, lembrou que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 vão atrair turistas estrangeiros e é preciso aproveitar esse potencial. “Temos que aproveitar este momento especial que o Brasil vive para incluir a pesca esportiva como uma atividade geradora de emprego e renda”, disse.

Agência Brasil

Nitrato de fertilizantes pode afetar solo por décadas, sugere estudo


Fertilizantes de nitrato sintético, usados na agricultura de larga escala, podem deixar um legado de poluição que persistiria por décadas no solo e na água subterrânea, advertiram cientistas da França e Canadá, que publicaram estudo na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS".

Nitrato em excesso no meio ambiente tem sido vinculado à água potável contaminada e pode causar o rápido crescimento de algas que comprometem ecossistemas aquáticos e vida marinha costeira.

Para descobrir quanto nitrato foi deixado para trás ao longo do tempo com atividades agrícolas em uma única área, cientistas se concentraram em um campo na França, onde os cultivos eram trigo e beterraba. O estudo rastreou os níveis de nitrato no solo entre 1982 e 2012.

Herança prejudicial

Os cientistas descobriram que de 12% a 15% do nitrato de fertilizantes ainda estava presente no solo 28 anos depois da aplicação. De 61% a 65% tinham sido absorvidos por plantas e de 8% a 12% já tinham penetrado os lençóis freáticos.

Segundo o estudo, espera-se que parte do nitrato que permanece no solo continue a ser absorvido por cultivos e penetre o lençol freático durante mais cinco décadas.

Pesquisas anteriores realizadas na bacia do rio Mississippi demonstraram que níveis elevados de nitratos permanecem no rio apesar de interrompidas as aplicações humanas.

Portanto, segundo os autores, os esforços para restaurar a terra e os cursos d'água "precisam levar em conta o atraso resultante de legados de aplicações passadas de fertilizantes sintéticos em sistemas agrícolas".

G1 Natureza

Geopolítica do petróleo: Brasil se afasta dos EUA


As edições eletrônicas do Wall Street Journal e Financial Times dedicam uma cobertura agitada, recolhendo repercussões minuto a minuto sobre o leilão do campo petrolífero de Libra, que ocupa 1.500 km2, está dotado de cerca de 12 bilhões de barris alojados em águas ultra profundas situadas a 183 quilômetros do estado do Rio de Janeiro e será capaz de produzir, dentro de alguns anos, 1,4 milhões de barris por dia, volume equivalente a 70% de todo o petróleo gerado hoje no país.

A Petrobras e 3 petroleiras chinesas (não se descarta a formação de um consórcio sino-brasileiro na última hora), estão entre as onze companhias que participam na licitação por Libra na qual estarão ausentes as “grandes irmãs” norte-americanas devido ao estresse diplomático surgido entre Brasília e Washington depois da descoberta da espionagem praticada pela Agência de Segurança Nacional (NSA) contra a presidenta Dilma Rousseff, entre outros alvos sensíveis.

Por trás das notícias em tempo real nesta segunda-feira, com índices da bolsa e brokers com suas opiniões de curto prazo, subjaz uma história transcorrida nos últimos anos, cuja lembrança permitirá compreender o que está em jogo: uma reacomodação de forças na geopolítica do petróleo.

Celso Amorim era chanceler em julho de 2008, quando recebeu uma chamada de sua colega norte-americana Condoleezza, sugerindo-lhe receber sem alarme a reativação da IV Frota sob jurisdição do Comando Sul, anunciada poucos meses depois do descobrimento, em 2007, de grandiosas reservas de hidrocarbonetos nas bacias de Campos e Santos, localizadas no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo.
Nem o chanceler Amorim e nem seu chefe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levaram a sério a retórica tranquilizadora da funcionaria de George W. Bush. Muito pelo o contrário, houve alarme no Palácio do Planalto.

Lula, Amorim e a então ministra Dilma Rousseff, que começava a perfilar-se como candidata presidencial, compreenderam que a passagem da US Army pelas costas cariocas, seria uma ostentação de poderio militar sobre os 50 bilhões de barris de cru de boa qualidade, alojados a mais de 5.000 metros de profundidade, em uma zona geológica conhecida como “pré-sal”.

Além dos questionamentos em foros internacionais, especialmente latino-americanos, foi pouco o que o Palácio do Planalto pode fazer de imediato contra a supremacia militar dos Estados Unidos e sua decisão de que a IV Frota, braço armado das petroleiras de bandeira norte-americana Exxon e Chevron no Hemisfério, ponha proa para o sul.

Lula e sua conselheira sobre energia Dilma, se viram diante de um dilema: ou adotar uma saída à mexicana, como a do atual presidente Enrique Peña Nieto, que mostrou sua disposição em privatizar Pemex, ainda que o termo empregado seja “modernização”, ou injetar dinheiro e mística nacionalista para robustecer a Petrobras como vector de uma estratégia destinada a proteger a soberania energética.

Finalmente o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) optou pela segunda via, instrumentalizada em uma bateria de medidas de amplo espectro.

Capitalizou a Petrobras para reverter o esvaziamento herdado da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e conseguiu aprovar, no final de 2010, uma lei petrolífera ” estatizante e intervencionista”, de acordo com a interpretação dada por políticos de extração neoliberal e o lobby britânico-estadunidense, parecer amplificado pelas empresas de notícias locais.

Ressuscitou o projeto de construir um submarino atômico com a França, junto a quem firmou, em 2009, um acordo militar (que avançou menos do que foi prometido); demandou diante de organismos internacionais a extensão da plataforma marinha, com o propósito de que ninguém dispute a titularidade das bacias petrolíferas, e promoveu o Conselho de Defesa da Unasul, com o apoio da Argentina e da Venezuela e a indiferença da Colômbia.

Como braço auxiliar dessa linha de ação governamental o PT operou, através de sua perseverante aproximação com o Partido Comunista Chinês, antessala para estabelecer laços de confiança política com a nomenclatura do Estado asiático, cujo Banco de Desenvolvimento finalmente assinaria, em 2010, uma série de pré-acordos para a concessão de empréstimos por dezenas de milhares de milhões de dólares para a Petrobras.

Paralelamente aos movimentos brasileiros em defesa de seu interesse nacional e para ocupar um lugar entre as potências petrolíferas, a agência de segurança estadunidense NSA roubava informações estratégicas do Ministério de Minas e Energia e os diplomatas destacados em Brasília enviavam telegramas secretos a Washington tipificando o chanceler Amorim como um diplomata “anti-norte-americano”.

Há três meses atrás, quando Dilma Rousseff tomou conhecimento das primeiras notícias sobre as manobras da NSA, uma fonte do Planalto disse a Página 12 que a Presidenta evitaria “radicalizar” a situação, pois confiava em uma conciliação com os Estados Unidos, onde planejava viajar para uma visita oficial no dia 23 de outubro.

Mas a posição de Dilma se fez irredutível em setembro, ao saber que os espiões haviam violado até as comunicações da Petrobras.

A decisão de suspender a visita de Estado a Washington, embora Barack Obama tenha renovado seu convite pessoalmente, não deve ser confundida como algo gestual, porque suas consequências afetaram decisões vitais.

Que não haja nenhuma petroleira norte-americana no leilão pela reserva de Libra e sim três poderosas empresas chinesas, das quais duas são estatais, indica que a colisão diplomática teve uma repercussão prática.

Que fontes próximas ao governo tenham deixado transcender a possível formação de um consórcio entre a Petrobras e alguma empresa chinesa, revela que a geopolítica petrolífera de Brasília se inclina à Pequim, que também é seu primeiro sócio comercial.

E, se o anterior não bastasse para descrever o distanciamento estratégico entre o Planalto e a Casa Branca, na semana passada o indigesto (para Washington) ministro Celso Amorim, agora a cargo da Defesa, iniciou conversações com a Rússia para analisar a compra de caças bombardeiros Sukoi. Foi apenas uma sondagem, mas se esta compra se formaliza será um revés considerável para a corporação industrial-militar norte-americana, que imaginava vender seus caças Super Hornet ao Brasil, durante a visita que Dilma não fará.

Carta Maior

domingo, 20 de outubro de 2013

Fim dos lixões até 2014 é tema da Conferência Nacional do Meio Ambiente


O Brasil tem 2.906 lixões em atividade e das 189 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia apenas 1,4% é reciclado. Mudar esse quadro –  acabando com os lixões até 2014 e aumentando o percentual de reciclagem – é uma das principais metas da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente, que este ano vai discutir a geração e o tratamento dos resíduos sólidos. O evento ocorre em Brasília, de 24 a 27 de outubro.

O tema ganhou relevância após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305, de 2010, que determina que todos os municípios tenham um plano de gestão de resíduos sólidos para ter acesso a recursos financeiros do governo federal e investimento no setor.

Os 1.352 delegados debaterão a PNRS com base nas propostas apresentadas nas 26 etapas estaduais e na etapa distrital e nas 643 conferências municipais e 179 regionais que mobilizaram 3.602 cidades e 200 mil pessoas. A conferência terá quatro eixos temáticos: produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais, geração de emprego e renda e educação ambiental.

Na etapa nacional, será produzido um documento com 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. “O governo vai deter sua atenção nessas ações demandadas pela conferência para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos,” disse o diretor de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Geraldo Abreu. Esses resultados constarão na carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA.

Pela Lei 12.305, após 2014 o Brasil não poderá mais ter lixões, que serão substituídos pelos aterros sanitários. Além disso, os resíduos recicláveis não poderão ser enviados para os aterros sanitários e os municípios que desrespeitarem a norma podem ser multados.

O desafio é grande: existem quase 3 mil lixões no Brasil para serem fechados no prazo fixado na PNRS, apenas 27% das cidades brasileiras têm aterros sanitários e somente 14% dos municípios brasileiros fazem coleta seletiva do lixo. “Precisamos transformar os resíduos em matéria-prima para que o meio ambiente não seja tão pressionado. Perdemos potencial econômico com a não reutilização dos produtos”, explicou Abreu. Segundo o MMA, se os resíduos forem reaproveitados podem valer cerca de R$ 8 bilhões por ano.

“A gestão de resíduos sólidos, até a publicação da lei, se deu de forma muito desordenada, trazendo uma série de prejuízos à população. Vimos proliferar lixões por todo o Brasil, com desperdício de recursos naturais que, pela ausência de um processo de reciclagem, acabam indo para esses locais inadequados”, disse Abreu.

A conferência vai discutir, entre outras medidas, o fortalecimento da organização dos catadores de material reciclável por meio de incentivos à criação de cooperativas, da ampliação da coleta seletiva, do fomento ao consumo consciente e da intensificação da logística reversa, que obriga as empresas a fazer a coleta e dar uma destinação final ambientalmente adequada dos produtos.

Agência Brasil

Espelhos gigantes refletem luz solar e ajudam a iluminar cidade norueguesa


A cidade de Rjukan, na Noruega, optou por uma alternativa ecologicamente correta para melhorar a iluminação da cidade durante os escuros dias de inverno pelos quais a região é conhecida.

Três espelhos gigantes foram instalados no alto de uma montanha para refletir a luz do sol na direção do centro da cidade.



Rjukan fica no fundo de um vale entre duas montanhas íngremes, no condado de Telemark, 150 km a oeste de Oslo. A ideia de instalar espelhos para refletir a luz solar na cidade foi lançada há 100 anos e agora se tornará uma realidade a partir da inauguração do projeto, no dia 31 de outubro.

G1 Natureza

Pelo menos 300 elefantes morrem envenenados no Zimbábue


Pelo menos 300 elefantes morreram nos últimos três meses envenenados com cianureto por caçadores ilegais no Parque Nacional de Hwange, o maior do Zimbábue, denunciou neste domingo (20) à "Agência EFE" um grupo ecologista local.

O número supera amplamente o balanço de uma centena de elefantes que teriam morrido envenenados nesse período, de acordo com o governo. 'Um piloto, um caçador profissional e uma terceira pessoa sobrevoaram a área. Foram eles que informaram o governo do problema. E contabilizaram 300 corpos de elefantes', disse Johnny Rodrigues, presidente do grupo Conservation Task Force.

Os caçadores colocam sal misturado com cianureto nos poços de água usados pelos mamíferos neste parque natural. Este método causou também a morte de animais de outras espécies em perigo de extinção como leões, abutres e cachorros selvagens africanos.

Segundo as autoridades, o massacre de elefantes e outras espécies com cianureto é a pior catástrofe ecológica que sofre Zimbábue.

Pelo menos dez pessoas que vivem nos povoados nos arredores do Parque Nacional de Hwange foram detidas por participar dos envenenamentos e quatro deles foram condenados a 15 anos de prisão. Eles atuam a serviço de redes de tráfico de marfim que fornecem presas de elefante aos mercados da África do Sul e da Ásia.

Rodrigues acusa o governo do Zimbábue de tentar evitar que grupos conservacionistas se impliquem na luta contra a caça ilegal. 'É bastante aterrorizador, porque de alguma forma encobrem o que está passando', criticou Rodrigues.

G1 Ciência

sábado, 19 de outubro de 2013

Má gestão é problema de 94% das cidades da Paraíba, 3º pior resultado do país


Quase todos os municípios paraibanos apresentam situação fiscal difícil ou crítica. De acordo com o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), esse cenário é presenciado em 94,5% das cidades do Estado, sendo o terceiro pior resultado do País, ficando à frente apenas de Alagoas e Sergipe. A Paraíba tem quatro representantes entre os dez piores do Brasil: Emas, Gurinhém, Itapororoca e Mulungu. O melhor desempenho entre os municípios paraibanos foi o de Camalaú, que mesmo assim ficou na modesta 623ª posição no ranking nacional.

Em oitavo lugar no estado, João Pessoa se manteve na 19ª posição no ranking das capitais. A segunda maior cidade, Campina Grande, é apenas a 19ª colocada no Estado e a 2106ª no Brasil.

O índice varia entre 0 e 1, quanto maior a pontuação, melhor é a gestão fiscal do município. Entre os 199 municípios paraibanos analisados, 60,8% receberam conceito D, o mais baixo possível; 33,7% obtiveram conceito C; e 5,5% conquistaram conceito B. Nenhum deles atingiu o conceito A, dado aos municípios com pontuação superior a 0,8 pontos. Camalaú, o município paraibano melhor posicionado, pontuou 0,6975, enquanto Mulungu, o pior, teve apenas 0,0925 pontos.

O IFGF engloba cinco quesitos: liquidez, capacidade de gerar receita própria, gastos com servidores, realização de investimentos e o comprometimento do orçamento com dívidas. No caso da Paraíba, a pesquisa mostra que a complicada situação financeira dos municípios compromete o pagamento dos funcionários. Isso porque 71 cidades não pontuaram no quesito “liquidez” e 52 no item “gestão pessoal”. Isso significa que essas cidades não possuíam recursos em caixa para pagar os compromissos com o funcionalismo, além de terem ultrapassado a Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina gastos com pessoal até 60% da receita.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelos municípios da Paraíba, segundo a pesquisa, é a dificuldade em obter receita própria, indicando que os prefeitos ficam reféns dos recursos enviados pelos governos estaduais e federal. O problema de arrecadação é mais comum entre os municípios e nem mesmo Camalaú, que lidera o ranking na Paraíba, teve bom desempenho neste item, recebendo apenas 0,0555 ponto. Com mais ferramentas para incrementar a receita, João Pessoa (0,6388), Cabedelo (0,4903) e Campina Grande (0,4496) lideram o quesito “Receita Própria” do IFGF no Estado.

Jornal Correio da Paraíba

Paraíba perdeu quase 30 % do seu rebanho bovino, segundo IBGE


O aumento do preço de insumos, como milho e soja, que afetou a produção de ração animal, e a forte seca que assolou o país, em especial as regiões Norte e Nordeste, prejudicaram o desenvolvimento da pecuária nacional no ano passado. É o que revela a pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM), divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve queda em praticamente todos os portes de rebanhos brasileiros. Os asininos e os muares apresentaram as maiores reduções (7,4% e 3,8%, respectivamente) entre os de grande porte. A menor queda nesse segmento ocorreu entre os bovinos de corte e de leite (-0,7%), que são “o grande personagem da pecuária nacional”, conforme destacou o engenheiro agrônomo Otávio Oliveira, gerente de Pecuária do IBGE e responsável pela pesquisa.

Já nos rebanhos de médio porte, as maiores quedas foram observadas em caprinos (-7,9%) e ovinos (-5%), enquanto a menor redução (-1,3%) foi vista no efetivo de suínos. Entre os rebanhos de menor porte, coelhos tiveram a maior queda (-12,4%). O efetivo de galinhas caiu 1,4% e o de galos, frangas, frangos e pintos experimentou redução de 1,9%. “A conjuntura não favoreceu as atividades, de maneira geral”, comentou o pesquisador, em entrevista à Agência Brasil.

A exceção foi o efetivo de codornas, que mostrou expansão de 5,6%, estando concentrado, principalmente, em São Paulo, que responde por 51,1% do total. A valorização de 27% no preço dos ovos de codorna tornou a atividade mais atrativa. Em consequência, a produção cresceu 9,4%. “O preço médio do ovo de codorna subiu bastante, tornou a atividade mais atraente e houve a resposta dos produtores, aumentando o plantel”, disse Oliveira.

O engenheiro disse que a variação de queda foi menor entre os bovinos, porque os fatores que influenciaram a pecuária geral, em 2012, afetam menos os animais de grande porte que estão mais concentrados no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, regiões nas quais as pastagens sofreram menos. O efetivo de bovinos somou, em dezembro do ano passado, 211,279 milhões de cabeças, levando o Brasil a ocupar o segundo lugar no ranking mundial, atrás da Índia, cuja criação, diferentemente da brasileira, não tem fins comerciais.

Por regiões, a Norte foi a única a apresentar aumento do plantel bovino (1,3%), puxado pelos desempenhos do Pará, com expansão de 1,9%, Acre (3,3%) e Tocantins (0,7%). As maiores variações relativas foram observadas, porém, no Amapá (12%) e em Roraima (5,4%), mas esses estados têm pouca representatividade nacional, segundo a pesquisa. A maior queda do efetivo de bovinos foi registrada no Nordeste (-4,5%), com destaque para as retrações de 28,6%, 24,2% e 18,1%, apuradas, respectivamente, na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.

Os maiores efetivos de bovinos foram encontrados, em 2012, nos estados de Mato Grosso (13,6%), Minas Gerais (11,3%), Goiás (10,4%), Mato Grosso do Sul (10,2%) e do Pará (8,8%). Em conjunto, essas participações representaram 54,4% do efetivo nacional, no ano passado. Em termos de municípios, a liderança foi exercida por São Félix do Xingu, no Pará; Corumbá e Ribas do Rio Pardo, ambos no Mato Grosso do Sul.

As principais criações do país, depois de bovinos, tanto em termos de valor econômico como de produção, são as de aves e de suínos. Otávio Oliveira destacou, porém, que a PPM não levanta o valor de produção, mas a quantidade de animais existentes em 31 de dezembro de 2012. A pesquisa revela que o efetivo de galináceos alcançou 1,245 bilhão de cabeças no ano passado, com redução de 1,8% em relação a 2011. A Região Sul concentrava 49,5% do total nacional de aves.

Já o rebanho de suínos somou 38,796 milhões de cabeças em 2012, mostrando queda de 1,3% no número de animais alojados, comparativamente ao ano anterior. O Brasil ocupou a quinta posição entre os maiores produtores mundiais de carne de suínos e apresentou o quarto maior efetivo dessa espécie animal. Novamente, o Sul deteve a maior participação nacional (49,5%), com destaque para Santa Catarina, com 19,3%.

Apenas duas regiões mostraram aumento do efetivo de suínos. No Sudeste, o crescimento foi 1,5% e, no Sul, 0,6%. A maior queda no rebanho foi observada na Região Centro-Oeste (-7,8%).

Agência Brasil

Astrônomos: asteroide de 432 metros pode atingir a Terra em 2032


Astrônomos da Ucrânia descobriram um asteroide de 432 metros que pode atingir a Terra em 2032. A chance de impacto, segundo a Nasa, é a mais alta dos objetos descobertos nos últimos 60 dias, mas ainda é considerada mínima. As informações são da agência Ria Novosti.

A pedra foi vista pela primeira vez pelo Observatório Astrofísico da Crimeia, no sul da Ucrânia, e, até a última quinta-feira, foi confirmado por pelo menos mais cinco grupos da Itália, Espanha, Reino Unido e Rússia. 

O objeto foi classificado como "potencialmente perigoso" e, segundo estimativas, há uma chance em 63 mil de colidir com a Terra em 26 de agosto de 2032. Ele está no nível 1 da Escala de Turim.

Astrônomos terão uma chance de avaliar melhor os riscos de impacto somente em 2028, afirmam o observatório ucraniano.



Terra

IBAMA flagra caminhão da Secretaria Estadual de Saúde jogando lixo no Rio Jaguaribe


Atendendo à denúncia do Ministério Público Estadual, agentes ambientais federais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA flagraram um caminhão da Secretaria Estadual de Saúde descarregando entulhos da construção civil a menos de 1,5 m da margem direita do Rio Jaguaribe, no Castelo Branco I, próximo à Rua Tito Silva.
De acordo com o motorista do caminhão, os entulhos foram advindos da demolição do Centro de Referência do Câncer, que está sendo construído próximo à avenida Beira Rio.
Além do crime ambiental, o motorista pode ainda ser autuado por Fiscais da EMLUR por descumprimento do Código de Postura do Município de João Pessoa, tendo em vista que o transporte de descartes da construção civil e da demolição tem que estar acompanhado do CTR (Controle de Transporte de Resíduos), bem como o engenheiro responsável pela obra pode sofrer punição, uma vez que as obras de construção civil devem estar com o Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos.
O caminhão foi apreendido e encontra-se no pátio do IBAMA-PB e o Governo do Estado deverá ser multado, por causar poluição de qualquer natureza (art. 52, da Lei nº 9.605/1998, Lei dos Crimes Ambientais), podendo a multa variar entre R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) e os responsáveis direto pela infração serão processados criminalmente.

Clickpb 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Brasil ocupa 83º posição em ranking de saúde do oceano


Após um ano do lançamento do Índice de Saúde do Oceano (OHI, da sigla em inglês), pesquisadores divulgaram nesta terça-feira (15) o resultado de sua atualização, versão 2013. Provisão de Alimentos foi a meta que atingiu a menor pontuação: 33 de um total de 100, na classificação geral.  Oceania (Pacífico Central e Ocidental) e a Europa foram as regiões com as pontuações mais altas no mundo. Brasil conquistou a 83ª colocação de um total de 221 Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE), com 66 pontos, um acima da média global, que ficou em 65 de um total de 100, repetindo a marca do ano passado. "Para um país com as dimensões oceânicas e o potencial que tem o Brasil, a nota posicionada em torno da média indica que existe muito espaço para um gerenciamento mais eficaz dos oceanos, visando a sustentabilidade dos recursos e garantindo o bem-estar dos seres humanos", afirma André Guimarães, diretor executivo da Conservação Internacional (CI-Brasil).

"É gratificante divulgar os resultados deste ano, porque agora podemos, pela primeira vez, começar a ver como a saúde geral dos oceanos está mudando em cada país e no planeta como um todo”, revela Ben Halpem, Professor da Escola Bren de Gestão e Ciência do Meio Ambiente, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, principal cientista do Índice. “As Nações Unidas e alguns países, individualmente, já estão reconhecendo a utilidade do OHI no acesso a informações de como estamos nos comportando em relação ao gerenciamento dos nossos oceanos e onde precisamos implementar mudanças. Contar com tanta adesão em pouco mais de um ano, desde que lançamos o primeiro Índice, é algo notável e encorajador”, completa Halpem.

No quadro abaixo, é possível saber os 10 objetivos do Índice de Saúde do Oceano, e como a nota global e a nota do Brasil foram pontuadas no ranking:  



O Índice de Saúde do Oceano demonstra se estamos utilizando os recursos e benefícios do oceano de maneira sustentável. É uma ferramenta que pode servir para legisladores e empresários em todo o mundo.  

O Índice define um oceano saudável como aquele que oferece uma gama de benefícios para as pessoas, agora e no futuro.  O OHI é um trabalho colaborativo de cientistas liderados por Ben Halpem, do Centro Nacional para Análise e Síntese Ecológica (CNASE / NCEAS) da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, e inclui o projeto Sea Around Us (O mar à nossa volta) da Universidade de British Columbia, a National Geographic, o New England Aquarium, a Conservação Internacional e outras universidades, organizações sem fins lucrativos e agências governamentais.

Revista Ecológico 

Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica dará apoio técnico a 75 mil famílias


O governo federal lançou hoje (17) o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - Brasil Agroecológico, com a meta de atender a 75 mil famílias, por meio de assistência técnica voltada à produção orgânica, e apoiar 50 mil agricultores para que consigam a certificação de produtores orgânicos.

Ao anunciar a abertura do edital de contratação de serviços de assistência técnica e extensão rural para atender a 58 mil agricultores, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, ressaltou que o plano prevê o atendimento de 75 mil famílias em três anos, com foco na produção orgânica. "Essas chamadas públicas preveem uma cota de 50% para mulheres agricultoras”, disse Vargas.

Segundo o ministro, o país tem atualmente cerca de 10 mil agricultores certificados, que produzem de forma agroecológica e tem como meta chegar a 50 mil agricultores. "É uma meta ousada”, ressaltou.

O plano, que envolve dez ministérios, tem como objetivo articular as políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos com base agroecológica. Inicialmente, serão investidos R$ 8,8 bilhões em três anos. A maior parte dos recursos, R$ 7 bilhões, será disponibilizada por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Plano Agrícola e Pecuário.

“O plano representa, pela primeira vez na história do país, uma integração de vários órgãos públicos federais formando um conjunto de políticas, ações e programas visando ao apoio, fortalecimento e fomento da produção agroecológica no Brasil. O objetivo é aumentar a oferta de produtos orgânicos, dar escala de produção para aumentar a renda dos agricultores e também baratear o custo para o consumidor”, acrescentou Vargas.

A estimativa do ministro é que 5% das compras públicas no Programa de Aquisição de Alimentos e no Programa Nacional de Alimentação Escolar sejam de produtos orgânicos em até três anos.

Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o plano representa uma conquista do movimento nacional que luta pela agroecologia. “O Brasil precisa deixar de ser o país que mais usa agrotóxicos no planeta. Temos que ser mais competitivos na produção de alimentos saudáveis. Este é o caminho certo para a agricultura sustentável e para um Brasil que inclui e que protege os recursos naturais, não só as matas mas também a água”, disse a ministra.

Agência Brasil

Poluição do ar é classificada como cancerígena pela OMS


A Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou nesta quinta-feira (17) a classificação da poluição do ar exterior como cancerígena, de acordo com a AFP.

"O ar que respiramos tem sido contaminado por uma mistura de substâncias que provoca câncer", afirmou Kurt Straif, chefe da seção de monografias da IARC. "Agora sabemos que a contaminação do ar exterior não apenas é um risco maior para a saúde em geral, mas também uma causa ambiental de mortes por câncer".

"Os especialistas concluíram que existem provas suficientes de que a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão. Também notaram uma associação com um risco maior de câncer de bexiga", destacou a IARC em um comunicado.

Apesar da possibilidade de variação considerável na composição da contaminação do ar e dos níveis de exposição, a agência destacou que suas conclusões se aplicam a todas as regiões do mundo. Os dados mais recentes da agência mostram que, em 2010, mais de 223 mil pessoas morreram de câncer de pulmão relacionado à poluição do ar.

Em nota divulgada após uma semana de reuniões entre especialistas que revisaram a literatura científica mais recente, a IARC disse que a poluição atmosférica ao ar livre e o material particulado - um importante componente da poluição - devem passar a ser classificados como agentes carcinogênicos do Grupo 1, segundo informações da Reuters.

Essa classificação abrange mais de cem outros agentes cancerígenos conhecidos, como o amianto, o plutônio, a poeira de sílica, a radiação ultravioleta e o cigarro.

A classificação já abrangia também muitas substâncias habitualmente encontradas no ar poluído, como a fumaça dos motores a diesel, solventes, metais e poeiras. Mas esta é a primeira vez que os especialistas classificam o próprio ar poluído dos ambientes externos como uma causa do câncer.

"Nossa tarefa foi avaliar o ar que todos respiram, em vez de focar em poluentes específicos do ar", disse Dana Loomis, subdiretora da seção. "Os resultados dos estudos revistos apontam na mesma direção: o risco de desenvolver câncer de pulmão é significativamente maior em pessoas expostas à poluição atmosférica."

Christopher Wild, diretor da agência, disse que a classificação da poluição atmosférica como um agente carcinogênico é um passo importante no sentido de alertar os governos sobre os perigos e os custos em potencial.

"Há formas muito eficientes de reduzir a poluição atmosférica e, dada a escala da exposição que afeta as pessoas no mundo todo, este relatório deveria passar um forte sinal à comunidade internacional para agir."

G1 Saúde

Trio de ativistas leva oito beagles para São Paulo após invadirem laboratório


"Um pesadelo. Era uma cena horrível, eles estavam todos presos dentro de uma sala clara [o que dá a entender que não dormiam direito], cheio de cocô no chão. Para você ter uma ideia, os nossos pés deslizavam no chão, de tanto cocô que tinha no chão. Era um cheiro horrível", disse a ativista, que não quis se identificar nem mostrar o rosto porque teme que o instituto a encontre e leve os cães de volta ao laboratório.

Dezenas de ativistas derrubaram um portão e invadiram, por volta das 2h desta sexta-feira, o laboratório do Instituto Royal, que fica a 59 km de São Paulo. Eles levaram em carros próprios 178 cães que estavam no complexo, motivados pelas suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos no local, e registraram boletim de ocorrência. Um segundo boletim, por furto qualificado, foi feito contra os ativistas, com base no relato dos policiais que acompanharam a manifestação e a invasão no instituto.

 Em 2012, após receber uma denúncia contra o instituto, o Ministério Público de São Roque abriu uma investigação, ainda não concluída. "Foram feitas duas visitas. Uma delas por uma veterinária de uma organização internacional. Na época, nenhuma irregularidade foi encontrada", disse o promotor Wilson Velasco Júnior. De acordo com ele, as pesquisas eram de empresas de cosméticos, mas a lei permite que os clientes do laboratório sejam mantidos em sigilo. Ele disse ainda que a prática de vivissecção – a dissecação de animais vivos para estudos – é autorizada.

Amedrontado

O G1 foi ao apartamento em que estão dois cães do instituto. Os animais aparentavam estar contentes e brincaram durante a reportagem, apesar de um deles ainda estar "amedrontado" – ele tremia um pouco e pedia por carinho. "Ele está assim por tudo o que passou, pelas condições que estava vivendo", afirmou a ativista que levou os cães.

Ela e a amiga saíram da capital ontem por volta das 23h, de carro, para encontrar o grupo de ativistas que entraram no laboratório para retirar os cães. Ela disse que, quando chegou, as portas já tinham sido abertas e que o grupo buscava as salas onde estavam os animais.

A ativista relatou que estava com um grupo de pessoas quando abriram a porta de uma das salas e encontraram cerca de 40 cachorros. De acordo com ela, os cães estavam separados por grupos em salas diferentes. "Eles estavam trancados na sala. Tinha uma sala com uns com os pelos raspados, outros em outra", disse. "Nós fomos pegando um a um e passando de mão em mão", relembrou.

Os beagles que ficaram com a ativista foram trazidos para a capital dentro do carro. "Eles estavam nervosos, vomitaram no caminho, foi muito tenso", disse. De acordo com ela, as pessoas que participaram da ação são de lugares diferentes. Ela mesma ficou sabendo do movimento pelas redes sociais.

Além das duas amigas, uma terceira ativista, que também não quis se identificar, ficou sabendo do movimento pela internet e saiu ontem da capital, às 21h, para ajudar. "Eu não sabia o que ia acontecer. Eu nunca imaginei que faria isso [levar os cães]. Eu fui lá mais para ajudar", disse ela, que está com outros dois animais.

Agora, segundo as ativistas, a intenção e levar os cachorros para tratamento em um veterinário e encontrar alguém que queira adotar os animais. "Agora vamos levar para um veterinário para saber a situação de saúde deles." A ativista disse que sempre gostou de animais. Ela tem três cachorros em seu apartamento, todos vira-latas.

Instituto admite testes, mas nega maus-tratos


A gerente-geral do Instituto Royal, Sílvia Ortiz, que registrou boletim de ocorrência contra a invasão da empresa por ativistas ligados à associações protetoras dos animais, classificou o ato dos ativistas como terrorismo. Ela admite que a empresa realiza testes com animais, mas nega qualquer tipo de maus-tratos. Afirma ainda que o laboratório segue as regras e tem certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No boletim de ocorrência de furto qualificado, policiais que acompanharam a manifestação e a invasão no instituto disseram que dependências do estabelecimento foram depredadas e que os cães ali mantidos foram subtraídos. Eles afirmaram ainda que não houve agressões por parte dos manifestantes contra seguranças do local.

Pastas com documentos, computadores, medicamentos e placas de acrílico contendo o que parecem ser testes foram recolhidos e apresentados na delegacia. Segundo o delegado Marcelo Sampaio Pontes, a polícia faria uma perícia no local ainda pela manhã. Ele disse que a única coisa comprovada até o momento é que os cachorros foram furtados.

O promotor Wilson Velasco Júnior afirmou que, em reunião com representantes de ONGs na quarta-feira (16), orientou para que os ativistas não invadissem o laboratório. "Quando eles invadiram e depredaram o laboratório eles destruíram provas", afirmou. "É primordial neste momento encontrar esses cães e apurar se eles podem causar algum dano à saúde de outros animais e das pessoas. Também precisamos examiná-los para saber se foram vitimas de maus tratos", completou o promotor.

Nota de esclarecimento

A empresa Royal Canin, multinacional de origem francesa que fabrica alimentos para animais domésticos, divulgou uma nota na manhã desta sexta-feira (18) informando que, apesar da similaridade entre os nomes das duas empresas, não possui qualquer relação com o Instituto Royal.

G1

sábado, 12 de outubro de 2013

Manejo de água no país é crítico, afirmam pesquisadores


A gestão de recursos hídricos no Brasil representa um problema crítico, devido à falta de mecanismos, tecnologias e, sobretudo, de recursos humanos suficientes para gerir de forma adequada as bacias hidrográficas do país. A avaliação foi feita por pesquisadores participantes do “Seminário sobre Recursos Hídricos e Agricultura”, realizado no dia 2 de outubro, na FAPESP.

O evento integrou as atividades do 58º Prêmio Fundação Bunge e do 34º Prêmio Fundação Bunge Juventude que, neste ano, contemplaram as áreas de Recursos Hídricos e Agricultura e Crítica Literária. Na área de Recursos Hídricos e Agricultura os prêmios foram outorgados, respectivamente, aos professores Klaus Reichardt, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo (USP), e Samuel Beskow, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

“O Brasil tem problemas de gestão de recursos hídricos porque não há mecanismos, instrumentos, tecnologias e, acima de tudo, recursos humanos suficientemente treinados e com bagagem interdisciplinar para enfrentar e solucionar os problemas de manejo da água”, disse José Galizia Tundisi, pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), convidado a participar do evento.

“É preciso gerar métodos, conceitos e mecanismos aplicáveis às condições do país”, avaliou o pesquisador, que atualmente dirige o programa mundial de formação de gestores de recursos hídricos da Rede Global de Academias de Ciências (IAP, na sigla em inglês) – instituição que representa mais de cem academias de ciências no mundo.

De acordo com Tundisi, as bacias hidrográficas foram adotadas como unidades prioritárias de gerenciamento do uso da água pela Política Nacional de Recursos Hídricos, sancionada em 1997. Todas as bacias hidrográficas do país, contudo, carecem de instrumentos que possibilitem uma gestão adequada, apontou o pesquisador.

“É muito difícil encontrar um comitê de bacia hidrográfica [colegiado composto por representantes da sociedade civil e responsável pela gestão de recursos hídricos de uma determinada bacia] que esteja totalmente instrumentalizado em termos de técnicas e de programas para melhorar o desempenho do gerenciamento de uso da água”, afirmou.


Modelagem hidrológica

Segundo Tundisi, alguns dos instrumentos que podem facilitar a gestão e a tomada de decisões em relação ao manejo da água de bacias hidrográficas brasileiras são modelos computacionais de simulação do comportamento de bacias hidrográficas, como o desenvolvido por Beskow, professor do Departamento de Engenharia Hídrica da UFPel, ganhador da atual edição do Prêmio Fundação Bunge Juventude na área de Recursos Hídricos e Agricultura.

Batizado de Lavras Simulation of Hidrology (Lash), o modelo hidrológico foi desenvolvido por Beskow durante seu doutorado, realizado na Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, com um período na Purdue University, dos Estados Unidos.

“Há vários modelos hidrológicos desenvolvidos em diferentes partes do mundo – especialmente nos Estados Unidos e Europa –, que são ferramentas valiosíssimas para gestão e tomada de decisões relacionadas a bacias hidrográficas”, disse Beskow.

“Esses modelos hidrológicos são úteis tanto para projetar estruturas hidráulicas – pontes ou reservatórios –, como para fazer previsões em tempo real de cheias e enchentes, como para medir os impactos de ações do tipo desmatamento ou mudanças no uso do solo de áreas no entorno de bacias hidrográficas”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, a primeira versão do Lash foi concluída em 2009 e aplicada em pesquisas sobre modelagem de chuva e vazão de água para avaliação do potencial de geração de energia elétrica em bacias hidrográficas de porte pequeno, como a do Ribeirão Jaguará, em Minas Gerais, que possui 32 quilômetros quadrados.

Em razão dos resultados animadores obtidos, o pesquisador começou a desenvolver, a partir de 2011, a segunda versão do modelo de simulação hidrológica, que pretende disponibilizar para os gestores de bacias hidrográficas de diferentes dimensões.

“O modelo conta agora com um banco de dados por meio do qual os usuários conseguem importar e armazenar dados de chuva, temperatura e umidade e uso do solo, entre outros parâmetros, gerados em diferentes estações da rede de monitoramento de uma determinada bacia geográfica e, que permitem realizar a gestão de recursos hídricos”, contou.

Uma das principais motivações para o desenvolvimento de modelos e de simulação hidrológica no Brasil, segundo o pesquisador, é a falta de dados fluviométricos (de medição de níveis de água, velocidade e vazão nos rios) das bacias hidrológicas existentes no país.

É baixo o número de estações fluviométricas cadastradas no Sistema de Informações Hidrológicas (HidroWeb), operado pela Agência Nacional de Águas (ANA), e muitas delas estão fora de operação, afirmou Beskow.

“Existem pouco mais de cem estações fluviométricas no Rio Grande do Sul cadastradas nesse sistema, que nos permitem obter dados de séries temporais de até dez anos”, disse o pesquisador. “Esse número de estações é muito baixo para fazer a gestão de recursos hídricos de um estado como o Rio Grande do Sul.”

Uso racional da água




Beskow e Klaus Reichardt – que também é professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) – destacaram a necessidade de desenvolver tecnologias para usar a água de maneira cada vez mais racional na agricultura, uma vez que o setor consome a maior parte da água doce prontamente disponível no mundo hoje.

Do total de 70% da água encontrada na Terra, 97,5% é salgada e 2,5% é doce. Desse percentual ínfimo de água doce, no entanto, 69% estão estocados em geleiras e neves eternas, 29,8% em aquíferos e 0,9% em reservatórios. Do 0,3% prontamente disponível, 65% são utilizados pela agricultura, 22% pelas indústrias, 7% para consumo humano e 6% são perdidos, ressaltou Reichardt.

“No Brasil, temos a Amazônia e o aquífero Guarani que poderão ser explorados”, afirmou o pesquisador que teve projetos apoiados pela FAPESP.

Reichardt ganhou o prêmio por sua contribuição em Física de Solos ao estudar e desenvolver formas de calcular o movimento de água em solos arenosos ou argilosos, entre outros, que apresentam variações. “Isso foi aplicado em vários tipos de solo com condutividade hidráulica saturada em função da umidade, por exemplo”, contou.

O pesquisador vem se dedicando nos últimos anos a realizar, em colaboração com colegas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tomografia computadorizada para medida de água no solo. “Por meio dessa técnica conseguimos desvendar fenômenos muito interessantes que ocorrem no solo”, disse Reichardt.

Custo da inanição

O evento contou com a presença de Eduardo Moacyr Krieger e Carlos Henrique de Brito Cruz, respectivamente vice-presidente e diretor científico da FAPESP; Jacques Marcovitch, presidente da Fundação Bunge; Ardaillon Simões, presidente da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), e José Antônio Frizzone, professor da Esalq, entre outras autoridades.

Em seu pronunciamento, Krieger apontou que a Fundação Bunge e a FAPESP têm muitas características em comum. “Ao premiar anualmente os melhores pesquisadores em determinadas áreas, a Fundação Bunge revela seu cuidado com o mérito científico e a qualidade das pesquisas”, disse Krieger.

“A FAPESP, de certa forma, também faz isso ao ‘premiar’ os pesquisadores por meio de Bolsas, Auxílios e outras modalidades de apoio, levando em conta a qualidade da pesquisa realizada.”

Brito Cruz ressaltou que o prêmio concedido pela Fundação Bunge ajuda a criar no Brasil a possibilidade de pesquisadores se destacarem na sociedade brasileira por sua capacidade e realizações intelectuais.
“Isso é essencial para se construir um país que seja dono de seu destino, capaz de criar seu futuro e enfrentar novos desafios de qualquer natureza”, disse Brito Cruz. “Um país só consegue avançar tendo pessoas com capacidade intelectual para entender os problemas e criar soluções para resolvê-los.”

Por sua vez, Marcovitch avaliou que o problema da gestão do uso da água no país pode ser enfrentado de duas formas. A primeira parte da premissa de que o país está deitado em berço esplêndido, tem recursos naturais abundantes e, portanto, não precisaria se preocupar com o problema. A segunda alerta para as consequências da inação em relação à necessidade de se fazer gestão adequada dos recursos hídricos do país, como Tundisi vem fazendo, para estimular pesquisadores como Beskow e Reichardt a encontrar respostas.

“[Nós, pesquisadores,] temos a responsabilidade de elevar a consciência da sociedade sobre os riscos e o custo da inação em relação à gestão dos recursos hídricos do país”, disse.


Revista Ecológico